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| Xiomara Castro |
BTB, 02/09/2024
Dois familiares da Presidente socialista radical de esquerda de Honduras, Xiomara Castro, pediram demissão de seus cargos no governo durante o fim de semana, em meio a uma investigação em curso sobre supostos vínculos com traficantes de drogas envolvendo o legislador Carlos Zelaya, cunhado da Presidente Castro.
José Manuel Zelaya Rosales, sobrinho de Castro, renunciou ao cargo de Ministro da Defesa, enquanto seu pai, Carlos Zelaya, deixou o cargo de legislador e secretário do Parlamento hondurenho. Carlos Zelaya é irmão do ex-presidente hondurenho Manuel Zelaya, esposo da atual Presidente Xiomara Castro e que foi deposto em um golpe de estado em 2009.
Zelaya Rosales explicou no sábado, por meio de uma postagem nas sua rede social, que sua decisão de renunciar ao cargo de Ministro da Defesa é para que ele possa ser "livremente investigado" pela investigação em curso contra seu pai.
Carlos Zelaya está sendo investigado pelos promotores hondurenhos, após a revelação de um escândalo crescente de que ele teve encontros com traficantes de drogas conhecidos em Honduras em 2013. Zelaya admitiu no sábado que se encontrou em 2013 com Juan Ramón Matta Waldurraga, filho do traficante de drogas hondurenho Juan Ramón Matta Ballesteros — um dos líderes da gangue Los Cachiros, que atualmente cumpre pena de prisão perpétua em uma prisão dos EUA desde 1990.
Zelaya também admitiu que uma “contribuição para a campanha eleitoral” do partido governante Liberdade e Refundação (Libre) foi oferecida pelos traficantes durante o encontro, mas que supostamente nunca foi recebida.
“Agora estou convencido de que a reunião foi gravada, caí na armadilha, assumo minha responsabilidade, há um vídeo [da reunião], cujo único objetivo era ‘falar sobre uma oferta de contribuição para a campanha,” disse Zelaya aos repórteres após prestar seu depoimento à promotoria.
“Aquela reunião nunca teve o endosso do Presidente [Manuel] Zelaya, ele nunca teve o endosso nem o acompanhamento, muito menos o conhecimento daquela reunião, e o mesmo para a Presidente Castro, foi uma reunião unilateral da minha parte,” continuou ele.
Matta Waldurraga, com quem Zelaya admitiu ter se encontrado em 2013, foi absolvido por um tribunal hondurenho das acusações de lavagem de dinheiro em dezembro de 2023, após ser extraditado da Colômbia em 2022. Matta Waldurraga se declarou culpado pelo crime de conspiração para traficar drogas em um tribunal de Nova York em 2017, cumprindo dois anos de prisão por acusações de tráfico de drogas.
A renúncia do ex-Ministro da Defesa Zelaya Rosales e do legislador Carlos Zelaya como parte da investigação sobre tráfico de drogas, ocorre dias após a Presidente Xiomara Castro anunciar a rescisão abrupta do tratado de extradição de Honduras com os Estados Unidos, que, segundo relatórios, permitia que cerca de 50 hondurenhos fossem julgados em tribunais dos EUA por acusações de lavagem de dinheiro — incluindo o ex-presidente hondurenho Juan Orlando Hernández, que foi extraditado para os EUA em 2022, e condenado a 45 anos de prisão em junho por acusações de tráfico de drogas e armas.
Castro alegou por meio de uma postagem nas sua rede sociais na quarta-feira que a rescisão do tratado de extradição com os EUA foi em resposta a suposta “interferência e intervencionismo,” assim como à “intenção do governo dos EUA de gerenciar a política de Honduras por meio de sua embaixada e outros representantes.”
“Eles [os EUA] atacam, ignoram e violam com impunidade os princípios e práticas do direito internacional, que promovem o respeito pela soberania e autodeterminação dos povos, a não-intervenção e a paz universal. Chega,” disse a presidente socialista.
A rescisão do tratado de extradição segue as declarações feitas na quarta-feira pela embaixadora dos EUA em Tegucigalpa, Laura Dogu, que expressou preocupações sobre um recente encontro entre o agora ex-Ministro da Defesa José Manuel Zelaya Rosales e outros oficiais com o Ministro da Defesa da Venezuela, Vladimir Padrino López, à margem dos 4º Jogos Mundiais de Cadetes da CISM, um evento esportivo militar realizado na Venezuela em meados de agosto.
Padrino López é um dos oficiais do regime socialista de Maduro na Venezuela, que é acusado pelas autoridades dos EUA de ser uma figura líder do Cartel dos Sóis, uma operação intercontinental de tráfico de cocaína dirigida por membros de alta patente das Forças Armadas venezuelanas, e por algumas figuras proeminentes do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV), que busca “inundar” os Estados Unidos com cocaína para prejudicar seu povo.
O Ministro da Defesa venezuelano também é um dos oficiais do regime de Maduro à frente da campanha brutal de repressão a manifestantes e dissidentes, após a eleição presidencial fraudulenta de 28 de julho, que Maduro insiste fraudulentamente que “venceu.” Até a semana passada, a repressão resultou em 25 mortes confirmadas e na detenção arbitrária de mais de 2.400 indivíduos — incluindo mais de 120 menores entre 14 e 17 anos.
“Estamos muito preocupados com o que aconteceu na Venezuela, foi bastante surpreendente para mim ver o Ministro da Defesa e o chefe do [Estado-Maior Conjunto hondurenho] sentados ao lado de um traficante de drogas na Venezuela,” disse a Embaixadora Dogu aos repórteres na semana passada.
No domingo, a Presidente Castro nomeou Rixi Moncada, uma advogada de 59 anos próxima à família da Presidente socialista, como a nova Ministra da Defesa de Honduras após a renúncia de Zelaya Rosales. Castro fez o anúncio durante um discurso no início das celebrações do mês da independência da nação centro-americana.
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