8 de fev. de 2025

Presidente polonês alerta sobre interferência da UE na eleição presidencial e cita a Romênia como exemplo

Andrzej Duda




RM, 06/02/2025



Por Thomas Brooke



O presidente polonês, Andrzej Duda, alertou que futuras eleições em toda a Europa poderão ser vencidas apenas por aqueles que tiverem a aprovação de Bruxelas, denunciando uma possível interferência da União Europeia na política interna.

Duda afirmou que a democracia polonesa está sob ataque por parte de Bruxelas, e que há um risco de a UE intervir na próxima eleição presidencial do país.

Em uma entrevista franca ao canal do YouTube Kanał Zero, Duda expressou forte preocupação com a influência da União Europeia nas eleições nacionais e na política interna, sugerindo que os processos democráticos na Polônia podem ser manipulados para garantir a aprovação de Bruxelas, assim como ocorreu recentemente na Romênia.

O presidente questionou se as eleições democráticas ainda podem ser verdadeiramente livres se apenas os candidatos favorecidos pela UE forem capazes de vencer. “Será que hoje as eleições nos países individuais — aparentemente democráticos — só podem ser vencidas por aqueles aceitos em Bruxelas? Tenho essa impressão, e não gosto nada disso”, declarou, manifestando ceticismo sobre o envolvimento da Comissão Europeia nos assuntos poloneses e romenos.

Duda também mencionou as recentes preocupações levantadas por Bogdan Święczkowski, presidente do Tribunal Constitucional, que alegou que altos funcionários do governo — incluindo o primeiro-ministro Donald Tusk, os presidentes do Sejm e do Senado, além de certos juízes e promotores — podem ter cometido um golpe de Estado.

Embora tenha admitido que não revisou pessoalmente o documento, Duda reconheceu que há “violações gritantes e repetitivas da lei” por parte dos atuais líderes do governo. Ele citou casos em que o governo se recusou a reconhecer decisões do Tribunal Constitucional ou não publicou suas sentenças, classificando essas ações como “trágico-cômicas”.

O presidente polonês criticou especificamente o tratamento do governo ao procurador-geral Dariusz Barski, que foi impedido de exercer suas funções em favor de um promotor nomeado pelo governo. Duda condenou essa medida como uma grave violação do Estado de Direito, e um exemplo adicional das tentativas do governo de esquerda de enfraquecer a independência judicial na Polônia.

Fazendo um paralelo com os eventos recentes na Romênia, onde o Tribunal Constitucional anulou o primeiro turno das eleições presidenciais vencidas pelo eurocético e crítico da OTAN Calin Georgescu, alegando interferência russa sem provas concretas, Duda sugeriu que algo semelhante poderia acontecer na Polônia.

Ele demonstrou preocupação com relatos de que membros proeminentes da Comissão Europeia admitiram influenciar as eleições romenas, alertando que “vocês terão que defender os resultados das eleições na Polônia caso alguém tente manipulá-los”.

Duda sugeriu a possibilidade de manifestações populares para proteger a integridade eleitoral, afirmando que os poloneses podem precisar exercer seus direitos constitucionais à liberdade de expressão e reunião, caso percebam ameaças ao processo democrático. “Talvez vocês tenham que protestar?”, sugeriu, alertando que situações semelhantes estão ocorrendo em toda a Europa e podem desestabilizar as instituições democráticas.

Ao longo da entrevista, Duda reiterou sua crença na primazia da Constituição polonesa sobre os regulamentos da UE, defendendo que a soberania nacional deve ser respeitada. Ele criticou a suspensão dos fundos do Plano Nacional de Recuperação (KPO) pela União Europeia, alegando que se tratava de uma punição contra o governo polonês anterior devido a divergências políticas com membros da Comissão Europeia.

Bloquear dinheiro porque o governo não estava alinhado com Bruxelas foi algo evidente”, declarou.

Duda concluiu alertando para uma “ameaça real à democracia” em toda a Europa e sugeriu que a Romênia serve como um exemplo de alerta. Ele pediu vigilância para proteger a integridade democrática e a ordem legal da Polônia contra pressões internas e externas.

O alerta do presidente polonês vem uma semana após a publicação da primeira pesquisa sobre a eleição presidencial de maio, que mostra o candidato conservador do partido Lei e Justiça (PiS), Karol Nawrocki, à frente de seu oponente da Coalizão Cívica (KO), Rafal Trzaskowski.

A pesquisa, conduzida pelo National Research Group, indica que no primeiro turno das eleições, o atual prefeito de Varsóvia, Rafał Trzaskowski, teria 35,51% dos votos, enquanto Nawrocki obteria 31,73%.

No entanto, caso nenhum candidato vença no primeiro turno, a votação passaria para um segundo turno, onde Nawrocki enfrentaria Trzaskowski. Nesse cenário, a pesquisa indica que Nawrocki venceria por uma margem apertada de 50,6% contra 49,4% de Trzaskowski.

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Fonte:https://rmx.news/article/polands-president-warns-of-eu-interference-in-presidential-election-cites-romania-as-a-cautionary-tale/ 

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