RTN, 22/01/2025
Por Didi Rankovic
A investigação da União Europeia sobre o X levanta questionamentos sobre seu momento, em meio à campanha eleitoral acirrada na Alemanha e às crescentes tensões políticas.
De acordo com a imprensa alemã, a UE está exigindo o que os relatórios descrevem como “acesso autorizado” aos documentos internos do X, relacionados às mudanças nos algoritmos de recomendação da plataforma e às suas interfaces de programação.
O bloco está conduzindo a investigação com base em possíveis violações relacionadas a “discurso de ódio” e “desinformação”, em conformidade com a lei de censura Digital Services Act (DSA). O objetivo da investigação é determinar se o X deve ser classificado como “um risco”.
O X tem um prazo de quatro semanas para cumprir as exigências da legislação, que é amplamente criticada por defensores da liberdade de expressão, mas promovida pela UE como um meio de “criar um ambiente online justo, seguro e democrático” para os cidadãos, segundo Henna Virkkunen, vice-presidente da Comissão Europeia para Soberania Tecnológica, Segurança e Democracia.
O que essa democracia realmente significa fica mais evidente quando o verdadeiro motivo por trás da pressão sobre o X é revelado: os políticos governistas da Alemanha, incluindo o chanceler Olaf Scholz, suspeitam que o apoio de Elon Musk ao partido de oposição AfD poderia levar o X a favorecer os conteúdos da legenda.
A Alemanha elegerá um novo parlamento em pouco mais de um mês, e a campanha caótica no país gerou uma série de medidas controversas e repressivas, especialmente contra o AfD e seus apoiadores, frequentemente rotulados como “extremistas de direita”, com algumas alas do partido declaradas “extremistas” pela agência de inteligência interna da Alemanha.
Ainda assim, o partido supera os social-democratas de Scholz nas pesquisas e está atrás apenas da União Democrata Cristã (CDU), que também está na oposição. Isso torna altamente provável que as queixas sobre o suposto favorecimento do X ao AfD estejam mais ligadas a questões políticas, do que a preocupações genuínas com “discurso de ódio” ou “desinformação”.
O lançamento da investigação pela UE sugere que Bruxelas tomou partido nas disputas políticas internas da Alemanha, onde o atual governo demonstrou insatisfação com o X e Musk, com os ministérios de Relações Exteriores e Defesa recentemente anunciando que estavam “suspendendo” postagens na plataforma.
No entanto, um porta-voz da UE afirmou rapidamente que as demandas do bloco, alinhadas às exigências dos políticos alemães tão próximas das eleições, eram “completamente independentes de quaisquer considerações políticas ou eventos específicos”.
Se for constatado que plataformas de grande porte violaram as regras do DSA, elas podem enfrentar multas de até 6% de sua receita global.
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