LDD, 17/08/2023
Por Santiago Vera
Um conjunto de agências das Nações Unidas alertam que o número de refugiados sudaneses nos países vizinhos ultrapassou um milhão, e que a falta de alimentos e serviços vitais no interior do país está matando milhares de pessoas.
Mais de 1 milhão de pessoas fugiram do Sudão para os estados vizinhos porque as pessoas ainda dentro do país estão ficando sem comida, e morrendo por falta de assistência médica após quatro meses de guerra civil, confirmaram na terça-feira um grupo de agências especializadas das Nações Unidas e EUA.
“O tempo está se esgotando para os agricultores plantarem as safras que irão alimentar a eles e seus vizinhos. Os suprimentos médicos são escassos. A situação está fora de controle", disseram as agências da ONU no comunicado conjunto. Além disso, mais de seis milhões de sudaneses estavam “a um passo da fome” .
Os combates entre o Exército Sudanês e as Forças de Apoio Rápido (FAR), que eclodiram em 15 de abril como resultado de tensões relacionadas à transição para um governo civil, não apenas desencadearam um conflito abrangente no Sudão, que vai além da capital, Cartum, mas também provocaram combates com matizes étnicos em Darfur, ameaçando mergulhar o Sudão em uma guerra civil prolongada.
Em discurso na segunda-feira, o chefe do Exército, Abdel Fattah al-Burhan, acusou as FAR, uma organização paramilitar pró-Rússia que tentou dar um golpe e alimentou a guerra civil, de tentar "levar o país a uma era anterior ao Estado moderno", e “cometer todos os crimes imagináveis”.
No entanto, o vice-chefe do Conselho Soberano do Sudão, Malik Agar, afirmou que “no final das contas, esta guerra vai acabar numa mesa de negociações”, no que deve ser entendido como um possível abrandamento da posição do Exército, citando as dificuldades que os cidadãos estão enfrentando.
As agências da ONU observaram que mais de 14 milhões de crianças precisam de ajuda humanitária e mais de quatro milhões de pessoas fugiram das áreas de combates, tanto dentro das fronteiras do país quanto fora delas para os estados vizinhos.
 |
| Migração do Sudão para o Chade |
Especificamente, de acordo com dados oficiais da Organização Internacional para Migração, a guerra fez com que 1.017.449 pessoas cruzassem do Sudão para os países vizinhos, enquanto outras 3.433.025 foram deslocadas internamente.
Nesse contexto, a ONU e grupos de direitos humanos acusaram militares e paramilitares das FAR de cometerem violações de direitos humanos.
As milhões de pessoas que permanecem em Cartum e em várias cidades nas regiões de Darfur e Kordofan enfrentaram saques desenfreados e longos blecautes de eletricidade, comunicações e água.
Embora "os restos mortais de muitos dos mortos não tenham sido recolhidos, identificados ou enterrados", a ONU estima que mais de 4.000 pessoas perderam suas vidas, disse Elizabeth Throssell, porta-voz do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH), em um briefing em Genebra. Além disso, as agressões sexuais aumentaram 50%, disse Laila Baker, funcionária do Fundo de População da ONU.
Grandes áreas do país sofrem desde domingo com um apagão de energia, que também derrubou redes móveis, segundo um comunicado da Autoridade Reguladora de Eletricidade. Além disso, fortes chuvas sazonais destruíram ou danificaram as casas de até 13.500 pessoas, estimou a ONU.
Além disso, a ONU também está com falta de fundos para ajudar 19 milhões de sudaneses. Até agora, a ONU recebeu um quarto dos US$ 2,57 bilhões solicitados para ajudar as pessoas dentro do Sudão, e apenas 31% dos US$ 566 milhões solicitados para ajudar os refugiados.
Diante disso, as agências da ONU garantiram ao povo do Sudão que "continuarão a pressionar para que todas as pessoas e todas as áreas do Sudão tenham acesso a suprimentos humanitários e serviços essenciais".
 |
| Produto migratório da guerra no Sudão |
Artigos recomendados: Sudão e WW3
Nenhum comentário:
Postar um comentário