LDD, 27/05/2023
Por Santiago Vera
Washington alerta que o grupo Wagner está prolongando o conflito e causando mais caos no Sudão, enquanto sanciona o chefe da empresa no Mali.
Os Estados Unidos acusaram o Grupo Wagner de fornecer mísseis terra-ar às Forças de Apoio Rápido (FAR), jogando mais lenha na fogueira de um conflito que em pouco mais de um mês já deslocou quase 1,3 milhão de pessoas.
Além disso, o Departamento do Tesouro dos EUA também impôs sanções ao líder de Wagner no Mali, acusando-o de tentar obter armas para os esforços da Rússia na Ucrânia.
"No Sudão, o Grupo Wagner tem fornecido às Forças de Apoio Rápido do Sudão mísseis terra-ar para combater os militares sudaneses, contribuindo para um conflito armado prolongado que só resulta em mais caos na região", disse o comunicado do Tesouro dos EUA.
Enquanto isso, Washington tem ajudado a negociar vários acordos de cessar-fogo, embora estes tenham sido sistematicamente violados por ambos os lados beligerantes. Os Estados Unidos dizem que seu principal objetivo no Sudão é reduzir a violência antes de trabalhar para o fim permanente dos combates e devolver o país ao governo civil.
No mês anterior, o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, havia dito que as autoridades legítimas do Sudão têm o direito de usar os serviços do grupo Wagner, se desejarem. Diplomatas ocidentais em Cartum haviam dito já em 2022 que Wagner estava envolvido na mineração ilícita de ouro no Sudão e estava espalhando desinformação.
No mês passado, o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, expressou preocupação com a possibilidade de envolvimento de Wagner no Sudão, dizendo que o grupo "simplesmente traz consigo mais morte e destruição".
"É em tantos países diferentes, e na África, um elemento que, quando comprometido, simplesmente traz consigo mais morte e destruição", disse Blinken durante uma entrevista coletiva conjunta com seu homólogo queniano, Alfred Mutua. "É muito importante que não vejamos mais envolvimento no Sudão", disse.
O Tesouro também disse que o presidente russo, Vladimir Putin, "recorreu ao Grupo Wagner para continuar sua guerra" na Ucrânia. Além disso, como parte do anúncio, os Estados Unidos impuseram sanções a Ivan Aleksandrovich Maslov, chefe de Wagner no Mali.
O Departamento do Tesouro dos EUA defendeu a imposição de sanções dizendo que os funcionários do grupo podem estar tentando trabalhar no país da África Ocidental para adquirir equipamentos como minas, drones, radares e sistemas de contrabateria para uso na Ucrânia.
"As sanções do Tesouro contra o representante mais importante do Grupo Wagner no Mali identificam e interrompem um operacional-chave que apoia as atividades globais do grupo", confirmou o subsecretário do Tesouro para Terrorismo e Inteligência Financeira, Brian Nelson.
"A presença do Grupo Wagner no continente africano é uma força desestabilizadora para qualquer país que permita a implantação dos recursos do grupo em seu território soberano", disse Nelson.
"O Grupo Wagner pode estar tentando esconder seus esforços para adquirir equipamentos militares para uso na Ucrânia, incluindo o trabalho através do Mali e de outros países onde tem um ponto de apoio", disse o Tesouro no comunicado oficial.
"Na verdade, há indícios de que a Wagner tem tentado comprar sistemas militares de fornecedores estrangeiros e encaminhar essas armas através do Mali como um terceiro", disse o porta-voz Matthew Miller a repórteres na segunda-feira.
"Não vimos, até agora, qualquer indicação de que essas aquisições tenham sido finalizadas ou executadas, mas estamos monitorando a situação de perto", acrescentou a autoridade americana.
No início de 2023, os Estados Unidos rotularam a Wagner de "organização criminosa transnacional" e impuseram sanções a seus principais líderes.
Artigos recomendados: África e Rússia
Nenhum comentário:
Postar um comentário