20 de mar. de 2016

Agora os eleitores franceses exigem um Frexit depois que a Alemanha passou a se defrontar com demandas por referendos para sair da União Europeia.

Nota

A "Desfederalização" da Europa PART II

As coisas têm sido muito oportunas nesses últimos anos: crises de refugiados; demandas para sair de organizações supranacionais – e de quebra, um “despertar dos sentimentos nacionalistas” que estão aflorando por toda a Europa – e o retorno ao bom e velho nacionalismo. Porém, o nacionalismo em questão não condiz muito com aquele dos tempos das monarquias e está aquém do que deveria ser. Por um lado temos uma União Europeia – praticamente responsável junto a burocratas de diversos países pela destruição dos valores cristãos e da cultura europeia, enquanto os países cresciam numa relativa prosperidade, perdiam sua identidade, e destroçavam-na dentro dum laboratório social imenso, gerido por Bruxelas  –  e pelo outro, um grupo recém-formado que prega a  libertação de um sistema político, porém sem dizer que tem a intenção de colocar seus compatriotas em servidão a outro. 


No quesito cultura, não há mais volta - a Europa não é mais cristã - e o que restou foram confusões e maquinações. A Rússia, antiga União Soviética, agora aparece no cenário como a provedora e protetora desses valores, ao mesmo tempo em que auxilia na manutenção das ditaduras latinas e africanas, de viés Comunista. Por outro lado os europeus creem friamente que esse provedor é do bem, pois segue firmemente batendo de frente com potencias graúdas, das quais eles consideram agora como empecilho para o seu progresso e nacionalismo, para a verdadeira liberdade – no caso seria os Estados Unidos, a quem consideram o provedor de todo mal, e um empecilho por gerar crises que acabam afetando todo o seu sistema de bem estar.

A União Europeia foi uma solução eficaz durante algum tempo, para agilizar e levantar algumas economias, mas não mais. A organização debilitou e fragilizou culturalmente as nações, e tornou inócuos os anos de cultura europeia, e o que restou agora foi a influencia e o ardil de tipos como o Kremlin, com o seu falso nacionalismo pronto para abocanhar a Europa quando bem entender. Quanto mais a crise durar, e quanto mais tempo ela for controlada, mais países vão se desligando do órgão, e mais próximo do seu objetivo Vladimir Putin estará: conseguir com que sua influência comece a adentrar na Europa desfederalizada.

 


ExpressUK, 20 de março.






Mais da metade dos eleitores franceses querem o seu próprio referendo para sair da União Europeia, renovando assim temores de Bruxelas de que um Brexit poderia derrubar o bloco de 28 países. 

Com os britânicos prontos para irem às urnas em Junho, há sinais crescentes de que o referendo no Reino Unido está abrindo o caminho para que outros países europeus possam questionar suas relações com Bruxelas. 

Isso aconteceu após surgirem pedidos na Alemanha para que tenha o seu próprio referendo para sair da União Europeia, na sequência da crise de imigração. 
Em um novo golpe contra a União Europeia, 53% dos franceses votaram a favor da realização dum referendo ao estilo do que vai ocorrer no Reino Unido, sobre a adesão do país. 

Tal resposta por um dos membros fundadores da União Europeia, sem dúvida, irrita Bruxelas. 

A líder da Frente Nacional (FN) Marine Le Pen congratulou-se com os resultados da pesquisa em um post recente, dizendo que as demandas francesas para um referendo eram “extremamente encorajadoras”.

Um quarto (25%) dos franceses também quer ver o fim da livre circulação em toda a Europa na zona de Schengen, da União Europeia, que foi duramente criticado após os atentados em Paris.


Juntamente com a Alemanha, a França é considerada o pilar central do projeto europeu. 

Mas uma economia em dificuldades e um governo vacilante tem alimentado um sentimento crescente eurocético na França, bem como uma crise de imigrantes em escala e uma onda de popularidade da FN de “extrema-direita”.

E como os países vizinhos da França se saíram vitoriosos em negociações com Bruxelas, muitos eleitores franceses estão se perguntando por que seu governo não pode fazer o mesmo. 

Em uma pesquisa da Universidade de Edimburgo, dos 8.000 eleitores na Alemanha, França, Polônia, Irlanda, Espanha e Suécia, a França foi o único país onde a maioria disse que apoiaria a realização dum referendo ao estilo do Reino Unido. 

Mas a frança não é o primeiro país europeu onde os eleitores estão exigindo o seu próprio referendo para deixar a União Europeia, tanto a Holanda, quanto a República Checa estão dizendo que eles querem seguir a Grã-Bretanha na realização dum referendo para sair.


Em uma pesquisa holandesa, 53% apoiaram o voto para sair, enquanto o Primeiro Ministro Checo Bohuslav Sobotka advertiu para um possível “Czexit” que poderia ser seguido caso os britânicos optem por deixar a União Europeia em Junho.

Anand Menon, um professor de política europeia em Kings College, disse: “O referendo britânico é um laboratório para outros referendos na Europa. Essa banalização poderia produzir efeitos devastadores.”. 

Tanto a França, como a Grã-Bretanha, membros centrais da União Europeia, sempre foram tradicionalmente hostis a uma maior integração europeia. 

Em 2005, os eleitores franceses esmagadoramente rejeitaram a proposta duma Constituição Europeia, enviando repercussões políticas por toda a União Europeia. 

Um terço (33%) dos franceses entrevistados apoiaram um chamado Frexit, enquanto 45% votariam em permanecer e 22% estão indecisos, de acordo com uma pesquisa da Universidade de Edimburgo. 

Embora a saída da França da União Europeia parece algo improvável, o resultado “surpreendente” de um país que é o “coração da União Europeia” mostra a outras nações europeias que a realização de referendos depois da Grã-Bretanha é uma possibilidade real, de acordo com o Doutor David Lees, um professor de Ensino em Estudos Franceses da Universidade de Warwick. 

Doutor Lees disse ao Express UK: “um referendo na França é uma possibilidade absoluta. Certamente, se a Grã-Bretanha conseguir obter votos para sair da União Europeia, eu acho que a França estará sob a crescente pressão para ter um referendo. Especialmente porque um Breit iria mudar a natureza da União Europeia. É uma coisa lógica que veio à tona na União Europeia.”. 

O Doutor Lees acrescentou: “Depois das negociações da Grã-Bretanha com a União Europeia, é natural que a França olhe para o Reino Unido e diga: nós contribuímos mais para a Europa do que o Reino Unido, então por que não podemos negociar? Eu acho que os franceses terão que realizar um referendo, eu não vejo outra saída. Você tem que ceder a esse tipo de demanda popular.”. 
A França e a Alemanha são considerados os pilares centrais da União Europeia

Um crescente sentimento eurocético na França está ligado à crise econômica de longo prazo no país, após a crise na zona do euro e da crise migrante em curso em Calais, com muitas pessoas presas com problemas entre a França e a União Europeia. 

Doutor Lees disse: “A França está enfrentando uma crise significativa, uma crise de imigração. Há também uma insatisfação enorme com François Hollande, que continua a ser o Presidente mais impopular da V República. O governo francês não parece ter qualquer sinal de melhorar as coisas economicamente, e acho que isso explica a insatisfação e por que algumas pessoas podem estar procurando uma forma de culpar a União Europeia por isso.”. 

FN da senhorita Le Pen tem capitalizado sobre essa insatisfação generalizada na França, que por conta dos ataques em Paris e da crise migrante da Europa, agora está alimentando a ascensão da “extrema-direita” na França. 

A senhorita Le Pen, que tem feito uma longa campanha para a França deixar a União Europeia, prometeu realizar um referendo, caso o seu partido vença as eleições presidenciais em 2017. 

A líder da FN tem sido muito critica da contribuição de Ângela Merkel para a União Europeia, e também acusa François Hollande e Nicolas Sarkozy de “seguir cegamente” a Chanceler alemã que foi “um desastre para a União Europeia”. 

Senhorita Le Pen disse recentemente durante uma entrevista na televisão francesa: “A Alemanha está fazendo o que quer em relação à economia e imigração. Quando Merkel resolveu abrir os braços para os imigrantes, logo em seguida, sobrou para a França.”. 

Em Fevereiro, a líder de “extrema-direita” declarou que as negociações da Grã-Bretanha com a União Europeia eram “o começo do fim” para a União, dizendo que ela estava “encantada com a forma como o bloco está recuando.”.

No entanto, uma campanha para a França sair não tem apoio político dos políticos mais respeitados, e o Doutor Lees disse que se a crise migrante continuar poderia “levar as pessoas a tomar posições mais extremas”.

Se um governo de direita liderado pelo ex-presidente francês Nicolas Sarkozy for eleito nas eleições presidências no próximo ano, a França provavelmente estará seguindo o exemplo da Grã-Bretanha em negociar sua relação com a União Europeia, de acordo com o senhor Lees.

Congratulando-se da notícia dum potencial Frexit, a senhorita Le Pen disse que as demandas francesas para um referendo sobre a adesão à União Europeia “confirma os sentimentos que tenho tido durante as viagens: os franceses começaram uma rebelião contra a União Europeia. Os franceses têm sede de liberdade e soberania.”. 

A líder da FN acrescentou: “Voltando a uma expressão que divertiu e intrigou a imprensa inglesa no ano passado: ‘me chame de Madame Frexit! ’ Esse nome combina comigo mais do que nunca.”. 

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