IP, 21/08/2025
Um suspeito ucraniano foi preso na Itália pelo sabotagem dos gasodutos submarinos Nord Stream, que ligavam a Rússia à Europa, em 2022, informaram promotores alemães nesta quinta-feira.
O homem, identificado como Serhii K., é acusado de fazer parte de uma célula “que colocou explosivos nos gasodutos Nord Stream 1 e Nord Stream 2”, disseram os promotores.
Ele é “apontado como um dos coordenadores da operação” em que um grupo teria alugado um iate no porto báltico alemão de Rostock para realizar os ataques.
Os gasodutos, que por anos transportaram gás russo para a Europa, foram atingidos por grandes explosões em setembro de 2022, alguns meses após a invasão da Ucrânia pela Rússia.
As potências ocidentais inicialmente culparam Moscou, que por sua vez devolveu as acusações.
Investigações alemãs depois apontaram para uma célula ucraniana composta por cinco homens e uma mulher, suspeitos de terem fretado o iate “Andromeda” para executar o ataque, segundo a revista Der Spiegel e outros veículos de mídia.
O objetivo do grupo teria sido destruir os gasodutos para impedir que a Rússia lucrasse futuramente com a venda de gás à Europa.
De acordo com os promotores, Serhii K. foi preso nas primeiras horas desta quinta-feira, na província italiana de Rimini, em cumprimento a um mandado de prisão europeu.
Ele e seus cúmplices são acusados de usar documentos de identidade falsificados para alugar o iate que partiu de Rostock para realizar os ataques, disseram os promotores.
A polícia italiana Carabinieri confirmou que um ucraniano de 49 anos foi preso sem resistência em um bangalô onde estava hospedado com a família, sendo levado para uma prisão local.
A ministra da Justiça alemã, Stefanie Hubig, agradeceu aos investigadores pelo que chamou de uma “operação altamente complexa” que levou à prisão.
Um caso politicamente delicado
O Nord Stream sempre foi controverso por permitir que o gás russo bypassasse rotas de trânsito pela Europa Oriental, tornando a Alemanha excessivamente dependente da energia barata de Moscou.
Após a invasão da Ucrânia pela Rússia em fevereiro de 2022, as potências ocidentais sancionaram Moscou, que então cortou o fornecimento pelo Nord Stream 1, enquanto o Nord Stream 2 nunca chegou a entrar em operação.
Em setembro, institutos sísmicos relataram explosões submarinas, e quatro vazamentos de gás foram descobertos próximos à ilha dinamarquesa de Bornholm, com o gás jorrando até a superfície.
Dois dos vazamentos estavam na zona econômica exclusiva da Dinamarca e dois na da Suécia.
No ano passado, promotores alemães emitiram um mandado de prisão para outro ucraniano, identificado como Volodymyr Z., instrutor de mergulho cujo último endereço conhecido era na Polônia.
Ele era suspeito de ser um dos mergulhadores que colocaram os explosivos em uma operação que também teria envolvido um casal proprietário de uma escola de mergulho, segundo a emissora pública ARD e outros veículos.
O caso é embaraçoso para a Alemanha e a Ucrânia, já que Berlim tem apoiado fortemente Kyiv politicamente e com equipamentos de defesa em sua luta contra a Rússia.
O presidente ucraniano Volodymyr Zelensky declarou que seu governo não tinha conhecimento de qualquer plano para explodir os gasodutos.
Hubig enfatizou que “continuamos firmemente ao lado da Ucrânia” contra a “terrível guerra de agressão” da Rússia.
Mas ressaltou que a Alemanha também “investigará de forma consistente os crimes cometidos sob nossa jurisdição”.
Recentemente, veículos de mídia da Alemanha e do Reino Unido noticiaram que Washington e Moscou discutiram a ideia de reativar o Nord Stream 2, possivelmente administrado por uma empresa americana, durante negociações para encerrar a guerra na Ucrânia.
O chanceler alemão Friedrich Merz afirmou em maio, pouco após assumir o cargo, que seu governo faria “de tudo… para garantir que o Nord Stream 2 não possa voltar a operar”.
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