Euronews, 14/04/2016.
A Organização para a Cooperação Islâmica tenta ultrapassar as divisões no seu seio em nome da luta contra o terrorismo.
Cerca de 30 chefes de Estado de países muçulmanos, entre os quais os rivais Irão e Arábia Saudita, reuniram-se em Istambul.
Um encontro onde apenas o Egito, de relações cortadas com Ancara, destoou numa tensa foto de família.
A cimeira foi marcada pela proposta do presidente turco de criar uma “Interpol Islâmica” para coordenar a luta antiterrorista, segundo ele, sem passar pelo Ocidente.
“Em vez de esperar pela intervenção de forças exteriores na luta contra o terrorismo e em outras crises, temos que ser nós a produzir as nossas soluções através da aliança islâmica”, afirmou Tayyp Erdogan.
Uma declaração de intenções com que a Turquia espera marcar o início da sua presidência da organização durante os próximos dois anos, apesar das divisões criadas pelo conflito sírio.
Para o analista turco, Ragıp Kutay:
“Tem que haver uma mudança e esta só pode acontecer com mais democracia e sociedade de bem estar. A riqueza do mundo árabe repousa nos seus recursos naturais. Mas quem gere, refina e define as políticas energéticas é o Ocidente. Se não existe um consenso, então é necessário resolver cada problema no mundo islâmico de acordo com os parâmetros ocidentais”.
A reunião em Istambul ocorreu no mesmo dia em que a imprensa turca noticia que Ancara e Washington poderiam reativar o programa de treino de rebeldes moderados na Síria.
Segundo o correspondente da euronews, “A reunião decorreu numa atmosfera de autocrítica, com vários líderes rivais sentados à mesma mesa. Uma forma de tentar, pelo menos, manter o diálogo entre os diferentes países”.
Nota do editorUma Interpol islâmica e o retorno do treinamento aos “rebeldes moderados”, muitos dos quais, diga-se de passagem, nas primeiras vezes em que foram treinados, se debelaram para o lado do Estado Islâmico e da Al-Qaeda, por meio da Frente Al-Nusra. Que tranquilo o mundo seria com uma Interpol Islâmica; vocês já pensaram nessa possibilidade? O que poderia dar errado? Com o Irã, que patrocina o Hezbollah e mune os Houthis ligados à Al-Qaeda no Iêmen, ou a Turquia, que permite que navios zarpem dos seus portos com armas carregadas para irem para a Líbia?
Nenhum comentário:
Postar um comentário