15 de jan. de 2024

Guatemala – tomada de posse do esquerdista Árevalo e o Partido dos juízes e procuradores




Quem é Bernardo Arévalo segundo a mídia 

Bernardo Arévalo é um sociólogo, diplomata e político guatemalteco de esquerda de 65 anos. Ele é o atual presidente da Guatemala, tendo sido eleito em agosto de 2023.

Arévalo é filho do ex-presidente da Guatemala Juan José Arévalo, que governou o país de 1945 a 1951. Ele nasceu em Montevidéu, Uruguai, durante o exílio de seus pais. Juan José Arévalo mudou a constituição durante sua presidência em 1945, pouco após ser eleito.

Arévalo estudou sociologia na Universidade de San Carlos da Guatemala e na Universidade de Salamanca, Espanha. Ele também fez pós-graduação em resolução de conflitos na Universidade de Harvard.

Arévalo trabalhou como diplomata da Guatemala por mais de 20 anos. Ele foi embaixador na Espanha de 1995 a 1996 e vice-ministro das Relações Exteriores de 1994 a 1995.

Em 2019, Arévalo se juntou ao Movimento Semila, um partido político recém-criado que se define como "ecologista, progressista e liberal". Arévalo foi eleito deputado do Congresso da Guatemala em 2020.

Arévalo se tornou candidato presidencial do Movimento Semila em 2023. Ele venceu as eleições com 58% dos votos, derrotando o candidato do partido conservador Vamos.

Arévalo é um político carismático e progressista que prometeu combater a corrupção e promover a justiça social na Guatemala. Ele é visto (e vendido) como uma esperança para um país que está cansado da instabilidade política e da desigualdade social.

Motivos que levaram Arévalo a se juntar ao Movimento Semila:

Ele compartilhava dos valores e objetivos do partido, que incluem a defesa da democracia, dos direitos humanos e da justiça social.

Ele acreditava que o Movimento Semila tinha o potencial de promover mudanças positivas na Guatemala.

Ele queria fazer parte de um projeto político que pudesse representar uma alternativa aos partidos tradicionais. 


O partido político tem 5 princípios ideológicos:

  1. A construção da democracia.
  2. A equidade como eixo norteador da ação pública.
  3. O reconhecimento de um país plural.
  4. Impulsionar a economia humana.
  5. Respeito pela natureza.


O Partido dos procuradores e do Departamento de Estado Americano, Semila

Ex-procuradores e juízes da Guatemala fizeram ou fazem parte do Movimento Semila.

O primeiro é o ex-procurador-geral da República, Jorge Antonio García Laguardia. García Laguardia foi procurador-geral de 2012 a 2015, durante o governo de Otto Pérez Molina. Ele é um membro fundador do Movimento Semila e foi eleito presidente do partido em 2022.

O segundo é o ex-juiz da Corte Suprema de Justiça, José Luis Ruiz Navas. Ruiz Navas foi juiz da Corte Suprema de 2014 a 2022. Ele é um membro do Movimento Semila e foi eleito vice-presidente do partido em 2022.

Além desses dois ex-procuradores e juízes, há outros membros do Movimento Semila que têm experiência no sistema de justiça guatemalteco. Por exemplo, o atual presidente do partido, Mario Taracena, é um advogado e ex-funcionário do Ministério Público.

O Movimento Semila é um partido político de centro-esquerda que foi fundado em 2021. O partido é liderado por uma coalizão de ex-membros do governo do ex-presidente Otto Pérez Molina, incluindo García Laguardia e Ruiz Navas. O partido defende políticas ambientais e progressistas, como a defesa da agenda LGBT, políticas sociais redistributivas e ambientais.

Embora o Movimento Semila seja um partido relativamente novo, ele já tem um impacto significativo na política guatemalteca. O partido ganhou as eleições legislativas de 2023 e atualmente controla a Câmara dos Deputados.

Thelma Aldana ex-candidata e procuradora corrupta

Thelma Aldana fez parte do Movimento Semila. Ela foi candidata à presidência pelo partido nas eleições de 2023, mas sua candidatura foi rejeitada pela Corte Constitucional de Guatemala.

Aldana é uma ex-procuradora-geral da República da Guatemala. Ela foi uma das principais figuras na investigação da corrupção durante o governo de Otto Pérez Molina. Ela foi forçada a renunciar ao cargo em 2018, após ser acusada de irregularidades.

Aldana se filiou ao Movimento Semila em 2022. O partido a escolheu como sua candidata à presidência nas eleições de 2023. Sua candidatura foi baseada em sua plataforma anticorrupção.

A candidatura de Aldana foi rejeitada pela Corte Constitucional de Guatemala em 2023. A Corte alegou que Aldana não tinha o direito de ser candidata porque havia sido condenada por um tribunal de ética profissional.

Aldana continua a ser uma figura importante na política guatemalteca. Ela é uma defensora da democracia e da justiça. Ela continua trabalhando para combater a corrupção no país.

Aldana usava seu poder para ir atrás principalmente dos políticos conservadores, como o presidente Giammattei, e era apoiada diretamente pelo Departamento de Estado dos Estados Unidos, tanto que quando foi intimada pela justiça pelos seus casos de corrupção, se exilou no país norte-americano. Lá ela alegou que era uma perseguida política, e que não poderia voltar, pois corria risco de prisão e de vida.




CICIG e ONU: Comissão Internacional Contra a Impunidade na Guatemala

A Comissão Internacional contra a Impunidade na Guatemala (CICIG) foi criada junto as Nações Unidas em 12 de dezembro de 2006, quando as Nações Unidas e o governo da Guatemala assinaram um acordo em nível de tratado estabelecendo a CICIG como um órgão independente para apoiar a Procuradoria Geral da Nação (Procuraduría General de la Nación), a Polícia Nacional Civil (Policía Nacional Civil) e outras instituições do Estado na investigação de casos sensíveis e difíceis.

O objetivo final do trabalho da CICIG é supostamente fortalecer as instituições judiciais nacionais, para permitir que continuem a enfrentar grupos ilegais e o crime organizado no futuro.

A criação da CICIG foi motivada pela crescente impunidade na Guatemala. De acordo com dados da própria CICIG, entre 97% e 98% dos crimes graves no país permanecem impunes. Essa impunidade é alimentada por uma série de fatores, incluindo a corrupção, a infiltração de grupos ilegais nas instituições do Estado e a falta de independência do sistema judicial.

A CICIG teve um papel importante na luta contra a impunidade na Guatemala. A comissão investigou uma série de casos de corrupção e crime organizado, incluindo o caso de Otto Pérez Molina, que foi presidente da Guatemala de 2012 a 2015. Pérez Molina foi condenado por corrupção e lavagem de dinheiro e está preso.

A CICIG também contribuiu para fortalecer as instituições judiciais nacionais. A comissão treinou e assessorou procuradores, policiais e juízes, ajudando-os a melhorar suas habilidades de investigação e julgamento.

O mandato da CICIG foi encerrado em 3 de setembro de 2019, após o governo da Guatemala expulsar o comissário-chefe da CICIG, Iván Velásquez. A expulsão de Velásquez foi um duro golpe para a luta contra a impunidade na Guatemala.

O presidente da Guatemala na época em que a CICIG foi criada era Óscar Berger. Berger era um empresário e político liberal do Partido Patriota, e governou a Guatemala de 2004 a 2008.

Em termos de política externa, Berger é um aliado dos Estados Unidos. Ele é um defensor da democracia e dos direitos humanos na América Latina.

Berger foi um dos principais apoiadores da criação da CICIG. Ele acreditava que a comissão era necessária para combater a impunidade e a corrupção na Guatemala.

O acordo que criou a CICIG foi assinado por Berger e pelo secretário-geral das Nações Unidas, Kofi Annan, em 12 de dezembro de 2006.

Os EUA tiveram influência direta no apoio a criação da CICIG 

Influência direta:

Os EUA foram um dos principais apoiadores da criação da CICIG. O governo dos EUA contribuiu com US$ 100 milhões para o orçamento da CICIG, e também forneceu assistência técnica e treinamento para os funcionários da comissão.

Além disso, o governo dos EUA pressionou o governo da Guatemala a assinar o acordo que criou a CICIG. Os EUA acreditavam que a CICIG era necessária para combater a impunidade e a corrupção na Guatemala, que eram consideradas ameaças à segurança regional.

Influência indireta

Os EUA também tiveram influência indireta na criação da CICIG. O governo dos EUA havia apoiado a criação de comissões semelhantes em outros países da América Latina, como a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) e a Comissão Nacional de Verdade e Justiça da Colômbia (CNVJ).

Essas comissões tiveram sucesso em investigar e responsabilizar os responsáveis por violações dos direitos humanos e crimes de guerra. O sucesso dessas comissões inspirou o governo da Guatemala a criar a CICIG.

Ligação e influência

A ligação entre os EUA e a CICIG é clara. Os EUA foram um dos principais apoiadores da criação da CICIG, e também forneceram assistência técnica e treinamento para os funcionários da comissão.

A influência dos EUA na CICIG é também evidente nos casos investigados pela comissão. Vários dos casos investigados pela CICIG envolveram pessoas que também estavam sendo investigadas ou processadas nos EUA.

Por exemplo, o caso de Otto Pérez Molina, ex-presidente da Guatemala, foi investigado pela CICIG e pelo Departamento de Justiça dos EUA. Pérez Molina foi condenado por corrupção e lavagem de dinheiro nos EUA e na Guatemala.

O caso de Pérez Molina é um exemplo da cooperação entre os EUA e a CICIG. A cooperação entre as duas entidades ajudou a levar à condenação de Pérez Molina, que era considerado um dos principais líderes da corrupção na Guatemala.

Em geral, os EUA tiveram uma influência significativa na criação e no funcionamento da CICIG. O apoio dos EUA foi essencial para o sucesso da comissão, que contribuiu para reduzir a impunidade e a corrupção na Guatemala. 

George Soros e Transparência Internacional

Assim como organismos como a Transparência Internacional tem influência direta sobre procuradores brasileiros, assim esse órgão (CICIG) também teve sobre si a influência desse organismo. O órgão é mantido e financiado por várias fundações globalistas e filantropistas de esquerda norte-americano. 

A Transparência Internacional é uma organização sem fins lucrativos que trabalha para promover a transparência, a accountability e o combate à corrupção. A organização tem sede em Berlim, na Alemanha, e possui escritórios em mais de 100 países.

O principal financiador da Transparência Internacional é a Fundação Ford. A Fundação Ford é uma organização filantrópica que apoia organizações que trabalham para promover a justiça social, a democracia e o desenvolvimento sustentável.

Outros financiadores da Transparência Internacional incluem:

  • Fundação Hewlett
  • Fundação Rockefeller
  • Fundação Open Society
  • União Europeia
  • Governos de vários países

A Transparência Internacional é financiada por uma combinação de doações privadas, doações governamentais e vendas de publicações e serviços. A organização publica relatórios sobre a corrupção em todo o mundo, e também trabalha para promover a transparência e a accountability em governos, empresas e organizações internacionais.

A Transparência Internacional teve um relacionamento próximo com a CICIG nos anos que antecederam sua dissolução. A Transparência Internacional foi um dos principais apoiadores da CICIG, e forneceu assistência técnica e financeira à comissão.

A Transparência Internacional também trabalhou em estreita colaboração com a CICIG para promover a transparência e a accountability na Guatemala. As duas organizações realizaram várias atividades conjuntas, como conferências, workshops e publicações.

Por exemplo, a Transparência Internacional e a CICIG lançaram um projeto conjunto em 2017 para promover a transparência no setor público da Guatemala. O projeto incluiu a realização de workshops para funcionários públicos, a publicação de relatórios sobre a corrupção no setor público e a criação de um portal de transparência.

A Transparência Internacional também apoiou a CICIG em seus esforços para combater a corrupção na Guatemala. A Transparência Internacional forneceu assistência técnica à CICIG para investigar casos de corrupção, e também ajudou a CICIG a desenvolver estratégias para aumentar a responsabilização dos corruptos.

Por exemplo, a Transparência Internacional ajudou a CICIG a investigar o caso de Otto Pérez Molina, ex-presidente da Guatemala. Pérez Molina foi condenado por corrupção e lavagem de dinheiro nos EUA e na Guatemala.

O relacionamento próximo entre a Transparência Internacional e a CICIG foi fundamental para o suposto sucesso da comissão. O apoio da Transparência Internacional ajudou a CICIG a realizar supostamente um trabalho importante na luta contra a impunidade e a corrupção na Guatemala. 

Conclusão

O que está acontecendo na Guatemala é uma luta pelo poder, onde de um lado forças internacionais estão dando apoio para uma classe de políticos de seu interesse, enquanto do outro há políticos que querem evitar e até tirar de circulação. Desde a prisão do ex-presidente hondurenho Juan Orlando Hernández, ficou claro que os EUA querem interferir mais intensamente nos assuntos da América Latina para atingir os seus objetivos, como sempre foi. No caso de Hernández, por exemplo, ele havia sido denunciado por um narcotraficante hondurenho condenado, no entanto, o mesmo traficante também havia apontado o dedo para o marido da presidente Xíomara Castro de Honduras, Manuel Zelaya. Zelaya já havia sido acusado de narcotráfico, bem como corrupção muito antes de Hernández, e posteriormente com ele. Quando ele foi deposto em 2009 por decisão judicial, e preso por militares, sob as ameaças de Hugo Chávez de invadir o país para colocá-lo de volta ao poder, Barack Obama, então presidente na época, prometeu restituir o ex-presidente hondurenho e fazer-lhe justiça. Zelaya teve livre trânsito entre Washington e Havana, na época em que se iniciavam as negociações de paz entre o estado colombiano e as FARC. Ele teve papel importante, aliás, nas negociações de 2010-2016, negociações essas apoiadas pelo governo de Barack Obama, inclusive com dinheiro, bem como todas as outras fundações que o seguiam e o mimavam, como Open Society, Fundação Ford, entre outros baluartes da promoção da "paz" e dos "direitos humanos". Desde então, os EUA tiveram interesse específico em minar os conservadores da Guatemala. Repetidas vezes Arévalo foi aos EUA tentar garantir sua chegada ao poder, com o país prometendo sanções e consequências graves para quem tentasse impedir o ato de tomada de posse. A Guatemala não é uma democracia, quando forças internacionais interferem diretamente na sua justiça e favorece políticos dos gostos da comunidade internacional. Assim como os EUA interferiram diretamente no nosso país para nossa desgraça, assim eles continuam fazendo impunemente o mesmo, na Guatemala, e em todo o globo.

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