Theresa May e Nicola Sturgeon |
DN, 16 de julho de 2016.
Por Helena Tacedeiro.
Primeira-ministra escocesa recebeu a chefe do governo de Londres. Theresa May recordou que é líder de todos os britânicos
Apenas 36 horas depois de ser nomeada primeira-ministra britânica, Theresa May foi ontem à Escócia. Com Bruxelas a pressioná-la para acelerar o processo de saída da União Europeia, a chefe do governo de Londres reuniu-se com a chefe do executivo escocês em Edimburgo, num esforço para evitar que a Escócia aproveite a vitória do brexit para declarar a independência do Reino Unido. No final do encontro, May declarou-o "positivo" e Sturgeon "construtivo". Mas a primeira-ministra escocesa fez questão de sublinhar que seria "inconcebível" Londres tentar bloquear um segundo referendo à independência, depois da vitória do "não" em 2014.
"Penso que seria inconcebível para qualquer primeiro-ministro interpor-se no caminho de um referendo se este for votado pelo Parlamento escocês", explicou Sturgeon aos jornalistas após um encontro de 45 minutos com May. Pouco antes, a primeira-ministra britânica, que na quarta-feira sucedeu no número 10 de Downing Street a David Cameron, garantira que os escoceses já tiveram a sua oportunidade de votar pela independência há dois anos. "Tanto o governo do Reino Unido como o governo escocês disseram que iriam respeitar" a vontade do povo.
À porta da Bute House, May recordou que "o governo que eu lidero representa todas as partes e todas as pessoas do Reino Unido".
Sturgeon, que recebeu May à porta da residência oficial de fato azul e sapatos a condizer (um piscar de olho ao fetiche da nova primeira-ministra britânica, que surgiu por seu lado calçada de vermelho), saudou a disponibilidade de Londres para "considerar todas as opções que o governo escocês queira explorar para garantir a sua relação com a União Europeia".
À frente do governo escocês desde novembro de 2014, quando sucedeu a Alex Salmond após a demissão deste na sequência do referendo, Sturgeon esteve em Bruxelas logo depois da vitória do brexit no referendo de 23 de junho, num esforço para manter a Escócia na UE mesmo depois da saída do Reino Unido.
May adiantou ainda ontem que apesar de Bruxelas querer iniciar as negociações para a saída do Reino Unido o mais rapidamente possível, só irá acionar o artigo 50 do Tratado de Lisboa - que permite a um Estado membro sair da União - quando tiver uma "posição comum" dos vários países do Reino Unido: Inglaterra, Escócia, País de Gales e Irlanda do Norte.
Numa nota mais pessoal, terminado o encontro em Bute House, Sturgeon publicou uma foto sua com May no Twitter com uma mensagem dirigida a todas as jovens: "Políticas à parte, espero que todas as raparigas que olharem para esta fotografia acreditem que não há limites para elas."
Brexit em dezembro de 2018
Num artigo publicado no tabloide The Sun, o novo ministro para a Saída da União Europeia, David Davis, escreveu que Londres só deve iniciar o processo oficial para deixar a UE "no início do próximo ano", estando este finalizado em dezembro de 2018. Antes disso, o Reino Unido terá de fazer acordos comerciais com países de fora da União, explicou Davis, um fervoroso apoiante do brexit.
No centro das negociações estará o acesso do Reino Unido ao mercado comum europeu, que Bruxelas quer condicionar a Londres aceitar a livre circulação de pessoas. Um ponto que promete gerar tensões.
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