23 de mai. de 2017

Filipinas – Duterte declara lei marcial no sul das Filipinas

Rodrigo Duterte. 


Yahoo Philippines e AFP, 23 de maio de 2017. 



Por Mynardo Macaraig



O presidente filipino, Rodrigo Duterte declarou lei marcial nesta terça-feira na região sul de Mindanao, depois de confrontos entre as forças de segurança e militantes ligados ao grupo Estado Islâmico em uma grande cidade de lá. 

O anúncio foi feito pelo seu porta-voz numa conferência de imprensa em Moscou, onde Duterte foi em uma visita oficial, que cumpre um aviso frequentemente repetido pelo presidente de que ele iria pôr em prática o regulamento militar para esmagar as ameaças de segurança. 

A partir das 22:00 horas, horário de Manila (1400 GMT), Duterte declarou lei marcial para toda a ilha de Mindanao”, disse o porta-voz Ernesto Abella na teleconferência nacional. 


Abella disse que a lei marcial estaria em vigor por 60 dias, de acordo com os limites constitucionais sobre o uso da norma militar. 

Mindanao é composto por uma grande ilha de mesmo nome, além de ilhas menores, e a região de cerca de 20 milhões de pessoas representa cerca de um terço do país, principalmente de católicos. 

Abella e o secretário de Defesa Delfin Lorenzana esclareceriam mais tarde a lei marcial aplicada em todo Mindanao. 

Abella disse que Duterte interrompeu sua viagem a Moscou e retornou às Filipinas. 

O anúncio veio depois que as forças de segurança lutaram contra dezenas de pistoleiros ligados ao Estado Islâmico em uma área construída de Marawi, uma cidade de cerca de 200 mil pessoas em Mindanao, na terça-feira. 

Marawi está a cerca de 800 quilômetros (500 milhas) ao sul de Manila, a capital da nação. 

Um policial e dois soldados foram mortos nos confrontos, que começaram quando a polícia e os soldados invadiram uma casa onde eles acreditavam que Isnilon Hapilon, um líder do infame Abu Sayyaf que pratica sequestros e decapitações, estava se escondendo.  

Fotos postadas nas redes sociais por residentes mostram os pistoleiros andando pelas ruas de Marawi e colocando bandeiras pretas que pareciam ser semelhantes as usadas pelo Estado Islâmico.

O Abu Sayyaf, com base nas ilhas mais ao sul de Mindanao, sequestrou centenas de filipinos e estrangeiros desde o início de 1990 para obter resgates. 

Os militantes decapitaram um alemão idoso no início deste ano e dois canadenses no ano passado, depois que as demandas de resgate por muitos milhões de dólares não foram cumpridas. 

Também foram culpados pelos maiores ataques terroristas do país, incluindo um bombardeio de 2004 a uma balsa na Baia de Manila que custou mais de 100 vidas. 

É uma ameaça 

O Departamento de Estado dos Estados Unidos ofereceu uma recompensa de US $ 5 milhões por Hapilon por causa de seus supostos atos terroristas contra cidadãos norte-americanos, incluindo um sequestro em 2001 de três americanos no oeste das Filipinas – dois dos quais foram mortos. 

O outro grupo [islâmico], o grupo Maute envolveu-se repetidas vezes em batalhas mortais com as forças armadas no ano passado em áreas rurais em torno de Marawi. 

Os rebeldes muçulmanos vêm travando uma rebelião desde a década de 1970 por uma pátria independente ou autônoma em Mindanao, com o conflito ceifando mais de 130.000 vidas. 

Os principais grupos rebeldes muçulmanos estão envolvidos em negociações de paz com o governo. 

Mas o Abu Sayyaf, o Maute e outros grupos linha dura afirmam que querem estabelecer um califado islâmico no sul para o Estado Islâmico, de acordo com analistas de segurança. 

A luta nessa terça-feira aconteceu seis semanas depois que os militares frustraram uma tentativa de sequestro em massa pelo Abu Sayyaf na ilha central de Bohol. 

Os Estados Unidos e outros governos ocidentais também alertaram este mês que os terroristas planejavam sequestrar estrangeiros em pontos turísticos do centro das Filipinas, acrescentando a longos avisos de ameaças de sequestro em Mindanao. 

Duterte, de 72 anos, conhecido internacionalmente por travar uma guerra contra as drogas que já matou milhares de vidas [traficantes e não traficantes], já disse em várias ocasiões desde que assumiu a presidência no ano passado que estava preparado para declarar lei marcial nacionalmente e em Mindanao. 

Se eu declarar lei marcial, vou acabar com todos os problemas, não apenas das drogas”, disse Duterte em março. 

No entanto, Abella e Lorenzona enfatizaram nessa terça-feira que a lei marcial nesta ocasião permaneceu restrita a Mindanao. 

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