Nltimes, 01/02/2024
Quatro em cada cinco assassinatos cometidos na Holanda estão ligados ao tráfico de cocaína. Os perpetradores desses assassinatos são todos homens, com idade média de 29 anos, e com uma média de 27 crimes em seus registros antes de seu primeiro assassinato. A ideia de que os assassinos estão ficando mais jovens e muitas vezes são desconhecidos da polícia está, portanto, incorreta, de acordo com um estudo da Polícia & Ciência sobre os 57 assassinatos cometidos na Holanda entre 2016 e 2021.
"Essa imagem provavelmente surgiu de casos de assassinatos de alto perfil e da imagem geral de que os perpetradores de crimes estão se tornando cada vez mais jovens, mas esse não é o caso com os assassinatos", disse o chefe de polícia Martin Stialsing ao Telegraaf sobre o estudo. "A pesquisa mostra que os assassinos frequentemente se envolvem no crime pela primeira vez em uma idade muito jovem –12 ou 13 anos. A pobreza muitas vezes desempenha um papel em casa, mas também o bairro onde crescem. Estruturas criminosas existentes em tal bairro têm um impacto negativo."
O número de assassinatos tem diminuído desde 2017. Cerca de 1 em cada 12 casos de assassinato ou homicídio culposo envolveu um assassinato. Ataques à luz do dia, como o assassinato do advogado Derk Wiersum em 2019, são raros. A maioria dos assassinatos acontece à noite, especialmente durante a semana, quando as rotinas das vítimas são mais claras. Curiosamente, os criminosos têm mais chances de serem assassinados por alguém de seu próprio círculo do que por rivais.
"O motivo para matar alguém mais frequentemente vem do próprio meio do que dos oponentes", disse a pesquisadora Sheila Adjiembaks ao Telegraaf. "Isso envolve quebra de contrato, roubo de dinheiro ou drogas, falar com a polícia ou alguém do ambiente criminoso. As amizades no ambiente criminoso são muito relativas. O perigo vem mais frequentemente de dentro do que de fora do próprio âmbito criminal."
A maioria dos assassinatos aconteceu em Noord e Zuid-Holland (26 por cento), seguido por Noord-Brabant (12 por cento) e Utrecht (12 por cento). Os assassinatos na Randstad geralmente envolviam cocaína; aqueles em Noord-Brabant mais frequentemente giravam em torno de maconha e drogas sintéticas. Não houve assassinatos em Friesland, Felvoland, Drenthe e Groningen nos anos examinados.
Outra ideia comum refutada pela pesquisa é que armas cada vez mais perigosas são usadas em assassinatos, disse Adjiembaks. "Em menos de um quarto dos assassinatos – 13 de 57 – foi usada uma arma totalmente automática, por exemplo, um Kalashnikov ou Skorpion. Não vemos aumento ou diminuição. O uso de tais armas pesadas não determina o risco para os espectadores. Não havia espectadores presentes em quase metade dos ataques."
Os pesquisadores identificaram quatro formas pelas quais os criminosos estão envolvidos em assassinatos. "Você tem os 'faça você mesmo', que cometem um assassinato com base em um conflito pessoal direto", disse Adjiembaks. "Então você tem o 'profissional', que comete assassinatos em nome de outra pessoa e muitas vezes o faz por ganho financeiro. Em terceiro lugar, vimos os 'ingênuos', que faziam trabalhos mais na periferia. Pense em colocar um rastreador ou localizar um alvo. O quarto grupo consiste nos 'sabe-tudo': condenados que negam seu papel, mas têm conhecimento da dinâmica no ambiente criminoso."
Segundo o chefe de polícia Sitalisng, este estudo ajudará nas futuras investigações sobre assassinatos. Mas seu principal benefício é que ele destaca novamente a importância de "boas posições de informação em bairros desfavorecidos" para evitar que crianças e jovens caiam no submundo criminal.
"Uma abordagem que leve em consideração todo o contexto em que os jovens vulneráveis crescem é necessária. Uma abordagem na qual parceiros como a polícia, municípios, mas também trabalhadores (juvenis) orientados para o distrito, professores, pais e jovens trabalhem em estreita colaboração. Somente quando essa importância for amplamente sentida podemos combater esse problema de forma eficaz e a longo prazo", disse Sitalsing.
Os pesquisadores divulgaram seu relatório na quarta-feira, o mesmo dia em que o Ministério Público (OM) exigiu sentenças de prisão perpétua contra três homens suspeitos de assassinar o repórter criminal Peter R. de Vries em 6 de julho de 2021 – o assassinato mais marcante na Holanda nos últimos anos.
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Fonte:https://nltimes.nl/2024/02/01/cocaine-trade-behind-four-five-assassinations-netherlands
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