IP, 13/09/2023
O chatbot de inteligência artificial ChatGPT diagnosticou pacientes levados às emergências pelo menos tão bem quanto os médicos e, em alguns casos, superou-os, descobriram pesquisadores holandeses, dizendo que a IA poderia “revolucionar o campo médico”.
Mas o relatório publicado nesta quarta-feira também enfatizou que os médicos do pronto-socorro não precisam pendurar seus uniformes ainda, com o chatbot potencialmente capaz de acelerar o diagnóstico, mas não substituir o julgamento e a experiência médica humana.
Os cientistas examinaram 30 casos tratados num serviço de emergência na Holanda em 2022, fornecendo ao ChatGPT o histórico anonimizado do paciente, testes laboratoriais e as próprias observações dos médicos, pedindo-lhe que fornecesse cinco diagnósticos possíveis.
Eles então compararam a lista do chatbot com os mesmos cinco diagnósticos sugeridos pelos médicos do pronto-socorro com acesso às mesmas informações e, em seguida, cruzaram com o diagnóstico correto em cada caso.
Os médicos tiveram o diagnóstico correto entre os cinco primeiros em 87 por cento dos casos, em comparação com 97 por cento para a versão 3.5 do ChatGPT e 87 por cento para a versão 4.0.
“Simplificando, isso indica que o ChatGPT foi capaz de sugerir diagnósticos médicos da mesma forma que um médico humano faria”, disse Hidde ten Berg, do departamento de medicina de emergência do Hospital Jeroen Bosch, na Holanda.
O coautor Steef Kurstjens disse à AFP que a pesquisa não indica que um dia os computadores possam operar o pronto-socorro, mas que a IA pode desempenhar um papel vital na assistência aos médicos sob pressão.
“O ponto principal é que o chatbot não substitui o médico, mas pode ajudar a fornecer um diagnóstico e talvez apresentar ideias nas quais o médico não tenha pensado”, disse Kurstjens à AFP.
Grandes modelos de linguagem, como o ChatGPT, não são projetados como dispositivos médicos, enfatizou ele, e também haveria preocupações de privacidade sobre a alimentação de dados médicos confidenciais e sensíveis em um chatbot.
'Erros'
E como em outras áreas, o ChatGPT apresentou algumas limitações.
O raciocínio do chatbot era “às vezes implausível ou inconsistente do ponto de vista médico, o que pode levar a informações erradas ou diagnósticos incorretos, com implicações significativas”, observou o relatório.
Os cientistas também admitiram algumas deficiências na pesquisa. O tamanho da amostra foi pequeno, com 30 casos examinados. Além disso, foram analisados apenas casos relativamente simples, com pacientes apresentando uma única queixa primária.
Não estava claro até que ponto o chatbot se sairia bem em casos mais complexos. “A eficácia do ChatGPT em fornecer múltiplos diagnósticos distintos para pacientes com doenças complexas ou raras permanece não verificada.”
Às vezes, o chatbot não fornecia o diagnóstico correto nas suas cinco principais possibilidades, explicou Kurstjens, principalmente no caso de um aneurisma abdominal, uma complicação potencialmente fatal quando a artéria aorta incha.
O único consolo para o ChatGPT: nesse caso o médico também errou.
O relatório expõe o que chama de “erros” médicos cometidos pelo chatbot, por exemplo, ao diagnosticar anemia (níveis baixos de hemoglobina no sangue) em um paciente com contagem de hemoglobina normal.
“É vital lembrar que o ChatGPT não é um dispositivo médico e há preocupações com a privacidade ao usar o ChatGPT com dados médicos”, concluiu ten Berg.
“No entanto, há potencial aqui para economizar tempo e reduzir o tempo de espera no pronto-socorro. O benefício do uso da inteligência artificial pode ser o apoio a médicos com menos experiência, ou pode ajudar na detecção de doenças raras”, acrescentou.
As descobertas – publicadas na revista médica Annals of Emergency Medicine – serão apresentadas no Congresso Europeu de Medicina de Emergência (EUSEM) 2023, em Barcelona.
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Fonte:https://insiderpaper.com/chatgpt-diagnoses-er-patients-like-a-human-doctor-study/
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