BTB, 30/01/2025
Por Oliver JJ Lane
A ex-chanceler Angela Merkel, responsável por conduzir a Alemanha e o continente à crise migratória europeia de 2015, fez uma rara aparição fora da aposentadoria para assumir o papel de estadista veterana, criticando seu sucessor na liderança do partido por trabalhar com a direita soberanista para aprovar regras de controle de fronteiras.
Angela Merkel, ex-líder da União Democrata-Cristã (CDU, centro-direita globalista) e chanceler da Alemanha por anos, reapareceu na quinta-feira para condenar seu sucessor por ousar romper o chamado cordon sanitaire—ou muralha de isolamento—que os demais partidos mantiveram contra a Alternativa para a Alemanha (AfD, direita populista e soberanista) durante anos.
Até então, nenhum partido havia colaborado com a AfD para aprovar leis no Bundestag alemão. No entanto, na noite de quarta-feira, a CDU e a AfD votaram juntas para aprovar um projeto de lei de segurança fronteiriça que nenhum outro partido aceitou apoiar. O líder da CDU, Friedrich Merz, argumentou que as restrições migratórias se mostraram essenciais após os ataques mortais em Magdeburgo e Aschaffenburg. Entre as disposições do projeto está a determinação de que aqueles ordenados a deixar a Alemanha devem ser “imediatamente detidos” e colocados em um centro de deportação.
Essa posição é surpreendentemente rígida para a CDU centrista, mas uma eleição se aproxima, e Merz tem trabalhado para reformular a imagem do partido, insistindo que ele se distanciou da era Merkel e de suas políticas de fronteiras abertas.
Merkel, por sua vez, parece indignada com o desmonte de seu legado. Em um comunicado divulgado na quinta-feira, poucas horas após a votação, ela começou relembrando Merz de sua promessa de 2024 de não colaborar com a “extrema-direita” AfD. Merkel elogiou essa posição como “uma expressão de grande responsabilidade política estatal, que apoio totalmente”.
Segundo Merkel, foi um erro abandonar esse compromisso e permitir que “a AfD conquistasse, pela primeira vez, uma maioria em uma votação no Bundestag alemão em 29 de janeiro de 2025”. Ela afirmou que, em vez disso, “todos os partidos democráticos” deveriam trabalhar juntos “com moderação no tom” para evitar futuros ataques terroristas — embora essa tenha sido justamente a abordagem do governo alemão nos últimos anos, sem grande sucesso.
‘New Era’ — Firewall Around AfD Broken as Merkel Party Joins With Populists in Migration Vote https://t.co/pscnA8pKA5
— Breitbart London (@BreitbartLondon) January 30, 2025
O jornal alemão Die Welt observa que a liderança da CDU ignorou o retorno de sua ex-líder ao tentar microgerenciá-los. O líder da bancada parlamentar da CDU, Thorsten Frei, rejeitou a posição de Merkel sem mencioná-la nominalmente e declarou: “Acho correto que tenhamos colocado as duas moções em votação ontem. E também acho correto que discutamos e decidamos sobre a lei de limitação de influxo no Bundestag alemão amanhã.”
“O mundo mudou nos últimos meses, e essa nova realidade precisa ser enfrentada”, afirmou Frei, citando os ataques em Magdeburgo e Aschaffenburg, além dos eventos de 6 de novembro, quando Donald Trump venceu a eleição presidencial nos EUA, e o governo alemão entrou em colapso, desencadeando a eleição antecipada do mês seguinte.
Sem surpresa, os partidos de esquerda da Alemanha ficaram satisfeitos com a reprimenda de Merkel. Um político do Partido Social-Democrata (SPD, centro-esquerda globalista) classificou sua intervenção como uma expressão de “decência”, enquanto a executiva nacional do partido descreveu a colaboração da CDU com a AfD para aprovar leis como uma “violação de tabu”.
A co-líder do SPD, Saskia Esken, disse estar “muito grata” pela intervenção de Merkel, segundo o Welt, afirmando: “Ela obviamente teve a
impressão de que precisava lembrar seu sucessor, Friedrich Merz, de sua responsabilidade política.”Sovereigntist AfD Party Soars in German Poll With Just Weeks to Go to Federal Election https://t.co/owdHVnMvEe
— Breitbart London (@BreitbartLondon) January 30, 2025
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