Gatestone, 09 de janeiro de 2017.
Por Judith Bergman
- "É melhor esperarem lá fora. Há somente homens aqui... Neste café, não há diversidade." — Frequentador do sexo masculino de um café em Sevran, na rede de TV France 2.
- "Neste café não há mistura. Estamos em Sevran, não em Paris. Aqui há uma mentalidade diferente. É como em nossa terra natal." — Outro frequentador do sexo masculino de um café em Sevran, na rede de TV France 2.
- Parece que as mulheres "foram apagadas", dos cafés e das ruas. "De modo que agora, para evitarem as ameaças e serem pressionadas, elas se autocensuram e ficam em silêncio." — Caroline Sinz jornalista da rede de TV France 2.
- Esta islamização vem sendo alimentada e fortalecida por pesados investimentos vindos do Catar - particularmente em mesquitas - na França durante os últimos cinco anos, cujo montante gira hoje em torno de US$22 bilhões.
- "Há uma forma equivocada de moralidade, muitas vezes exercida por grupos minoritários sobre a maioria, o que leva ao fato do espaço público, supostamente pertencente a homens e mulheres, ser proibido para as mulheres." — Pascale Boistard, ex-Ministro dos Direitos da Mulher da França
- Os ministros franceses fingem estarem surpresos e indignados com o fato das mulheres desses subúrbios terem sucumbido ao terror incessante perpetrado contra elas e pelo fato delas estarem sumindo das ruas.
Mulheres estão literalmente desaparecendo de cafés e bares em determinados subúrbios predominantemente muçulmanos na França, de acordo com recentes filmagens tomadas por uma câmera escondida, transmitidas pela rede France 2. O vídeo destaca duas ativistas Nadia Remadna e Aziza Sayah do grupo La Brigade des Mères (Brigada da Mães), que luta pelos direitos das mulheres, entrando em um café no subúrbio parisiense de Sevran, onde foram recebidas com hostilidade e certa perplexidade por parte dos clientes exclusivamente masculinos. Um deles lhes disse: "é melhor esperarem lá fora. Há somente homens aqui... Neste café, não há diversidade."
Outro cliente lhes disse: "neste café não há mistura. Estamos em Sevran, não em Paris. Aqui há uma mentalidade diferente. É como em nossa terra natal..."
Na periferia de Lyon a repórter de TV Caroline Sinz conversou com uma adolescente que afirmou que está com medo de sair de casa e que usa roupas largas, sem nenhuma maquiagem para evitar ser visada pelos muçulmanos da redondeza.
Nas palavras de Sinz, parece que as mulheres "foram apagadas", dos cafés e das ruas. Sinz prossegue explicando que as mulheres nestas regiões costumavam protestar contra o status quo, mas agora
"Elas estão amedrontadas, já se manifestaram em inúmeras cidades onde foram insultadas e agredidas... De modo que agora, para evitarem as ameaças e serem pressionadas, elas se autocensuram e ficam em silêncio".
Axelle Lemaire, Ministra Francesa para Assuntos Digitais é também a primeira autoridade do governo a tecer comentários sobre o vídeo, ressaltou que as imagens mostram um caso "intolerável" e "ilegal" de "discriminação contra as mulheres". No entanto, sem perder tempo acrescentou que não se tratava de religião, afirmando que as comunidades muçulmanas da França não devem ser responsabilizadas pelo ocorrido.
O comentário de Lemaire sobre religião revela, mais uma vez, a ignorância deliberada que tantos no establishment político da Europa mostram quando da recusa em lidar com os problemas da islamização. Sevran faz parte do distrito de Seine-Saint-Denis, uma região habitada por mais de 600.000 muçulmanos de uma população de 1,4 milhões de habitantes. Já em 2011, o estudo "Banlieue de la République"("Subúrbio da República") de Gilles Kepel, cientista político e especialista altamente respeitado em assuntos sobre o Islã, mostrou que Seine-Saint-Denis, bem como outros subúrbios, foram se tornando sociedades islâmicas paralelas, cada vez mais afastadas do restante da sociedade francesa. O fato das mulheres terem desaparecido das ruas de Sevran não pode ser dissociado da islamização dessas sociedades.
Esta islamização vem sendo alimentada e fortalecida por pesados investimentos vindos do Catar - particularmente em mesquitas - na França durante os últimos cinco anos. Atualmente estes investimentos giram em torno de US$22 bilhões. Os investimentos em mesquitas é a maneira do Qatar, ao que tudo indica, espalhar o wahhabismo/salafismo - uma forma particularmente radical do Islã - nos quatro cantos da terra.
A Lei Islâmica (Sharia) é bastante clara no tocante ao papel da mulher no Islã. Seria muito interessante se os políticos franceses abrissem um Alcorão antes de pronunciarem que os recentes eventos "nada têm a ver com o Islã". O Alcorão afirma que uma esposa deve obedecer seu marido em todas as coisas (Alcorão 4:34)(1) e que seu papel é em casa, onde ela deve, de preferência ficar, a menos que ela tenha uma missão legítima para cumprir fora de casa (Alcorão 33:33).(2) Em países onde a sharia é a lei do país, como na Arábia Saudita, a mulher não pode sair de casa sem a permissão do marido.
Considerando o papel subserviente das mulheres conforme dita a Lei Islâmica (Sharia), trata-se apenas de uma evolução natural que esses subúrbios franceses acabem se islamizando e o fato de lugares em que a sharia é tida em alta estima já se assemelharem à Arábia Saudita. Os efeitos cumulativos da islamização, financiados com dinheiro e influência do Qatar, só podem mesmo surpreender as elites políticas e culturais que obstinadamente se recusam em reconhecer e lidar com a realidade.
Outro político francês, o ex-ministro do trabalho Eric Woerth ressaltou que o vídeo "esfaqueia o coração da República. O coração da República é a igualdade entre homens e mulheres". Mas não se trata de uma declaração emotiva de "liberté, égalité, fraternité" um tanto quanto tardia? Onde é que esses políticos estavam? No ano passado Pascale Boistard, na época Ministro dos Direitos da Mulher da França, assinalou em uma entrevista:
"Há regiões em nosso território onde as mulheres não são aceitas, onde elas não são respeitadas e onde elas são praticamente obrigadas a viverem com este fato como se fosse um aborrecimento da vida cotidiana. E ao que tudo indica, todos parecem achar que isso é mais ou menos normal... Em muitos bairros, as mulheres podem ficar somente em determinadas áreas (hall de entrada, a área de saída da escola...) e virtualmente ausentes de outros como por exemplo recintos desportivos ou lugares dedicados a entretenimento. É normal que em determinados cafés não seja possível encontrar nenhuma mulher? Há uma forma equivocada de moralidade, muitas vezes exercida por grupos minoritários sobre a maioria, o que leva ao fato do espaço público, supostamente pertencente a homens e mulheres, ser proibido para as mulheres".
A submissão, humilhação e aterrorização de mulheres nos subúrbios vêm acontecendo há décadas, debaixo dos narizes dos políticos que alegam se preocuparem com os direitos das mulheres e com "o coração da República", mas preferem viver na ignorância. Em 2002 a já falecida autora de "Dans l'enfer des tournantes"("Ida e Volta do Inferno"), Samira Bellil descreve como era a sua vida como adolescente nos subúrbios no final dos anos de 1980, como o título sugere, puro inferno. Em uma conversa com a revista Time em 2002 ela ressaltou: "a partir do momento que uma menina sai de casa, os caras acham que têm o direito de julgá-la e tratá-la de forma diferente. Em casos extremos isso leva à violência e à agressão". Bellil foi inúmeras vezes vítima de estupros coletivos cometidos por jovens muçulmanos porque a conheciam e a visavam, porque "qualquer menina da vizinhança que fuma, usa maquiagem ou roupas atraentes é uma prostituta". Naquela época a revista Time ainda reportou o seguinte:
"a polícia reluta em patrulhar as regiões por medo da violência. Resultado: civilidade e ordem em muitas periferias simplesmente se esfarelaram e bandos de jovens sentem que podem atacar as mulheres com impunidade..."
Isso aconteceu há quinze anos.
No mesmo artigo a Time também entrevistou Fadela Amara, líder da organização Ni Putes ni Soumise ("Nem Putas Nem Submissas") que faz campanha para que as mulheres tenham condições de viver vidas modernas e normais. Amara salientou que desde 1992 as mulheres que residem nos subúrbios da França têm que lidar com a disseminação da influência do fundamentalismo islâmico:
"Nos últimos 10 anos a condição da mulher nas preferias se deteriorou radicalmente... Estamos testemunhando o aumento dos insultos contra mulheres jovens que usam jeans, um aumento de casamentos forçados ou arranjados, mais mulheres jovens que são obrigadas a abandonarem a escola além de maior incidência da poligamia".
Quinze anos depois os ministros franceses fingem estarem surpresos e indignados com fato das mulheres desses subúrbios terem sucumbido ao terror incessante perpetrado contra elas e pelo fato delas estarem sumindo das ruas.
Judith Bergman é escritora, colunista, advogada e analista política.
(1) Alcorão 4:34: "Alá fez os homens superiores às mulheres porque Alá preferiu alguns a outros, e porque os homens gastam a sua riqueza para mantê-las. Portanto, as mulheres virtuosas são obedientes, e elas devem guardar as suas partes escondidas do mesmo modo que Alá as guarda. Com respeito às mulheres que você receie irão se rebelar, chame a atenção delas primeiro, e depois as mande para uma cama separada, e então bata nelas. Mas se elas forem obedientes depois disso, então não faça mais nada".
(2) Alcorão 33:33: "E permanecei tranquilas em vossos lares, e não façais exibições, como as da época da idolatria; observai a oração, pagai o zakat, obedecei a Alá e ao seu Mensageiro, porque Alá só deseja afastar de vós a abominação (do pecado), ó membros da Casa (do Profeta), bem como purificar-vos (integralmente)".
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