LDD, 27/09/2023
Por Santiago Vera
Se confirmado, será o terceiro lançamento bem sucedido de um satélite de reconhecimento pela divisão aeroespacial do Corpo da Guarda Revolucionária Islâmica do Irã.
O Corpo da Guarda Revolucionária Islâmica do Irã (IRGC) colocou em órbita com sucesso um terceiro satélite de reconhecimento de imagens, de acordo com oficiais da milícia iraniana. O IRGC opera seu próprio programa espacial paralelo às Forças Armadas Iranianas, e responde diretamente ao Líder Supremo, Aiatolá Ali Khamenei.
Duas autoridades confirmaram nesta quarta-feira que a divisão aeroespacial da força militar de elite colocou a terceira versão do satélite de imagem Nour, que significa “luz” em persa, em órbita baixa.
Noor-3 teria sido colocado em órbita a 450 quilômetros da superfície da Terra e, como seus antecessores, foi transportado para o espaço usando um porta-aviões Qased, que significa "mensageiro", desenvolvido pelo IRGC, confirmou a agência de notícias estatal IRNA, citando uma fonte do Ministério das Comunicações.
A primeira versão do Nour foi lançada com sucesso em abril de 2020, colocada numa órbita de 425 km acima da Terra. Desta forma, tornou-se o primeiro satélite de reconhecimento militar lançado pelo Irã após várias tentativas falhadas. Por sua vez, a segunda versão atingiu uma órbita baixa de 500 km no início de 2022.
Apesar das críticas do Ocidente, as autoridades iranianas prometeram continuar a expandir o programa de satélites. Recorde-se que, em Agosto de 2022, um satélite de propriedade iraniana e construído pela Rússia, considerado capaz de captar imagens de alta resolução, foi lançado com sucesso a partir de uma base no Cazaquistão, um aliado próximo da Rússia.
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| Imagem ilustrativa de mísseis e porta-mísseis fabricados no Irã no norte de Teerã, Irã |
O anúncio do lançamento do Nour-3 ocorre em meio à tensão latente do Irã com o Ocidente. Neste sentido, não houve reconhecimento imediato do lançamento do satélite por parte das autoridades ocidentais, dado que as autoridades iranianas ainda não divulgaram imagens do lançamento.
O Ocidente sugeriu que o desenvolvimento de satélites iranianos pode violar uma resolução do Conselho de Segurança das Nações Unidas, que apoia o acordo nuclear de 2015 entre o Irã e as potências mundiais, uma vez que a tecnologia poderia ser usada para facilitar armas nucleares.
De acordo com fontes de inteligência dos EUA, tal veículo de lançamento de satélite “encurta o cronograma” para um ICBM para o Irã, já que ambos utilizam “tecnologias semelhantes”. O Irã rejeitou repetidamente tais alegações, sustentando que o seu programa nuclear é inteiramente pacífico.
O acordo nuclear, formalmente conhecido como Plano de Ação Conjunto Global (JCPOA), permanece no limbo depois de os Estados Unidos se retirarem unilateralmente dele em 2018, e reimporem sanções ao Irã sob a administração de Donald Trump.
Autoridades iranianas sugeriram recentemente que estão abertas a regressar ao acordo, mas precisam de certas garantias por parte dos seus homólogos ocidentais. No entanto, juntamente com as tensões persistentes sobre o programa nuclear do Irã, as acusações ocidentais de que o Irã armou a Rússia com veículos aéreos não tripulados para o seu esforço na Ucrânia, dificultam a revitalização do JCPOA ou a obtenção de um novo acordo.
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