15 de abr. de 2016

Espanha: Cursos sobre o Islã em Escolas Públicas Portão de Entrada para o Islã Radical?

Gatestone, 15 de Abril de 2016.


  • As diretrizes para o ensino do Islã em escolas públicas, redigidas pela Comissão Islâmica da Espanha e aprovadas pelo Ministério da Educação, tem como objetivo despertar o fervor religioso e promover a identidade islâmica nos muçulmanos jovens na Espanha.
  • As diretrizes, que vislumbram o ensino de todos os aspectos da doutrina islâmica, cultura e história, são salpicadas com a terminologia "politicamente correta"... mas o objetivo como um todo é claro: doutrinar jovens com a visão de mundo islâmica.
  • De acordo com as diretrizes, os alunos do pré-primário (de 3 a 6 anos de idade) deverão estudar a profissão-de-fé islâmica, a Shahada, que assevera que "não há outro Deus a não ser Alá e que Maomé é o seu Mensageiro". A Shahada é o portão de entrar para o Islã: para alguém se tornar muçulmano basta repetir a Shahada três vezes na frente de uma testemunha. As crianças também serão estimuladas a "repetir, através de diferentes formas de expressão, os valores observados por Maomé".
  • No ensino fundamental (de 6 a 12 anos), as diretrizes exigem que as crianças "reconheçam Maomé como o último profeta enviado por Alá e aceitem-no como o mais importante dos profetas".




O governo espanhol publicou novas diretrizes no tocante ao ensino do Islã em escolas públicas do pré-primário e do ensino fundamental e médio.

As diretrizes estão sendo aplaudidas como uma medida para evitar que crianças e jovens muçulmanos sejam arrastados para o terrorismo expondo-os a uma interpretação "moderada" do Islã.

Um olhar minucioso nas diretrizes redigidas pela Comissão Islâmica da Espanha e aprovada pelo Ministério da Educação, mostra que o objetivo é despertar o fervor religioso e promover a identidade islâmica nos muçulmanos jovens da Espanha.

O novo plano, considerado o mais ambicioso de toda a Europa, equivale a um programa aprovado pelo governo para introduzir um currículo escolar de estudos islâmicos completo, em escolas públicas, em todo território nacional, quando símbolos religiosos cristãos estão sendo sistematicamente removidos das escolas públicas espanholas pelos agentes oficiais do secularismo.

A despeito dos contribuintes espanhóis pagarem pela educação religiosa de até 300.000 estudantes muçulmanos entre as idades de 3 a 18 anos, não se sabe se as autoridades espanholas irão supervisionar o ensino do Islã nas escolas públicas. O governo concordou em permitir que as organizações muçulmanas locais redijam o plano de estudos dos cursos, escolham os livros de ensino e até determinem quem dará as aulas.

O Ministério da Educação da Espanha publicou, discretamente, as diretrizes no Diário Oficial do Estado (Boletín Oficial del Estado) em 18 de março. O currículo para o ensino do Islã no pré-primário das escolas públicas espanholas pode ser acessado aqui; para o ensino fundamental em escolas públicas aqui; para o ensino médio em escolas públicas aqui.

As diretrizes, que vislumbram o ensino de todos os aspectos da doutrina islâmica, cultura e história, são salpicadas com a terminologia "politicamente correta", os documentos abundam com chavões como coexistência, diversidade, igualdade, direitos humanos, inclusão, integração, educação intercultural, diálogo interreligioso, moderação, pluralismo, liberdade religiosa, respeito e tolerância, mas o objetivo como um todo é claro: doutrinar jovens com a visão de mundo islâmica.

De acordo com as diretrizes, os alunos do pré-primário (de 3 a 6 anos de idade) deverão estudar a profissão-de-fé islâmica, a Shahada, que assevera que "não há outro Deus a não ser Alá e que Maomé é o seu Mensageiro". A Shahada é o portão de entrar para o Islã: para alguém se tornar muçulmano basta repetir a Shahada três vezes na frente de uma testemunha.

O Artigo 6 visa incutir "interesse pelos textos islâmicos, tanto religiosos quanto culturais", para despertar a "curiosidade em relação ao Alcorão na linguagem oral e escrita", além de estudar as "recitações, narrativas e descrições islâmicas".

As crianças deverão desenvolver o "costume de ouvir os textos corânicos e proféticos" e memorizar os "hádices pequenos (relatos sobre as palavras, ações ou hábitos de Maomé) e as histórias corânicas". As crianças também serão estimuladas a "repetir, através de diferentes formas de expressão, os valores observados por Maomé".

No ensino fundamental (de 6 a 12 anos), as diretrizes exigem que as crianças "reconheçam Maomé como o último profeta enviado por Alá e aceitem-no como o mais importante dos profetas". Os estudantes também terão que "recitar a Shahada em árabe e espanhol perfeitos" e "reconhecer que o Alcorão é o guia para toda a humanidade". As crianças "aprenderão certos arabismos na língua espanhola e valorizarão as contribuições linguísticas do Islã para a história da Espanha, usando a linguagem verbal para comunicar emoções e sentimentos".

Estudantes do ensino fundamental "conhecerão exemplos da coexistência de Maomé com não muçulmanos", embora não haja nenhum indício de que os alunos muçulmanos receberão aulas no tocante aos 900 judeus da tribo Banu Qurayza em Medina que Maomé mandou decapitar em 627 d.C.

Os estudantes também terão que "se dar conta que o Islã é uma religião da paz espiritual ou interna, paz social ou comunitária. O profeta nos ensina a viver em paz. O Islã promove soluções para resolver conflitos e desigualdades sociais".

Além disso, as diretrizes convocam os estudantes do ensino fundamental a "compreenderem e explicarem a existência de outras revelações monoteístas de Alá: judaísmo e cristianismo". Mas não está claro se os estudantes estudarão as três instâncias do Alcorão (Suras 2:65, 5:60 e 7:166) nas quais Alá transforma os judeus em macacos e/ou porcos.

No ensino médio (de 12 a 18 anos), as diretrizes convocam os estudantes a "conhecerem, analisarem e explicarem as atitudes afetivas/emocionais de Maomé ao se confrontar com ofensas pessoais, valorizando a solução do conflito". Não está claro se os estudantes estudarão as Suras 5:33 e 33:57-61, que suplicam por maldições contra aqueles que "irritam Alá e seu Mensageiro".

O Artigo 4 chama a atenção dos alunos para que avaliem a "transversalidade no Alcorão e nos Hádices no tocante às relações sociais". O Artigo 4, no entanto, não menciona se os estudantes aprenderão que tanto o Alcorão quanto os Hádices determinam que súditos não muçulmanos (dhimmis) que residem em terras muçulmanas devam pagar uma taxa de proteção conhecida como jizya.

Em um parágrafo que trata do "modelo islâmico para a economia e jurisprudência", os estudantes são convidados a identificarem soluções islâmicas para os problemas mundiais. Eles também são convidados a "analisarem e explicarem os benefícios de empréstimos sem a cobrança de juros (também conhecido como banco islâmico)".

No Artigo 8, os estudantes são convidados a "analisarem os estágios do estabelecimento e da prosperidade da jurisprudência islâmica, a Lei Islâmica (Sharia), durante o esplendor Al-Andalus".

Al-Andalus é o nome árabe dado àquelas regiões da Espanha, Portugal e França ocupadas pelos conquistadores muçulmanos (também conhecidos como Mouros) de 711 a 1492. O Estado Islâmico (ISIS) jurou recorrentemente "libertar" al-Andalus dos não muçulmanos e torná-la parte do seu novo califado islâmico.

As diretrizes também estimulam os estudantes a fazerem uso da Internet para aprenderem mais sobre o Islã, ainda que a Internet esteja desempenhando um papel cada vez mais expressivo no tocante à radicalização de jovens muçulmanos.

O fundamento legal para o ensino do Islã nas escolas públicas espanholas pode ser encontrado no Artigo 27.3 da Constituição Espanhola de 1978, que estabelece que a Espanha é um país não confessional (ou seja: não reconhece uma religião oficial do estado), "o estado garante aos pais o direito de decidirem que seus filhos tenham uma educação religiosa e moral nos conformes de suas próprias convicções". Muçulmanos (e Católicos Romanos) entendem isso, já há muito tempo, que seus filhos têm o direito à educação religiosa nas escolas públicas.

Em novembro de 1992, o governo socialista de Felipe González, com o intuito de acabar com o monopólio da Igreja Católica Romana sobre a educação espanhola, negociou o "Acordo de Cooperação entre o Governo da Espanha e a Comissão Islâmica da Espanha" (Comisión Islámica de España, CIE). O acordo, sancionado pelo rei na Lei 26/1992, reconhece o Islã como religião minoritária na Espanha, garantindo que os "estudantes muçulmanos... recebam educação religiosa islâmica em escolas públicas".

Na mesma linha (também em 10 de novembro de 1992, o governo espanhol aprovou o "Acordo de Cooperação entre o Governo da Espanha e a Federação das Entidades Religiosas Evangélicas da Espanha". O acordo foi sancionado pelo rei na Lei 24/1992. Em junho de 1993, o governo espanhol publicou as diretrizes para o ensino do cristianismo evangélico nas escolas públicas).

Nos últimos anos, os líderes muçulmanos na Espanha têm se queixado que o governo espanhol não implementou o acordo de 1992. De acordo com a CIE, 90% dos estudantes muçulmanos na Espanha não têm acesso aos estudos islâmicos nas escolas públicas. As novas diretrizes parecem sinalizar o comprometimento do atual governo em cumprir as promessas dos governos anteriores.

As diretrizes foram redigidas pelo presidente da CIE Riaÿ Tatary, um sírio que morou na Espanha por mais de 45 anos. Tatary, médico, que também é imã da Mesquita Abu-Bakr, a segunda maior mesquita de Madri, é frequentemente retratado como epítome da integração e moderação muçulmana.

Tatary é o interlocutor chefe, atua entre a comunidade muçulmana da Espanha e o governo espanhol, ele já recebeu a Comenda do Mérito Civil do Ministério da Justiça pelo seu trabalho no tocante à Lei da Espanha sobre liberdade religiosa.

Analistas espanhóis especializados em contraterrorismo, no entanto, suspeitam há muito tempo (acesse aqui e aqui) que Tatary está intimamente ligado à Irmandade Muçulmana, que é profundamente contrária aos conceitos ocidentais de justiça e democracia. O lema da Irmandade Muçulmana é: "Alá é o nosso objetivo; o profeta é o nosso líder; o Alcorão é a nossa lei; a Jihad é o nosso caminho; morrer no caminho de Alá é a nossa maior esperança".

Tatary nega as acusações, a despeito de membros de sua mesquita, estarem de fato associados à al-Qaeda.

Antecipando-se às eleições municipais de maio de 2015, Tatary advertiu os muçulmanos da Espanha a não votarem em nenhum candidato que "emperre ou impeça o estabelecimento de mesquitas para os nossos fiéis e cemitérios para os nossos mortos". Ele também exortou os eleitores muçulmanos a não votarem em ninguém que "emperre ou impeça que filhos de cidadãos muçulmanos participem de cursos de religião islâmica em escolas públicas ou privadas".

Analistas políticos espanhóis salientam que as investidas de Tatary em influenciar o voto dos espanhóis muçulmanos são alarmantes:

"à primeira vista parece que não há nada de errado que um grupo, qualquer que seja sua natureza, defenda os direitos de seus membros. No entanto, quando se trata de uma entidade que apela para a religião para impor uma forte disciplina aos fiéis no cenário político, só dá para ficar alarmado mesmo. Principalmente quando a religião em questão está empenhada em uma guerra implacável consigo mesma e com o resto do mundo civilizado".

Parece improvável, contudo, que pais e imãs aceitarão muitas das interpretações não literais e politicamente corretas de Tatary no que diz respeito ao Alcorão, que aparentemente se destinam a assegurar a aprovação das diretrizes pelo governo espanhol. Os desafios dos muçulmanos voltados para as reformas são os de convencer a maioria dos muçulmanos que o Alcorão e os Hádices não significam o que dizem.

Em última análise, as novas diretrizes podem acabar atingindo um objetivo totalmente indesejado: servir de porta de entrada para o Islã radical para dezenas de milhares de jovens muçulmanos da Espanha.


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