Gatestone, 25 de setembro de 2017
Por Guy Millière.
- Líderes europeus aceitaram a transformação de partes de seus países em territórios inimigos. Eles veem que um desastre demográfico está em andamento. Eles sabem que em duas ou três décadas a Europa será governada pelo Islã.
- Há dez anos, ao descrever o que ele chamou de "os últimos dias da Europa", o historiador Walter Laqueur salientou que a civilização europeia estava morrendo e que apenas antigos monumentos e museus sobreviveriam. Seu diagnóstico era muito otimista. Monumentos antigos e museus serão dinamitados. Não precisa ir longe, basta contemplar o que os partidários encapuzados de preto da "Antifa" - movimento "antifascista" totalmente fascista - estão fazendo com as estátuas nos Estados Unidos.
O ataque terrorista ocorrido em Barcelona provocou a mesma reação suscitada em todos os ataques terroristas de larga escala perpetrados na Europa: lágrimas, orações, flores, velas, ursinhos de pelúcia e declarações públicas de que "o Islã significa paz". Quando grupos de pessoas se aglomeraram para exigir medidas mais duras contra a crescente influência do islamismo nos quatro cantos do continente europeu, eles foram abordados por uma manifestação "antifascista". Muçulmanos organizaram uma demonstração para defender o Islã, eles afirmavam que os muçulmanos que vivem na Espanha são as "maiores vítimas" do terrorismo. O presidente da Federação Espanhola das Sociedades Religiosas Islâmicas, Mounir Benjelloun El Andaloussi, falava em uma "conspiração contra o Islã" ressaltando que os terroristas eram "instrumentos" do ódio islamofóbico. A prefeita de Barcelona, Ada Colau, chorou na frente das câmeras assinalando que a sua cidade continuará sendo uma "cidade aberta" para todos os imigrantes. O governador da Catalunha, Carles Puigdemont usou praticamente as mesmas palavras. O primeiro-ministro espanhol, Mariano Rajoy, conservador, foi o único que ousou identificar, sem rodeios, o terrorismo jihadista. Quase todos os jornalistas europeus disseram que as palavras de Rajoy foram demasiadamente ríspidas.
Os jornais europeus de maior circulação que abordaram o abominável ataque terrorista, mais uma vez procuraram explicações para o que eles continuam chamando de "inexplicável". O principal diário espanhol, El País, ressaltou em um editorial que a "radicalização" é o amargo fruto da "exclusão" de determinadas "comunidades", acrescentando que a resposta deveria ser mais "justiça social". Na França o Le Monde deu a entender que os terroristas querem "incitar o ódio" enfatizando que os europeus devem evitar o "preconceito". No Reino Unido, o The Telegraph explicou que "os assassinos atacam o Ocidente porque o Ocidente é o Ocidente, não por causa do que ele faz" - mas se referiu a "assassinos", não "terroristas" ou "islamistas".
Especialistas em antiterrorismo entrevistados pelas redes de TV realçaram que os ataques, perpetrados em todo o continente europeu a uma velocidade cada vez mais maior, tornar-se-ão mais letais ainda. Eles observaram que o plano original dos jihadistas de Barcelona era o de destruir a Catedral da Sagrada Família e matar milhares de pessoas. Os especialistas papagaiaram que os europeus terão mesmo que aprender a conviver com a ameaça da proliferação de massacres. Eles não apresentaram soluções. Inúmeros deles, mais uma vez, ressaltaram que os terroristas não são muçulmanos de verdade - e que os ataques "não têm nada a ver com o Islã".
Diversos líderes de países da Europa Ocidental tratam o terrorismo islâmico como algo que faz parte da vida cotidiana, que os europeus devem se acostumar - como algum tipo de aberração não relacionada ao Islã. Eles amiúde evitam falar de "terrorismo". Após o ataque em Barcelona, a chanceler alemã Angela Merkel emitiu uma breve manifestação de repúdio em relação a um evento "revoltante". Ela manifestou "solidariedade" ao povo espanhol e seguiu em frente. O presidente francês Emmanuel Macron tuitou uma mensagem de condolências manifestando-se sobre um "trágico atentado".
Por toda a Europa, manifestações de ódio são conscientemente marginalizadas. Conclamações para mobilização ou qualquer mudança séria na política de imigração vem unicamente da classe política descrita com escárnio como "populista".
Até a mais singela das críticas ao Islã suscita imediatamente indignação quase unânime. Na Europa Ocidental, os livros sobre o Islã que estão amplamente disponíveis foram escritos por autores próximos à Irmandade Muçulmana, como Tariq Ramadan. Livros "politicamente incorretos" também existem, mas são vendidos às escondidas, como se fossem contrabando. Livrarias islâmicas vendem apostilas incitando a violência sem sequer esconder o que estão fazendo. Dezenas de imãs, como Abdelbaki Es Satty, suposto arquiteto do ataque em Barcelona, continua pregando com impunidade. Quando são presos, eles são rapidamente liberados.
A submissão reina. O discurso em todo lugar, é que, apesar das crescentes ameaças, os europeus devem viver suas vidas o mais rotineiramente possível. Mas os europeus veem que as ameaças existem. Eles veem que a vida não é nem um pouco normal. Eles veem policiais e soldados nas ruas, proliferação de batidas policiais, controles rigorosos na entrada de teatros e lojas. Eles veem a insegurança por todos os lados. A informação é para que eles ignorem a origem das ameaças, mas eles sabem qual é a origem. Eles afirmam que não têm medo. Milhares em Barcelona gritaram, "No tinc por" ("não temos medo"). A verdade nua e crua é que eles estão morrendo de medo.
Enquetes mostram que os europeus estão pessimistas e acreditam que o futuro será sombrio. As pesquisas de opinião também mostram que os europeus não confiam mais naqueles que os governam, mas estão com a sensação de que eles não têm escolha.
A guinada em suas vidas ocorreu em pouquíssimo tempo, menos de meio século. Antes disso, na Europa Ocidental, um número não muito grande de muçulmanos, alguns milhares, se encontravam no continente europeu - em sua maioria trabalhadores imigrantes de antigas colônias europeias. Eles deveriam ficar temporariamente na Europa, de modo que não foram estimulados a se integrarem.
Foram se multiplicando chegando a centenas de milhares, depois milhões. Sua presença tornou-se permanente. Muitos tornaram-se cidadãos. Pedir-lhes para se integrarem tornou-se inimaginável: a maioria deles parece considerar-se muçulmana em primeiro lugar.
Os líderes europeus desistiram de defender a sua própria civilização. Eles passaram a dizer que todas as culturas deveriam ser vistas da mesma maneira. Ao que tudo indica eles jogaram a toalha.
Os currículos escolares foram alterados. As crianças foram ensinadas que a Europa e o Ocidente haviam saqueado o mundo muçulmano - não que os muçulmanos tivessem, na realidade, invadido e conquistado o Império Bizantino Cristão, Norte da África e Oriente Médio, a maior parte da Europa Oriental, Grécia, Norte do Chipre e Espanha. As crianças foram ensinadas que a civilização islâmica era magnífica e próspera antes que a colonização pressupostamente viesse para devastá-la.
Os estados de bem-estar social, estabelecidos no período pós-guerra, começaram a criar uma grande subclasse de pessoas permanentemente presas na dependência, justamente quando o número de muçulmanos na Europa havia dobrado.
Os bairros de habitação social de repente viraram bairros muçulmanos. O aumento do desemprego em massa - afetando principalmente trabalhadores menos qualificados - transformou os bairros muçulmanos em bairros de desemprego em massa.
Organizadores comunitários vieram dizer aos muçulmanos desempregados que depois de saquearem seus países de origem, os europeus usaram trabalhadores muçulmanos para reconstruir a Europa e agora os estavam tratando como utensílios inúteis.
O crime criou raízes. Bairros muçulmanos se tornaram bairros de alta criminalidade.
Começaram a chegar os pregadores muçulmanos extremistas, reforçando o ódio à Europa. Eles disseram que os muçulmanos devem se lembrar quem eles são, que o Islã deve se vingar. Eles explicaram aos jovens criminosos muçulmanos presos que a violência poderia ser usada para uma causa nobre: a jihad.
A polícia foi instruída a não intervir para não agravar a tensão. As regiões com elevada taxa de criminalidade tornaram-se zonas proibidas, solo fértil para o recrutamento de terroristas islâmicos.
Líderes europeus aceitaram a transformação de partes de seus países em territórios inimigos.
Começaram os distúrbios, líderes fizeram mais concessões ainda. Aprovaram novas leis restringindo a liberdade de expressão.
Quando o terrorismo islâmico atingiu a Europa pela primeira vez, os governantes não sabiam o que fazer. Continuam não sabendo. Eles são prisioneiros de uma situação que eles próprios criaram e que não têm condições mais de controlar. Ao que tudo indica eles se sentem impotentes.
Não tem como eles incriminarem o Islã: isso é ilegal conforme as leis que eles aprovaram. Na maioria dos países europeus, o simples fato de questionar o Islã é tachado de "islamofobia". Isso acarreta em multas pesadas, para não dizer processos ou prisão (como aconteceu com Lars Hedegaard, Elisabeth Sabaditsch-Wolff, Geert Wilders e George Bensoussan). Eles não têm como restabelecer a lei e a ordem nas zonas proibidas: isso exigiria a intervenção do exército e a imposição da lei marcial. Eles não podem adotar as soluções propostas pelos partidos que eles próprios colocaram na oposição à margem da vida política europeia.
Eles não podem sequer fechar as fronteiras, abolidas que foram em 1995 conforme o Acordo de Schengen. O restabelecimento dos controles de fronteira seria dispendioso e levaria tempo.
Parece que os líderes da Europa não têm nem a vontade nem os meios para se oporem ao influxo das ondas de milhões de migrantes muçulmanos da África e do Oriente Médio. Eles sabem que há terroristas se escondendo no meio dos migrantes, mas ainda assim não os checam. Em vez disso, eles recorrem a subterfúgios e mentiras. Criam programas de "desradicalização" que não funcionam: os "radicais", ao que parece, não querem ser "desradicalizados".
Os líderes europeus tentam definir a "radicalização" como sintoma de "doença mental", eles pensam em contratar psiquiatras para resolver o caos. Na sequência eles falam em criar um "Islã europeu", totalmente diferente do Islã existente em qualquer outro lugar da Terra. Eles assumem posturas arrogantes para criar a ilusão de superioridade moral, assim como Ada Colau e Carles Puigdemont fizeram em Barcelona: eles dizem que têm princípios elevados, que Barcelona permanecerá"aberta"aos imigrantes. Angela Merkel se recusa a encarar as consequências da sua política de importar imensos contingentes de migrantes. Ela critica veementemente países da Europa Central que se recusam a adotar a mesma conduta.
Os líderes europeus podem ver que um desastre demográfico está em andamento. Eles sabem que em duas ou três décadas a Europa será governada pelo Islã. Eles tentam anestesiar as populações não muçulmanas com sonhos de um futuro idílico que jamais existirá. Eles dizem que a Europa terá que aprender a conviver com o terrorismo, que não há nada que se possa fazer em relação a isso.
No entanto há muito que se possa fazer, eles simplesmente não querem fazer - isso poderá lhes custar os votos dos muçulmanos.
Winston Churchill disse a Neville Chamberlain: "você teve a oportunidade de escolher entre a guerra e a desonra. Você escolheu a desonra, você terá guerra". A verdade hoje é a mesma.
Há dez anos, ao descrever o que ele chamou de "os últimos dias da Europa", o historiador Walter Laqueur salientou que a civilização europeia estava morrendo e que apenas antigos monumentos e museus sobreviveriam. Seu diagnóstico era muito otimista. Monumentos antigos e museus serão dinamitados. Não precisa ir longe, basta contemplar o que os partidários encapuzados de preto da "Antifa" - um movimento "antifascista" totalmente fascista - estão fazendo com as estátuas nos Estados Unidos.
A Catedral da Sagrada Família de Barcelona foi poupada somente graças ao terrorista trapalhão que não sabia como lidar com explosivos. Outros lugares poderão não ter a mesma sorte.
É praticamente certo que a morte da Europa será violenta e sofrida: parece que ninguém está disposto a detê-la. Os eleitores ainda podem fazer alguma coisa, mas eles terão que fazê-lo agora, depressa, antes que seja tarde demais.
Dr. Guy Millière, professor da Universidade de Paris, é autor de 27 livros sobre a França e a Europa.
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