Euronews, 03/01/2024
Pelo menos 103 pessoas morreram e 170 ficaram feridas em explosões durante uma cerimónia que marcava o quarto aniversário da morte do general iraniano Soleimani, assassinado num ataque dos EUA no Iraque.
Pelo menos 103 pessoas morreram em dois bombardeamentos que ocorreram junto do túmulo do general iraniano Qassim Soleimani, durante uma cerimónia que assinalava o quarto aniversário da morte do general da Guarda Revolucionária Iraniana.
De acordo com a AP, outras 170 pessoas ficaram feridas em resultado das explosões, que tiveram como alvo uma procissão perto da mesquita de Saheb al-Zaman, na cidade de Kerman, a cerca de 820 quilómetros de Teerã.
O vice-governador iraniano já veio dizer, segundo as agências internacionais, que se trata de um "ataque terrorista", sem elaborar sobre quem poderia estar por trás do atentado, numa altura de grande tensão no Médio Oriente.
Nenhum grupo reivindicou para já responsabilidade pelo ataque.
Na sequência da guerra em Gaza, as forças apoiadas pelo Irã têm estado envolvidas em confrontos com Israel, com ataques dentro de zonas limitadas entre Hezbollah e Israel, e ataques dos rebeldes houthis do Iémen contra navios no mar Vermelho.
O líder do Hezbollah, movimento libanês apoiado pelo Irã, tinha marcado um discurso para esta quarta-feira à noite para assinalar o aniversário da morte de Soleimani. O discurso ganhou outra relevância depois de na terça-feira um ataque em Beirute ter morto o "número dois" do Hamas.
Hassan Nasrallah já tinha dito que qualquer ataque de Israel no Líbano seria o cruzar de uma "linha vermelha". Até agora, Israel não confirmou nem desmentiu a autoria das explosões em Beirute.
Segundo a BBC, centenas de pessoas caminhavam esta quarta-feira em cortejo para junto do túmulo de Soleimani, que foi morto em 2020 no Iraque durante um ataque com drones lançado pelos Estados Unidos, durante a administração Trump. O general iraniano era visto como a mais poderosa figura do Irã logo a seguir ao líder supremo, o Ayatollah Ali Khamenei.
Soleimani era o líder da Al-Quds, uma das forças de elite da Guarda Revolucionária Iraniana, e tinha a seu cargo a organização e realização de missões clandestinas bem como as operações de financiamento, armamento e apoio logístico de grupos armados e governos aliados, incluindo o Hamas e o grupo xiita libanês Hezbollah.
Donald Trump, que ordenou que Soleimani fosse morto, descrevia o general como o "terrorista número um em qualquer parte do mundo".
O general iraniano foi também uma figura determinante na sobrevivência do governo do presidente sírio, Bashar Assad, após os protestos da Primavera Árabe de 2011.
A morte de Soleimani também atraiu grandes procissões no passado. No funeral, em 7 de janeiro de 2020, uma debandada causou 56 mortos e deixou centenas de feridos, após uma multidão ter começado a correr enquanto seguia o corpo do general.
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