“O diretor-executivo do Centro para a Segurança da Sociedade Livre (SFS) Joseph Humire revelou a realidade das atividades libanesas do Hezbollah na América Latina, e como o Irã está usando suas embaixadas como centros de inteligência.”
Isso não é nada de novo sobre o Irã, que tem um longo histórico de usar suas embaixadas no exterior, como plataformas para lançar as suas ambições jihadistas. Isto inclui a sua Força Quds.
O Hezbollah “opera em dois níveis na América Latina – em um nível licito e ilícito”; no nível ilícito através do tráfico de drogas, seres humanos e armas, e no nível “lícito” através da divulgação de suas redes através de centros islâmicos e mesquitas.
O relatório a seguir descreve a expansão do regime jihadista iraniano na América Latina, voltando a 2013, o relatório de 500 páginas feito por um procurador da República da Argentina delineou a extensão do terrorismo iraniano e sua rede de inteligência na “Argentina, Brasil, Paraguai, Uruguai, Chile, Colômbia, Guiana, Trinidad Tobago e Suriname e em outros lugares.”.
Enquanto isso, Obama assinou um acordo em que ele abertamente admitiu que “será usado para financiar grupos terroristas com bilhões de dólares descongelados sob o acordo nuclear.”
Por quê? Porque Obama insistiu que o acordo ainda era a melhor maneira de manter os Estados Unidos fora de outra guerra no Oriente Médio. O Irã continua e continuará a expandir a sua capacidade de terror, com pouco para pará-lo agora.
O Canadá também tem a intenção de reabrir a embaixada do Irã em Ottawa, facilitando os objetivos do Irã de continuar a sua expansão na quinta coluna no Canadá, e “mobilizando partidários da República Islâmica para se infiltrar no governo canadense para atacar os Estados Unidos.”
Por que reabri-la? Para melhorar os chamados laços “diplomáticos” com o Irã, como se isso fosse possível.
Eis a mentalidade liberal que rege o continente norte-americano, e abre o caminho para o maior Estado patrocinador do terrorismo no mundo.
Jihad Watch, 26 de agosto de 2016.
Por Christine Williams.
Joseph Humire: as embaixadas do Irã na América Latina funcionam como centros de inteligência.
Asharq Al-Awsat, 26 de agosto de 2016.
Por Luisa Polido.
Coincidindo com a visita do ministro do Exterior do Irã, para a América do Sul, analistas especializados em assuntos de segurança e luta contra o terrorismo, disseram que a consolidação das relações com o Irã é uma extensão da força do grupo terrorista libanês Hezbollah no continente.
Em uma entrevista exclusiva com a Asharq Al-Awsat, o diretor executivo do Centro para a Segurança da Sociedade Livre (SFS) Joseph Humire revelou a realidade das atividades libanesas do Hezbollah na América Latina com o Irã usando suas embaixadas como centros de inteligência.
Como o Hezbollah opera na América Latina?
O Hezbollah opera em dois níveis na América Latina – em um nível ilícito e licito. No primeiro nível, ilícito, o Hezbollah opera através de uma variedade de empresas de fachadas – e nos negócios ilícitos usando lavagem de dinheiro e transporte de drogas da América Latina para a África e o Oriente Médio. Um bom exemplo é a A Operação Titan, um caso de dois anos em que agentes colombianos e americanos trabalhando juntos e descobriram uma rede de milhões de dólares de quadrilhas de tráfico de cocaína em 2008, que levou à detenção de 130 indivíduos, ou seja, Ayman Joumaa que é tido como o chefão do Hezbollah. Mais recentemente, o DEA identificou mais indivíduos e entidades dentro da rede empresarial e bancária do Hezbollah por meio do Projeto Cassandra. O pano de fundo é que o Hezbollah está intrinsecamente envolvido no ilícito: (tráfico de seres humanos, armas, narcóticos) redes de tráfico por toda a América Latina.
Em segundo lugar, no nível licito, o Hezbollah está presente em várias comunidades islâmicas em toda a região, ou seja, comunidades síria e libanesa, onde se estabelecem através de centros islâmicos e mesquitas. Os irmãos Yousseff e Barakat da Área da Tríplice Fronteira são exemplos disto, ambos exportados de suas redes para outros países (ou seja, Chile e Brasil, respectivamente). Estas redes agora têm se espalhado pelo norte até El Salvador e México. Através destas comunidades que arrecadam dinheiro para o Hezbollah, ou mais adequadamente para o seu ramo em sua terra natal (Líbano) estabelecendo redes de logísticas e células adormecidas estrategicamente posicionadas em toda a região. Estas comunidades são também a forma como o Hezbollah se comunica para colaborar com o Irã na América Latina.
Por quanto tempo eles têm estado na América Latina?
O Hezbollah tem estado na América Latina desde que foi fundado no início de 1980, e estava radicado originalmente na Área da Tríplice Fronteira (Brasil, Paraguai, Argentina) e em cidades vizinhas do Cone Sul da América do Sul. Ao longo do tempo, eles constantemente se espalharam para o norte na América Central e no Caribe e agora tem uma presença no México também. O Hezbollah tem estado na América Latina há mais de 30 anos.
Quais os países em que se encontram?
O Hezbollah está em praticamente todos os países da América Latina. Seria mais fácil perguntar em quais países o Hezbollah não está operando, mas pode ser porque simplesmente não sabemos de sua presença naquele país, o que não significa necessariamente que ele não esteja lá. O norte do Caribe (República Dominicana, Porto Rico, Haiti, etc) é uma área onde eu não tinha detectado uma presença pesada do Hezbollah, embora eles estejam em Cuba. A sua presença mais pesada eu diria que é na Venezuela, Panamá, Colômbia e Brasil, mantendo uma presença significativa no TBA, ou seja, Paraguai.
Como é que o terrorismo iraniano opera na América Latina?
O Irã patrocina o terrorismo na América Latina, apoiando o Hezbollah e outros grupos terroristas através de suas diversas embaixadas em toda a região. As embaixadas do Irã na América Latina funcionam mais como centros de inteligência do que como postos diplomáticos, que fornecem comando e controle sobre algumas das redes do Hezbollah na região. O Playbook tático para o ataque à AMIA em 1994 na Argentina é o melhor exemplo de como esta rede funciona, e como o Irã e o Hezbollah coordenam a realização de ataques terroristas. O que você aprendeu com o estudo do caso AMIA é que as embaixadas iranianas usam o intercâmbio cultural e comercial com os países latino-americanos para inserir sua inteligência (MOIS) e agentes militares (IRGC), que, em seguida, aumentam suas redes e do Hezbollah, bem como o aumento do apoio logístico e financeiro.
Como exemplo, antes do ataque à AMIA o Irã precisava estender suas ligações comerciais mais importantes na região, que se estende atualmente da Argentina até o Brasil: o comércio de carne bovina. Ao introduzir o processo Halal (permitido) na América Latina, o Irã estabeleceu a cobertura perfeita para as suas operações secretas.
De acordo com a lei islâmica, toda a carne importada para o Irã deve ter certificado Halal, assim, o Irã criou empresas de certificação Halal na Argentina para enviar inspetores que acabaram por ser agentes de inteligência que preparam o ataque à AMIA. Mohsen Rabbani, o clérigo iraniano infame acusado de ser o mandante do ataque à AMIA na Argentina, inicialmente entrou no país como inspetor de carne Halal.
No Brasil, SFS pesquisou esta rede de empresas de carne Halal extensivamente e encontrou um “consulado” iraniano fantasma que foi registrado oficialmente em São Paulo, mas não forneceu quaisquer serviços consulares. Este consulado foi registrado no mesmo endereço com várias outras empresas de certificação Halal iranianas, o que nos levou a acreditar que o mesmo tipo de nexo cultural, comercial e diplomático utilizado antes do ataque à AMIA na Argentina está atualmente ativo no Brasil. Hoje, há atividades similares ocorrendo na Colômbia e no Peru.
São alguns estados latino-americanos apoiadores do terrorismo? Por quê? E quais países?
O Irã tem feito incursões significativas nos países que pertencem à Aliança Bolivariana das Américas (Cuba, Venezuela, Bolívia, Nicarágua, Equador, El Salvador e alguns países do Caribe). Estes países oferecem apoio ao Estado e à rede do Irã, tanto as suas redes formais quanto suas entidades clandestinas. Mais de 75% dos acordos bilaterais que o Irã assinou com a América Latina e com países específicos, três deles levantaram uma nova embaixada iraniana na última década.
Com relação ao terrorismo, esses países têm suas próprias redes (ou seja, os cocaleiros na Bolívia, os Coletivos na Venezuela, e etc). Os que se beneficiaram da experiência com o Irã nesta área. Por exemplo, a milícia Basij do Irã ajudou a treinar os coletivos da Venezuela sobre comunicação clandestina antes de sua repressão aos vários movimentos estudantis em 2014. Em troca, esses países da ALBA proporcionaram vários benefícios para o Irã, mais notavelmente nos serviços de imigração. Mais uma vez a Venezuela é um caso em questão.
De 2008 a 2012, nossas pesquisas na SFS identificaram pelo menos 173 indivíduos do Irã, Iraque, Líbano, Síria ou Jordânia que receberam passaportes falsos, vistos ou certidões de nascimento da Venezuela. Isso significa que esses países da ALBA criaram um gasoduto de inteligência e de imigração que fornece cobertura e camuflagem para alguns agentes iranianos e do Hezbollah, para se moverem livremente e sem serem detectados em toda a região.
Além do terrorismo, estes países da ALBA também estabeleceram laços militares com o Irã. Na Venezuela, o Irã tem programas de mil-mil estratégicos importantes com a indústria militar da Venezuela (Cavim). Na Bolívia, o Irã ajudou a financiar a escola de defesa regional da ALBA em Warnes, perto de Santa Cruz. No Equador, estabeleceram uma rede bancária que está intimamente ligada ao banco central do país. Na Nicarágua, o Irã está presente dentro dos círculos militares e em Cuba, eles têm a sua relação mais duradoura na América Latina com os irmãos Castro. Eu acredito que a presença do Irã na América Latina foi além de apoiar o terrorismo (embora ainda é uma preocupação) e entrou em uma nova fase de engajamento militar e paramilitar.
Países não pertencentes a ALBA têm medo da relação entre o Irã e a ALBA?
Sim, mas não apenas por causa da relação do Irã com a ALBA [o que deveriam], mas também porque o Irã tem se concentrado nos países não pertencentes à ALBA como seu alvo principal nos últimos anos. O México, Brasil e Argentina, sendo os maiores países da região em termos de PIB seriam o melhor prêmio geopolítico do Irã na América Latina e, como tal, a República Islâmica tem incidido sobre esses países. Além disso, Colômbia, Chile e Peru, também têm sido o foco para o Irã por causa de seu status como membros da Aliança do Pacífico.
A relação que o Irã tem com os países da ALBA é um fator importante a respeito de porque o Irã tem sido capaz de expandir exponencialmente a sua presença regional. O Irã pode facilmente usar os seus laços com a ALBA como uma influência de força substituta da América Latina e fazer a sua jogada. Neste sentido, a atividade do Irã na Venezuela pode ser muito desestabilizadora para a Colômbia que tem relações fronteiriças tensas com aquele país.
Na Bolívia, a atividade do Irã poderia aumentar as tensões com o Chile sobre o acesso ao oceano. Estes tipos de conflitos são os que o Irã pode utilizar para manter o controle na região. Não é diferente de como ele opera no Oriente Médio, subvertendo os governos do Iraque, Síria, Turquia, e cada vez mais o Bahrein, e em seguida, usando os governos para levar acabo ações favoráveis aos interesses estratégicos do Irã.
O uso de redes de influência do Irã no Iêmen é outro exemplo de um método diferente de controle da população no qual tem-se especializado. Estes mesmos métodos e as mesmas especialidades é o motivo pelo qual o Irã tem sucesso na América Latina, e a maioria dos governos regionais nem sequer percebem que eles estão fazendo isso.
Em essência, se o Irã adquiri legitimidade global se torna mais fácil para ele se infiltrar e subverter países alvo em todo o mundo. O acordo nuclear com o P5+1 forneceu essa legitimidade e agora está sendo capitalizado na América Latina com a visita atual do ministro iraniano Zarif aos países da ALBA e o Chile. O Irã provou ser capaz de fazer isso no Oriente Médio, e está agora mostrando que é capaz de fazer isso na América Latina.
Como é que os cartéis de drogas operam com o Hezbollah? Em quais outras atividades eles se comprometem na América Latina?
Os cartéis de drogas dependem do Hezbollah para o transporte de seus produtos através da África para a Europa e o Oriente Médio. Embora não seja exclusivamente uma prática do Hezbollah, o grupo terrorista libanês tem dominado certas rotas que se tornaram essenciais para os cartéis de drogas obter os seus produtos nos mercados orientais. O Hezbollah também estabeleceu uma rede empresarial e bancária impressionante que pode lavar enormes somas de dinheiro o que é muito útil para os cartéis de drogas na região.
O Hezbollah obteve a proteção de alguns países latino-americanos? Ele pode usar essa proteção para fortalecer e atacar outros países?
Sim, embora não está claro até que ponto. É claro que a Venezuela tem fornecido apoio de Estado em termos de imigração e bancário para o Hezbollah, mas não está claro em que outras áreas. Mas está claro que o Hezbollah tem estabelecido “zonas seguras” em lugares como a Ilha Margarita e Ciudad Bolivar...
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