Euronews, 18 de novembro de 2016.
O partido do governo turco inflama as críticas das organizações de defesa dos direitos humanos, ao propor uma amnistia para certas pessoas condenadas até hoje por crimes sexuais.
O projeto-lei, aprovado em primeira leitura no parlamento, prevê a suspensão das penas por violação de menores, caso os agressores aceitem casar-se com as vítimas.
O primeiro-ministro Binali Yildirim defendeu a proposta:
“Os que se casaram com menores, não conhecem a lei, têm filhos e o pai vai para a cadeia e as crianças ficam sozinhas com a mãe. Há pelo menos três mil famílias nesta situação. Esta lei pretende eliminar esta vitimização de uma vez por todas”, afirmou o chefe de governo.
Para os opositores, o projeto-lei representa, de uma legalização da violação, a um reconhecimento do casamento de menores.
O matrimónio com adolescentes com menos de 18 anos é ilegal na Turquia, embora seja praticado em cerimónias religiosas, em especial nas zonas rurais do país.
Em Istambul, uma residente afirma:
“Estou muito assustada com o futuro.Se continuarmos assim, as mulheres vão estar numa situação cada vez mais difícil, que pode mesmo acabar na prisão, se uma mulher casada com o violador decidir matá-lo”.
A proposta, que suscitou vários protestos no país, deverá ser submetida a uma votação final no parlamento, na próxima terça-feira.
O debate ocorre num momento em que o presidente turco admitiu igualmente a possibilidade do país poder voltar a impor a pena de morte.
Ancara encontra-se sob pressão internacional na sequência da purga do governo que levou milhares de pessoas à cadeia, acusadas de cumplicidade com o golpe militar falhado de julho.
Alguns responsáveis europeus exigiram já a suspensão das negociações da adesão da Turquia à UE, quando o respeito dos Direitos Humanos e do Estado de Direito é um dos critérios essenciais para aceder ao bloco comunitário.
Artigos recomendados:
Nenhum comentário:
Postar um comentário