RTN, 20/08/2024
Por Didi Rankovic
No Reino Unido, na era digital, não será mais suficiente tratar a violência contra as mulheres como “simplesmente” um crime – isso provavelmente será elevado ao nível de terrorismo e considerado uma ameaça à segurança nacional.
Os termos misoginia extrema e violência contra as mulheres são usados de forma intercambiável, em relatórios sobre a iniciativa apresentada pela Ministra do Interior do governo trabalhista, Yvette Cooper.
Cooper ordenou que a estratégia de combate ao extremismo do país fosse revisada de maneira a incluir a violência contra as mulheres, ou “misoginia extrema”, em uma lista que atualmente menciona questões como extremismo islamista, de extrema direita, relacionado à Irlanda do Norte, direitos dos animais e meio ambiente, escreve a imprensa do Reino Unido.
Ao explicar seus planos, Cooper disse que essa medida era necessária há muito tempo e culpou principalmente a internet – como ela afirmou, a radicalização online de jovens.
Especificamente, isso diz respeito a "adolescentes radicalizados", que se acredita estarem caindo em massa sob a influência de “influenciadores misóginos.”
E embora o Ministério do Interior inclua o “incel” como um dos tipos de extremismo que monitora, "as autoridades agora temem que essa categoria não capture outras formas de misoginia extrema," escreve o Telegraph.
O Reino Unido tem um programa chamado "Prevent" – um programa que as autoridades dizem ter como objetivo a intervenção precoce para proteger do terrorismo, e que também “funciona de maneira semelhante a programas projetados para proteger as pessoas de outros males, como gangues, abuso de drogas e abuso físico e sexual.”
Mas, aparentemente, esses “programas semelhantes” que cobrem males além do terrorismo não serão suficientes para combater a violência contra as mulheres, e se o plano de Cooper for implementado, professores, profissionais de saúde e autoridades locais terão que relatar suas suspeitas ao "Prevent" sob a categoria de terrorismo.
O comissário da Polícia Metropolitana, Mark Rowley, já havia dito que a violência contra mulheres e meninas “deveria ser tratada como uma ameaça à segurança nacional”, afirma o artigo.
A iniciativa de Cooper surge enquanto o Reino Unido foi abalado por protestos e tumultos em grande escala, cuja culpa o novo governo escolheu atribuir em grande parte às comunicações nas redes sociais, respondendo com a prisão de centenas de pessoas, inclusive por essas atividades.
Outra ideia da ministra do Interior é reprimir aqueles que “propagam crenças prejudiciais e odiosas.” Entre elas, está algo que o gabinete de Cooper chama de “fixação pela violência.”
Neste ponto, não está claro se isso é um caso de uma política se sentindo obrigada a parecer estar fazendo algo, após os distúrbios que expuseram problemas há muito tempo presentes na sociedade – ou se a “nova abordagem para combater o extremismo” produzirá medidas práticas.
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Fonte:https://reclaimthenet.org/uk-to-classify-online-misogyny-as-a-national-security-threat
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