BTB, 11/02/2024
Por Kurt Zindulka
O ex-primeiro-ministro holandês Dries van Agt e sua esposa cometeram suicídio assistido legalmente por meio de eutanásia simultânea esta semana, revelou a organização sem fins lucrativos fundada pelo ex-líder holandês.
A emissora pública Nederlandse Omroep Stichting (NOS) relatou na sexta-feira que o ex-primeiro-ministro holandês Dries van Agt (de 93 anos), que liderou os Países Baixos de 1977 a 1982, e sua esposa Eugenie van Agt (de 93 anos) optaram na segunda-feira por tirar suas próprias vidas em um ato conjunto de eutanásia, o que é legalmente permitido sob supervisão médica na nação da Europa Ocidental.
Gerard Jonkman, diretor da organização sem fins lucrativos The Rights Forum fundada por Van Agt em 2009, disse que o ex-primeiro-ministro havia discutido a opção de suicídio assistido após sofrer um derrame cerebral em 2019, afirmando que ele disse que era uma "opção se a vida e o sofrimento se tornassem insuportáveis".
Desde então, a saúde de Van Agt, bem como a de sua esposa, declinou constantemente, de acordo com Jonkman, que disse: "Sua saúde se tornou cada vez mais frágil, e ele queria focar sua atenção em sua esposa, filhos e netos." Ele disse que a decisão de cometer suicídio assistido de mãos dadas veio de um sentimento de que eles "não poderiam viver um sem o outro".
O casal, que estava casado há sete décadas, foi enterrado junto na quinta-feira. A emissora pública holandesa observou que o suicídio assistido foi uma decisão curiosa de Van Agt, dado que ele era católico romano praticante – uma fé que condena o suicídio – e um ex-membro do conservador social do Partido Democrata-Cristão (CDA).
No entanto, Jonkman observou que o ex-primeiro-ministro sempre foi "idiossincrático" e que Van Agt "nunca verificou se suas próprias opiniões estão completamente alinhadas com as de um partido ou instituição".
Jonkman prosseguiu observando que Van Agt também se tornou mais "progressista" em seus últimos anos, chegando ao ponto de cancelar sua filiação ao CDA devido ao apoio do partido a Israel no conflito com o Hamas, e em sua visão ignorando o "imenso sofrimento infligido ao povo palestino".
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| O primeiro-ministro holandês Dries van Agt e sua esposa Eugenie conversam com o vice-presidente americano Walter Mondale. 21 de abril de 1979. |
A eutanásia conjunta é uma ocorrência relativamente rara nos Países Baixos, com apenas 58 pessoas, ou 29 casais, optando por encerrar suas vidas juntos em 2022 entre quase 9.000 casos de eutanásia sob supervisão médica, de acordo com a Associação Holandesa para o Fim Voluntário da Vida (NVVE).
Fransien van ter Beek, presidente da NVVE, disse que isso não acontece com muita frequência, em parte porque o processo exige que ambos os parceiros sejam questionados individualmente para descartar qualquer coerção.
"Portanto, não é um caminho fácil, porque ambos os parceiros devem ser avaliados separadamente", disse ela, acrescentando: "O requisito mais importante é que haja sofrimento sem esperança e insuportável, e o pedido deve ser voluntário e bem considerado."
No caso da eutanásia conjunta, dois médicos são necessários para realizar a operação para garantir que ambos os parceiros morram ao mesmo tempo. A presidente da NVVE disse: "Sabemos por experiência que as pessoas acham isso um pensamento bonito. Especialmente depois de uma vida juntos em que as pessoas se uniram uma com a outra... Você não precisa mais experimentar a morte da outra pessoa, então você se poupa do pesar."
O uso expandido da eutanásia no Ocidente se tornou uma questão cada vez mais polêmica, com o Canadá de Justin Trudeau sendo particularmente criticado. Diante das críticas públicas, o governo liberal de Trudeau voltou atrás no mês passado nos planos de estender o programa de Assistência Médica para Morrer (MAID) para pessoas que sofrem de doenças mentais.
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