LDD, 19/02/2024
O partido FMLN, que surgiu da guerrilha comunista e dominou a política salvadorenha nos últimos 30 anos, ficou sem nenhuma cadeira na Assembleia Legislativa de El Salvador. O partido de Bukele ficou com 54 das 60 cadeiras.
As eleições presidenciais de 4 de fevereiro passado deram uma vitória maciça de mais de 86% ao presidente Nayib Bukele, mas essa não foi a única vitória do oficialismo. Nas legislativas, o partido Nuevas Ideas obteve mais de 60% dos votos e deixou a esquerda completamente de fora do Parlamento.
Enquanto o partido de Bukele ficou com 54 das 60 cadeiras da Assembleia Legislativa, o Frente Farabundo Martí para a Libertação Nacional (FMLN), partido que surgiu da antiga guerrilha de esquerda que protagonizou a guerra civil entre 1980 e 1992, ficou sem nenhuma cadeira.
O FMLN é o partido mais importante de El Salvador desde o retorno à democracia, tendo governado em várias ocasiões nos últimos 30 anos e dominado o Congresso nos últimos dez.
No entanto, desta vez ficou completamente sem representação. A oposição ficou apenas nas mãos do partido Alianza Republicana Nacionalista (ARENA), de centro-direita e anti-Bukele, que obteve apenas 2 cadeiras, e do partido centrista liberal VAMOS, com 1.
Completam as 60 cadeiras o Partido de Concertación Nacional (PCN), de centro-direita e aliado de Bukele, com outras 2 cadeiras, e o Partido Democrata Cristão (PDC), com 1 cadeira.
O fim da política tradicional
ARENA e FMLN dominaram a política salvadorenha entre 1989 e 2019, quando Bukele chegou à presidência. Em comparação com essa eleição, perderam mais de 800.000 votos, mais de 30 pontos do eleitorado.
Ambos os partidos estiveram envolvidos em uma série de escândalos de corrupção, e seus principais líderes foram ligados ao narcotráfico, perdendo assim a confiança do eleitorado, tanto de esquerda quanto de direita.
No caso da ARENA, seu primeiro ex-presidente, Alfredo Cristiani, que governou o país entre 1989 e 1994, enfrenta um processo por lavagem de dinheiro. Por sua vez, o ex-presidente Antonio Saca foi condenado a 10 anos de prisão por uma série de atos de corrupção durante seu governo entre 2004 e 2009.
No caso do FMLN, os ex-presidentes Mauricio Funes, que governou entre 2009 e 2014, e Salvador Sánchez Cerén, que ocupou a presidência entre 2014 e 2019, enfrentam uma série de processos por corrupção durante seus governos.
Ambos os ex-presidentes se asilaram na Nicarágua e são protegidos pelo ditador comunista Daniel Ortega, que lhes concedeu a nacionalidade nicaraguense de maneira expressa para evitar sua extradição, e permanecem lá escondidos da polícia salvadorenha.
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