Global News, 15 de maio de 2018.
Por Rebecca Joseph
Duas prisões no Canadá testarão um novo programa de troca de agulhas para reduzir o risco de disseminação de doenças associadas ao uso de drogas, segundo o Serviço Correcional do Canadá (CSC) e o ministro da Segurança Pública, Ralph Goodale.
Funcionários da CSC dizem que sabem que há uma “prevalência” de problemas de uso de substâncias entre os presos.
Eles dizem que o programa é baseado na [política de] “redução de danos” e esperam “facilitar o encaminhamento” de prisioneiros do vício para os serviços de saúde. Esses tipos de programas são recomendados pelo Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crimes.
Ativistas sobre questões de HIV e AIDS elogiaram o programa, dizendo que é algo que eles pediram por mais de 20 anos.
“O anúncio de hoje do governo do Canadá reflete uma concessão significativa do governo federal sobre a importância desses programas”, diz a publicação de Sandra Ka Hon Chu, diretora de pequisa da Rede Legal para HIV e Aids do Canadá.
“O Canadá deve agir rapidamente para implementar este programa em todas as prisões”.
De acordo com as estatísticas do governo federal, a taxa de HIV e HCV (vírus da hepatite C) nas prisões é de 12% e 7,8% respectivamente. Compare isso com o público geral, onde 0,006% do público tem HIV e outros 0,03% têm HCV.
“Estamos focados em garantir que as instruções correcionais sejam ambientes seguros que levem à reabilitação dos presos, à segurança dos funcionários e à proteção do público”, disse Goodale em um comunicado.
Outros não eram tão receptivos; O sindicato de agentes penitenciários disse que seus membros não receberam treinamento adicional ou medidas de segurança.
Na mesma nota, um porta-voz de Goodale disse que os programas de troca de agulhas em outros países não aumentaram os ataques aos funcionários das prisões e, de fato, contribuíram para a segurança no local de trabalho.
O porta-voz do Ministério da Segurança Pública, Scott Bardsley, também disse que os guardas envolvidos no programa serão matriculados em “sessões de informação”.
O presidente do sindicato, Jason Godin, disse que o papel do sistema correcional é reduzir o consumo de drogas.
“Este programa representa um ponto de virada perigoso. O Serviço Correcional do Canadá decidiu fechar os olhos para o tráfico de drogas em nossas instituições”, disse Godin em um comunicado.
Mas o governo diz que ter drogas nas prisões é um fato da vida, e o programa é projetado para ajudar os presos viciados.
“Embora a CSC tenha medidas para impedir que as drogas entrem nas instituições, ela reconhece que as drogas às vezes chegam às suas penitenciárias. Reconhecendo essa realidade, tem a responsabilidade de proteger o bem-estar dos que estão sob os seus cuidados”, escreveu Bardsley em um e-mail.
Outra preocupação do sindicato? Avaliação de ameaça.
“O que os agentes penitenciários serão convocados a fazer quando um detento estiver prestes a injetar com uma agulha fornecida pela CSC? Observá-los fazer isso ou entrar na cela para impedir que isso aconteça?” Godin perguntou.
Funcionários da CSC dizem que o modelo de avaliação de risco de ameaças, atualmente usado para prisioneiros com EpiPens e insulina diabética, pode ser modificado para o programa de troca de agulhas.
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