1 de dez. de 2023

Bukele deixa o cargo para entrar na campanha: Quem manda em El Salvador?




PP, 30/11/2023 



A Constituição salvadorenha estabelece que, na ausência do presidente e do vice-presidente, um dos designados para a Presidência dirigirá o órgão Executivo. Junto com a concessão da licença, o Congresso deverá ratificar as pessoas propostas por Bukele indicadas à Presidência para substituí-lo.

San Salvador, 30 de novembro (EFE).- O presidente de El Salvador, Nayib Bukele, deverá solicitar nesta quinta-feira à Assembleia Legislativa uma licença do cargo a partir de 1º de dezembro, seis meses antes do término de seu mandato do Executivo, para se dedicar à campanha eleitoral em busca da reeleição em 2024, apesar das críticas que qualificam a medida de inconstitucional.

Este seria o último requisito, estabelecido em decisão da Câmara Constitucional do Supremo Tribunal Federal em 2021, para que Bukele concorra a um novo mandato nas eleições de 4 de fevereiro.

Abaixo estão cinco chaves para explicar a atual situação política salvadorenha:

1. Bukele está ausente

A decisão de setembro de 2021 do Supremo Tribunal determina que “o presidente que concorreu como candidato presidencial a um segundo mandato, deve ser obrigado a solicitar uma licença durante os seis meses anteriores” ao início do próximo mandato.

Bukele estará ausente do cargo desde sexta-feira, 1º de dezembro, e a Assembleia Legislativa deverá ouvir nesta quinta-feira o pedido de licença, no qual o presidente solicita autorização para se ausentar.

O acima exposto teria como objetivo “alcançar a concordância com o artigo 218 da Constituição, que estabelece a proibição de aproveitar o seu cargo para fazer propaganda eleitoral”, indicaram.

2. Quem substituirá Bukele?

A Constituição salvadorenha estabelece que, na ausência do presidente e do vice-presidente, um dos designados para a Presidência dirigirá o órgão Executivo.

Junto com a concessão da licença, o Congresso deverá ratificar as pessoas propostas por Bukele indicadas à Presidência para substituí-lo.

Bukele chegou ao Executivo em 2019 com o partido de 'extrema direita' Gran Alianza por la Unidad Nacional (Gana) como veículo eleitoral após o atraso no registro do seu partido Nueva Ideas (NI).

A Constituição salvadorenha aprova a renúncia do Presidente “por causa grave devidamente comprovada, que a Assembleia Legislativa qualificará”, e não estabelece que se dedique à campanha eleitoral, pois proíbe a reeleição.

Segundo vários juristas, o presidente pode enviar ao Congresso três propostas de indicação presidencial; caso contrário, caberá ao Legislativo escolher a pessoa.

O nomeado assumirá o cargo presidencial em 1º de dezembro e o deixará em 30 de maio de 2024.

3. Campanha até janeiro de 2024

Fora das funções presidenciais, Bukele tem até 31 de janeiro de 2024 para realizar a campanha eleitoral, que para candidatos presidenciais começou em 3 de outubro.

O Código Eleitoral estabelece que “só será permitida propaganda eleitoral quatro meses antes da data fixada em Lei para presidente e vice-presidente, e dois meses antes para deputados e Câmaras Municipais”.

O colegiado proíbe a difamação, a calúnia e a desinformação, e ressalta que quem “promover ou participar de desordens públicas será punido de acordo com a legislação comum”.

4. Segundo mandato

Numa rede nacional de rádio e televisão, transmitida na noite de terça-feira, o presidente Bukele disse que “deixará o seu cargo” para se dedicar à campanha eleitoral para “um segundo mandato”, omitindo a palavra reeleição.

No entanto, na resolução os juízes da Câmara Constitucional falam e permitem a reeleição, revertendo assim uma interpretação constitucional de 2014 que proibia a reeleição presidencial nos 10 anos seguintes após deixar o cargo.

A Constituição salvadorenha estabelece que não pode ser candidato à Presidência quem tenha exercido o cargo “por mais de seis meses, consecutivos ou não, no período imediatamente anterior”.

Os juízes indicaram que a interpretação de 2014 é “errônea” e salientaram que, na sua opinião, a Constituição permite que um cidadão seja presidente por um período máximo de 10 anos.

5. Será uma decisão do povo

Bukele destacou ainda que “será decisão do povo”, nas eleições de 2024, que ele retorne à Presidência.

A resolução afirma que a interpretação dos juízes “deixa de lado que permitir a indicação do presidente para concorrer novamente à presidência não implica de fato que ele será eleito”.

Os juízes constitucionais, acusados ​​pelos EUA de serem “leais” ao Executivo Bukele, indicaram que isto “implica apenas que o povo terá entre o seu leque de opções a pessoa que atualmente ocupa a presidência, e é o povo Quem decide se volta a confiar nele ou optar por uma opção diferente."

Não há como a interpretação proposta neste documento violar direitos fundamentais – nem das maiorias nem das minorias – uma vez que o poder de decidir entre um leque de opções fica sempre nas mãos do povo, do presidente que procura a reeleição é mais uma dessas opções”, observaram.

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Fonte:https://panampost.com/efe-panampost/2023/11/30/bukele-se-separa-de-su-puesto-para-ir-a-campana-quien-queda-a-cargo-en-el-salvador/ 

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