Balkan Insight, 02 de junho de 2017
Por Ana Maria Touma.
Em meio a uma grave crise diplomática entre os governos moldavo e russo, o presidente pró-russo da Moldávia se aproximou da Rússia – onde reiterou sua posição à adesão da União Europeia e da OTAN.
O presidente pró-Rússia da Moldávia, Igor Dodon, disse que pretende pedir ao Conselho de Segurança da ONU o reconhecimento oficial do status neutro da Moldávia, em uma estratégia para manter a ex-república soviética longe da OTAN e continuar sua política de aproximação com a Rússia.
No meio de uma grande disputa diplomática entre a Moldávia e a Rússia, depois que Chisinau expulsou cinco diplomatas russos por espionagem e, após a Rússia, expulsar cinco diplomatas moldavos em retribuição, Dodon esteve em São Petersburgo na sexta-feira para participar do Fórum Econômico Eurasiático, onde ele estava marcado para falar no mesmo dia.
Sua decisão de participar do Fórum violou uma proibição governamental imposta no início do ano a funcionários que viajavam para a Rússia.
Em uma longa entrevista ao jornal russo Komsomolskaya Pravda, publicado na sexta-feira, Dodon disse que a Moldávia cometeu um erro em 2015 quando assinou seu acordo de associação com a União Europeia.
“Minha posição permanece inalterada, embora algumas pessoas esperem que eu diga alguma coisa em Moscou e outra em Bruxelas. No entanto, sempre disse com franqueza que a assinatura do acordo de associação da União Europeia era um erro”, disse ele.
“Retornar a 2014, foi uma jogada política que foi rentável somente para a União Europeia, e não para a Moldávia”, disse Dodon.
“Nossas forças políticas domésticas precisaram deste acordo para provar durante a campanha eleitora que eles conseguiriam alcançar algo. Mas, do ponto de vista econômico, depusemos as armas, mas perdemos mercado russo”, acrescentou.
Segundo o presidente, as exportações do país caíram pela metade em 2015-2016.
“Nós abrimos o mercado para o fluxo de bens europeus que praticamente 'mataram' os nossos produtores. Dezenas de milhares de empregos foram perdidos e as pessoas estão saindo do país”, disse ele.
“É por isso que o acordo de associação, ou pelo menos sua seção econômica, será examinada quando nós [os socialistas] obtermos a maioria parlamentar”.
Ele também observou que a Constituição da Moldávia estipula que o país é neutro e disse que buscará o reconhecimento dessa neutralidade a nível internacional.
“Falei sobre isso na sede da OTAN em Bruxelas, em fevereiro. Também sugeri a assinatura de um acordo para que a OTAN pudesse confirmar essa ideia – que respeite a neutralidade da Moldávia”, lembrou.
“Não precisamos de uma declaração, precisamos de um documento, idealmente, uma decisão do Conselho de Segurança da ONU de que todos os países reconheçam a Moldávia como sendo um estado neutro, e que os tanques da OTAN não entrarão em nosso território”.
Em uma decisão recente, o tribunal constitucional da Moldávia decidiu que as 2.000 tropas russas mantendo a paz na região separatista da Transnístria eram contra o direito internacional.
O tribunal também disse que o status neutro da Moldávia não exclui a cooperação com outras alianças militares para aumentar as suas capacidades de defesa.
Dodon foi um forte oponente da OTAN que abriu um escritório de contato em Chisinau, embora as autoridades da aliança tenham dito que o escritório, aberto em junho, era apenas para uma missão diplomática e não militar.
Em outra tentativa de se aproximar da Rússia, o PSRM [Partido Socialista da Moldávia] de Dodon assinou um acordo de cooperação com o Partido Rússia Unida de Vladimir Putin em 08 de junho.
O primeiro-ministro russo, Dmitry Medvedev, e a chefe do PSRM, Zinaida Greceanii, também assinarão o documento, depois que as duas formações políticas realizarem consultas em Moscou, um comunicado de imprensa do PSRM, lido na sexta-feira.
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