ZH, 10/06/2024
Por Tyler Durden
Os especuladores de cacau, como o comerciante de commodities Pierre Andurand, provavelmente estão comemorando a notícia de que a Costa do Marfim, o maior produtor mundial, está restringindo as vendas domésticas de grãos para priorizar os processadores locais. Essa medida restringe as exportações e aperta ainda mais os estoques globais, o que, em troca, pode fazer com que os preços do cacau ultrapassem US$ 10 mil por tonelada.
A Bloomberg fornece mais detalhes sobre os novos desenvolvimentos na Costa do Marfim:
Uma grande escassez nesta temporada forçou o regulador do país a adiar contratos da safra principal que terminou em março para a menor das duas colheitas anuais, que vai até setembro. Mas essa chamada "safra intermediária" é geralmente reservada para fábricas locais que moem cacau em produtos usados na confeitaria, então houve uma competição pelos grãos entre processadores locais e exportadores.
Por causa disso, os moedores locais reclamaram ao governo sobre as dificuldades em garantir os suprimentos, segundo pessoas familiarizadas com o assunto, que pediram para não ser identificadas. Agora, o regulador está dizendo a empresas e exportadores que não possuem instalações de processamento no país que eles não podem comprar grãos da safra intermediária, pelo menos até o final deste mês, disseram as fontes.
Os preços do cacau em Nova York têm oscilado bastante nos últimos meses, atingindo US$ 12 mil em meados de abril, apenas para despencar 44% para US$ 6,7 mil em meados de maio. Agora, os preços dispararam 49%, aproximando-se da marca de US$ 10 mil.
Enquanto o analista do Rabobank, Paul Joules, recentemente disse a seus clientes que os preços do cacau provavelmente atingiram o pico, Andurand, fundador da Andurand Capital Management LLP, conhecido por suas negociações de petróleo e energia, recentemente disse aos apresentadores do Odd Lots que os preços poderiam subir novamente.
"Basicamente, temos uma enorme escassez de oferta este ano. Quero dizer, vemos a produção cair 17% em relação ao ano passado. A maioria dos analistas por aí estimam uma queda de 11%, mas isso porque tendem a ser muito conservadores. Você sabe, eles têm muitos clientes e não querem preocupar o mundo, então fazem estimativas relativamente conservadoras," explicou, acrescentando, "Estamos em uma situação em que podemos realmente ficar sem estoques completamente."
Andurand continuou: "Este ano achamos que terminaremos com uma relação estoque/moagem — ou seja, o estoque no final da temporada — de 21%."
"Nos últimos dez anos, estivemos entre 35% e 40%. Aproximadamente no pico anterior em 1977, estávamos em 19%," disse ele.
A Organização Internacional do Cacau rastreia os estoques de cacau não processado, que podem servir como um amortecedor quando há uma escassez de oferta. No entanto, quanto mais a relação estoque/moagem cai, menor é o amortecedor. Quando a relação estoque/moagem despencou em 1977, os preços do cacau dispararam para US$ 5.500, ou, ajustado pela inflação, US$ 28.000 hoje.
Andurand alertou que a relação poderia colapsar para até 13%, acrescentando, "É quando você realmente tem uma verdadeira escassez de grãos de cacau. Você não consegue obtê-lo. E é quando o preço pode realmente explodir."
As notícias da Costa do Marfim apenas sugerem um aperto adicional nos estoques globais. Espere até que o governo Biden explique como a 'greedflation' corporativa é responsável pela 'candyflation' em outubro, antes do Halloween.
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