Expresso, 23 de novembro de 2016.
Por Joana Azevedo Viana.
O governo de Juan Manuel Santos diz que o novo acordo, a ser assinado na quinta-feira, vai ser levado a votação no Congresso, mas não a referendo popular. O anterior acordo para pôr fim aos 52 anos de conflito interno foi chumbado pela maioria dos colombianos que foram às urnas em outubro
Governo colombiano informou esta quarta-feira que vai assinar amanhã um novo acordo de paz com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC) após o anterior acordo alcançado com os rebeldes ter sido chumbado por mais de 50% dos eleitores que foram às urnas em outubro decidir o futuro político do país em referendo. O novo acordo, diz o Presidente Juan Manuel Santos, será levado a votação no Congresso mas não será sujeito a um novo voto popular.
Os opositores ao anterior acordo, entre eles o ex-Presidente da Colômbia Álvaro Uribe, dizem que o novo acordo alcançado com as FARC continua a não prever punições suficientes para os rebeldes que cometeram abusos de direitos humanos durante os 52 anos de conflito armado, que provocou mais de 260 mil mortos e muitos mais deslocados internos.
Num discurso transmitido na televisão estatal na terça à noite, o Presidente, que foi laureado com o Nobel da Paz deste ano pelos seus esforços para enterrar o conflito civil, disse aos cidadãos que têm agora "uma oportunidade única de encerrar este capítulo doloroso da nossa História que tem enlutado e afligido milhões de colombianos durante meio século". O acordo original, que Uribe e os seus apoiantes ditaram demasiado favorável aos rebeldes, foi assinado por Santos e pelo chefe da guerrilha, Timoleón Jiménez, nome de guerra Timochenko, numa cerimónia no final de agosto, sob fortes aplausos da comunidade internacional, mas para "surpresa" de muitos acabou a ser rejeitado por uma maioria qualificada da população no referendo de 2 de outubro.
Desde então, membros das FARC e negociadores do Governo de Santos estiveram a trabalhar afincadamente num novo projeto de paz que viu o acordo original ser alterado mais de 50 vezes na tentativa de convencer os colombianos mais conservadores e anti-FARC a aceitarem-no. Os opositores como Uribe dizem que as alterações foram mera cosmética.
Santos já deixou claro que não existe mais margem para negociações, depois de o seu antecessor ter exigido um encontro com a liderança das FARC para expôr as suas preocupações. "Este novo acordo não deverá agradar a todos mas é isso que acontece com os acordos de paz", disse o Presidente em funções. "Haverá sempre vozes críticas, isso é compreensível e respeitável", acrescentou, informando os colombianos de que o acordo só será levado a votação no Congresso, atualmente controlado pela coligação liderada por Santos.
Artigos recomendados:
Nenhum comentário:
Postar um comentário