IP, 13/03/2025
A ex-chanceler alemã Angela Merkel negou nesta quinta-feira ter encoberto um relatório de inteligência, que concluía que um vazamento de um laboratório chinês era a provável origem da pandemia de Covid-19.
"A chanceler rejeita a acusação de forma muito clara", disse seu gabinete em um comunicado enviado ao jornal alemão Tagesspiegel.
Os jornais Die Zeit e Sueddeutsche Zeitung noticiaram que o Serviço Federal de Inteligência da Alemanha (BND) avaliou em 2020 que a probabilidade de um vazamento em um laboratório de Wuhan ter sido responsável pela pandemia era de 80% a 95%.
Após encomendar uma investigação, Merkel teria impedido que os resultados fossem publicados, segundo os jornais. Seu sucessor, o atual chanceler Olaf Scholz, que assumiu o cargo em dezembro de 2021, teria feito o mesmo.
As autoridades alemãs teriam preferido evitar alarmar a população e também temiam provocar uma crise diplomática com Pequim.
Merkel se recusou a comentar os detalhes das acusações e encaminhou os questionamentos à chancelaria atual, que mantém os arquivos do governo.
Jens Spahn, que era ministro da Saúde da Alemanha no auge da pandemia, negou ter conhecimento dos achados da investigação.
"Só soube disso pela mídia", disse ele ao canal de televisão RTL Alemanha.
Ele acrescentou que a teoria do vazamento de laboratório já era considerada uma possibilidade há muito tempo, e que confirmá-la ou negá-la não teria influenciado as medidas de saúde pública adotadas.
"O vírus era o que era e causou os danos que causou, como sabemos", afirmou.
A questão sobre se o vírus da Covid-19 escapou acidentalmente de um laboratório, ou se se espalhou de um animal para humanos ainda é motivo de debate.
Parte da comunidade científica acredita que é mais provável que o vírus tenha se espalhado para humanos a partir de um animal, que provavelmente foi infectado por um morcego.
Algumas agências dos Estados Unidos, como o FBI e o Departamento de Energia, afirmaram que tendem mais à teoria do vazamento de laboratório, embora com diferentes níveis de confiança.
Questionado sobre as alegações da imprensa alemã, o Ministério das Relações Exteriores da China declarou nesta quinta-feira que cabe aos cientistas pesquisarem a origem do vírus.
"Essa questão deve ser tratada com um espírito científico", disse a porta-voz Mao Ning.
Ela acrescentou que um relatório conjunto de especialistas da Organização Mundial da Saúde (OMS) e cientistas chineses, publicado há quatro anos, concluiu que a teoria do vazamento de laboratório era "extremamente improvável".
A investigação alemã de 2020 se baseou, em grande parte, em dados coletados na China, segundo o Die Zeit, incluindo teses de doutorado não publicadas realizadas em Wuhan sobre os impactos dos coronavírus no cérebro humano.
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Fonte:https://insiderpaper.com/merkel-denies-covering-up-report-on-covid-19-origins/
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