BTB, 27/03/2024
ROMA — Os bispos católicos da Europa, juntamente com outros líderes cristãos, criticaram a omissão de referências às raízes cristãs e aos valores fundamentais do continente à medida que as eleições da UE se aproximam.
Em uma declaração conjunta, a Comissão das Conferências Episcopais da União Europeia, a Conferência das Igrejas Europeias e a Assembleia Interparlamentar sobre a Ortodoxia, afirmaram que "uma grande proporção" dos cidadãos cristãos agora "se sentem marginalizados", pois não têm nenhuma forma de expressar suas posições de maneira autônoma e distinta.
Observamos a "exclusão de qualquer referência apropriada aos valores cristãos em textos relevantes da UE", declararam os líderes. "Isso é uma clara indicação de que a importância da tradição cristã como o 'meio' no qual os valores europeus de hoje foram estabelecidos está sendo negligenciada."
Precisamente neste período pré-eleitoral, "nós, como cristãos, expressamos nossa disposição em garantir um diálogo político substancial e aprofundado", afirma a declaração.
Em conclusão, os líderes cristãos reafirmam seu compromisso de trabalhar juntos "para promover uma agenda europeia positiva que se inspire nos valores cristãos".
Pedimos aos grupos políticos das Instituições Europeias, aos partidos políticos e aos candidatos ao Parlamento Europeu que reconheçam "os valores cristãos como uma base principal do projeto europeu", afirmam eles, e que estabeleçam um "diálogo aberto, transparente e regular com igrejas e associações religiosas".
Eles também pedem à União Europeia que promova os valores cristãos "nos programas políticos e nas campanhas pré-eleitorais".
A confusão nos últimos anos sobre o papel fundador do Cristianismo na definição da Europa proporcionou uma oportunidade para historiadores, e outros acadêmicos esclarecerem essa importante realidade.
Em 2016, no auge da crise migratória na Europa, a chanceler alemã Angela Merkel causou consternação ao minimizar a singularidade do Cristianismo na história da Alemanha, e ao propor que o Islã também "pertence à Alemanha" e à cultura alemã.
Naquele ano, Robert D. Kaplan publicou seu importante artigo na Atlantic "Como o Islã Criou a Europa", no qual ele lembrou aos leitores que a Europa — ao contrário de outros continentes — foi finalmente definida por sua identidade cristã, em oposição ao Islã.
Enquanto outros continentes foram definidos por rios, mares, oceanos e montanhas, a identidade da Europa era essencialmente religiosa, em vez de geográfica, determinada pelas fronteiras do Cristianismo.
Como a expressão "Europa Cristã" sugere, os europeus passaram a se ver como parte de uma entidade que era, como o mundo islâmico, definida em termos religiosos. Citando o livro de 1957, "Europa: A Emergência de uma Ideia", Kaplan observou que "a unidade europeia começou com o conceito ... de uma Cristandade em 'oposição inevitável' ao Islã".
Para os líderes europeus negarem ou minimizarem essa realidade é uma injustiça para os cristãos e para a própria história. A proclamação da Europa sobre a dignidade de cada pessoa humana e sua compreensão da família e da própria sociedade são inconcebíveis sem o humus cristão de onde surgiram.
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