PP, 29/04/2024
Por Oriana Rivas
As exportações de algodão de Xinjiang relatam níveis recordes, apenas no ano passado alcançando 108 bilhões de yuanes (14,8 bilhões de dólares). Ambas tecnologias monitoram o funcionamento de máquinas de fiação, sistemas de ar condicionado e purificação de ar, reduzindo custos.
O regime chinês não esconde suas intenções de usar a tecnologia a seu favor. Eles a aplicam na indústria espacial para competir com os Estados Unidos, enquanto o próprio ditador Xi Jinping exige que seus especialistas em inteligência artificial reflitam "valores socialistas".
Em linha com essa agenda, a indústria do algodão também se tornou um campo de testes para inteligência artificial e tecnologia 5G. Ou seja, estão usando ambas as tecnologias para aumentar a produtividade nas fábricas localizadas em Xinjiang, uma região mundialmente conhecida por ser o lar da comunidade uigur escravizada, torturada e submetida a trabalho forçado pela ditadura chinesa.
As exportações de algodão de Xinjiang relatam níveis recordes. No ano passado, alcançaram 108 bilhões de yuanes (14,9 bilhões de dólares), "com um aumento de 74% para fios e outras matérias-primas e um aumento de 30% para vestuário", segundo registros de exportação citados pelo South China Morning Post. Durante esses meses, "os cientistas chineses, com o apoio do governo e da indústria, introduziram inteligência artificial e 5G nas fábricas de Xinjiang", acrescenta o referido meio de comunicação.
A IA controla as fábricas
A China busca maneiras de continuar impulsionando sua indústria do algodão, apesar de o governo de Joe Biden, nos Estados Unidos, ter promulgado há dois anos a Lei de Prevenção do Trabalho Forçado Uigur, para proibir a importação de produtos fabricados com trabalho forçado em Xinjiang.
No entanto, a entrada da inteligência artificial e da rede 5G tornou o algodão de Xinjiang mais competitivo globalmente, ajudando a reduzir o uso de energia e melhorar sua qualidade. O processo, calculado friamente, consiste em conectar todas as máquinas de uma fábrica ao 5G, não apenas as máquinas de fiação, mas também "outros equipamentos que consomem energia, como aparelhos de ar condicionado e sistemas de purificação de ar".
Como a tecnologia oferece uma internet mais rápida, os "atrasos na transmissão de dados foram drasticamente reduzidos, pavimentando o caminho para a IA supervisionar toda a operação da fábrica". Por sua vez, essa tecnologia detecta deficiências na cadeia de produção e, graças à sua capacidade de aprendizado contínuo, corrige erros e otimiza o consumo de energia.
Qual é o problema?
O uso da tecnologia para melhorar os processos de produção não seria um problema se não houvesse denúncias de abusos aos direitos humanos. Está amplamente documentado como o comunismo chinês usa os uigures como mão de obra escrava para colher algodão e incorporá-los às fábricas, a ponto de se falar na "institucionalização do trabalho forçado" na minoria muçulmana.
Os uigures que foram "mobilizados" compulsoriamente entre 2016 e 2020 para ocupar um determinado cargo, ainda estavam sob este sistema opressivo até 2022, em linha com o 14º Plano Quinquenal de Desenvolvimento Social e Econômico da região (2021-2025) criado pelo regime, de acordo com uma investigação de Adrian Zenz, especialista na análise das políticas de opressão de Pequim.
Os Arquivos Policiais de Xinjiang revelados pela BBC também ajudaram a confirmar como os "campos de reeducação" criados pelo comunismo chinês não passam de centros de tortura, onde as pessoas são condenadas a anos de prisão devido às suas crenças religiosas.
O fato de Pequim ter encontrado uma fórmula para impulsionar a exportação de algodão nessas fábricas só vislumbra o agravamento da situação. Por mais que os EUA proíbam suas empresas de importar roupas ou suprimentos com essa matéria-prima, a competitividade da China parece superar essas restrições.
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