4 de jun. de 2017

A morte de um comandante do Hezbollah no Iraque obscurece o Oriente Médio e Israel




JP, 04 de junho de 2017. 






Na noite de sexta-feira, o site endereçado no Reino Unido, Al-Araby Al-Jadeed informou que uma fonte próxima ao Hashd Al-Shaabi (PMU), um grupo de milícias xiitas afiliadas ao governo iraquiano, disse que um comandante do Hezbollah foi morto lutando contra o Estado Islâmico no Iraque. 

De acordo com o relatório, Abdul Hamid Mahmoud Shri foi morto junto com quatros outros xiitas perto de Ba'aj por um homem-bomba. O corpo de Shri foi levado através de Najaf para Beirute. 

Este é o terceiro [membro] do Hezbollah morto em batalha no Iraque este ano... o governo iraquiano continua a negar a participação de elementos do Hezbollah nas batalhas de Mosul”, o site observou. 


A morte do combatente do Hezbollah  no Iraque marcaria uma escalada no papel do Irã no Iraque e sua capacidade de unir milícias xiitas alinhadas com a Guarda Revolucionária Iraniana [IRGC]. Esta é mais uma evidência de que o Hezbollah, que já é uma grande força militar no Líbano e na Síria, e tem tentáculos na África e na América do Sul, está expandindo a sua influência no Iraque. 

David Daoud, no site Long War Journal, escreveu em janeiro que o comandante do PMU, Abu Mahdi  A-Muhandis, confirmou a presença do Hezbollah no Iraque. Suas unidades “se beneficiaram muito” do papel do Hezbollah, Muhandis disse ao Al-Mayadeen. De acordo com Dadou, ele também mencionou os dois líderes do Hezbollah Imad Mughniyeh e Mustafa Badreddine, ambos assassinados, pela sua oposição a Saddam Hussein na década de 1980, quando o Muhandis estava lutando ao lado dos iranianos. O Hezbollah desempenhou um papel importante depois de 2003 em instruir milícias xiitas iraquianas, como a brigada Kataib Hezbollah. 

Quando a notícia da morte de Shri veio pelo Twitter na sexta-feira, veio em meio a relatos de uma grande ofensiva do PMU que tinha alcançado a fronteira siro-iraquiana. Os tuítes iniciais alegaram que ele morreu no “deserto da Síria” ou  em “Badiat al-Sham”. O deserto inclui partes do oeste do Iraque, mas as contas dos rebeldes pró-Síria, como o @rSyrianrebels, interpretaram como Shri, que também é confundido como “Abu Mahdi” cujo nome às vezes é escrito Sharri, que foi morto lutando contra o exército sírio livre em Homs. 

A Al-Masdar News, que geralmente é visto como um jornal pró-regime sírio, informou na quinta-feira que Shri “morreu depois de sofrer feridas graves de batalhas contra o Estado Islâmico em Qayrawan na região de Nínive [Iraque]." Parece cada vez mais provável que Shri tenha sido morto na ofensiva do PMU; a época em que houve os relatos de sua morte entre Qairawan e Ba'aj se conecta com o tempo da ofensiva das milícias xiitas nessa área. 

Que o Hezbollah está presente no Iraque não é um fenômeno novo, mas qualquer aumento nas sua suas relações com a UGP dá mais peso hoje, porque as milícias xiitas na Síria e no Iraque estão prestes a se unirem enquanto o regime sírio avança para o leste e o PMU avança para o oeste, preenchendo o vazio deixado pela derrota dos remanescentes do Estado Islâmico. 

Isso potencialmente cria um corredor terrestre entre Teerã e Beirute, o qual os decisores políticos e comentadores vêm alertando. Ele ameaça Israel e mostra que, à medida em que a guerra civil síria termina, a ameaça e o poder do Hezbollah continua a obscurecer a Galileia. A ideia de que o Hezbollah reduziria sua presença na Síria depois da guerra parece remota se estiver desempenhando um papel no vizinho Iraque. 

O Hezbollah é obscurecido pela milícias xiitas no Iraque, que totalizam até 100 mil combatentes. O Hezbollah, de acordo com um estudo de 2014 do Institute for the Study of War, tem apenas 5.000 combatentes e 15.000 reservistas, dos quais centenas já morreram na Síria. 

Então, por que o PMU precisaria da ajuda do Hezbollah em suas batalhas a oeste de Mosul? Não, mas a presença dos comandantes do Hezbollah é simbólica. Shri posou para uma foto com Qasem Soleimani, o chefe da Força Quds da Guarda Revolucionária. Faz parte da política do Irã colocar a sua marca nas operações de Beirute e Bagdá. Grande parte disso existe nas sombras, com rumores de avistamentos de membros ou comandantes do Hezbollah ou fotos postadas em conexão cuja localização é desconhecida, exceto quando são mortos em ação. 

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