DN, 19-20 de outubro de 2016. Brasília-Lisboa.
Presidente das Filipinas decidiu investir na aproximação à China em detrimento dos EUA, disse durante um fórum económico
O presidente das Filipinas anunciou esta quinta-feira, em Pequim, "a separação dos Estados Unidos", aliado tradicional do arquipélago, e uma aproximação da China.
"Anuncio a minha separação dos Estados Unidos", declarou Rodrigo Duterte durante um fórum económico, desencadeando os aplausos do público.
Duterte realiza uma visita de Estado de quatro dias à China, acompanhado por uma delegação de 400 membros.
O relacionamento entre os dois países registou, nos últimos anos, uma forte deterioração na sequência do diferendo sobre a soberania de ilhas no mar do Sul da China.
Rodrigo Duterte afirmou querer "adiar (este dossier) para outra altura" para dar prioridade à cooperação económica, e declarou na televisão chinesa procurar "a ajuda" do grande vizinho neste domínio.
Essa posição foi saudada pela China, cujo presidente, Xi Jinping, recebeu Duterte no Palácio do Povo, na praça Tiananmen.
"É importante tratar com diálogo e consultas bilaterais as divergências sobre a questão do mar do Sul da China", declarou Xi, citado pelo ministério dos Negócios Estrangeiros chinês.
O chefe de Estado chinês afirmou estar pronto a "deixar temporariamente de lado as questões difíceis".
Duterte qualificou a reunião com Xi Jinping de histórica: "Ela vai melhorar e desenvolver as relações entre os nossos dois países", considerou.
A disputa territorial no mar do Sul da China (pelo atol de Scarborough ou ilhas do arquipélago das Spratly) tem estancado as relações bilaterais nos últimos anos.
A tensão agravou-se em 2012 depois de Pequim ter ocupado áreas que Manila considera parte da sua zona económica exclusiva. E, no ano seguinte, as Filipinas iniciaram um procedimento contra a China junto Tribunal de Arbitragem Permanente.
O tribunal internacional, com sede em Haia, deu razão às Filipinas em julho último.
Apesar do veredicto favorável, Rodrigo Duterte, que tomou posse em junho, decidiu deixá-lo de parte e reiniciar o diálogo bilateral com a China, tal como quer Pequim.
"As raízes dos nossos laços são muito profundas e não podem ser danificadas facilmente", disse Duterte, que deixou claro, na noite de quarta-feira, o objetivo da sua visita oficial à China: "Tudo o que quero são negócios".
A visita de Duterte à China - a primeira que realiza ao estrangeiro à margem da cimeira da Associação de Nações do Sudeste Asiático (ASEAN) - reflete o interesse do atual Presidente filipino em aproximar-se de Pequim, enquanto multiplica as críticas aos Estados Unidos, o seu principal parceiro comercial e de apoio no domínio da segurança no último século.
Criticado pelos Estados Unidos, UE e ONU pela campanha anticriminalidade, que já fez mais de 3700 mortos - indica uma contagem oficial - Duterte pode contar com o apoio da China.
Pequim "apoia o novo governo filipino na luta contra a droga, terrorismo e criminalidade, e está disposto a cooperar com Manila nestas questões", disse o ministério dos Negócios Estrangeiros chinês.
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