Cem pessoas, incluindo muitas crianças, foram mortas recentemente quando o exército de Mianmar atacou a cidade de Sagaing, onde um grupo de resistência armada realizava uma campanha, com ataques aéreos.
Dois anos depois que os militares tomaram o poder em Mianmar, a violência aumentou para conter a luta armada generalizada contra seu governo. Os ataques vão desde ataques aéreos a aldeias até a prisão e até assassinato de pessoas que clamam por democracia, incluindo membros civis do Movimento de Desobediência Civil.
Como alto funcionário de Mianmar, Ko Myo levava uma vida confortável com sua família. Tudo mudou quando os governantes militares começaram a persegui-lo junto com milhares de outros membros do Movimento de Desobediência Civil. Isso forçou ele e sua família a fugir para a vizinha Tailândia.
Ao falar com a CBN News em um local não revelado, ele também pediu para reter sua identidade por motivos de segurança. Ele disse: "Em Mianmar, podemos ser presos e mortos. Meus colegas foram capturados pelos militares. Alguns foram mortos e outros estão na prisão. Aqui estamos a salvo dos militares, mas não tenho emprego. Dependemos de rações de alimentos de diferentes organizações. Preocupo-me com o futuro de nossas crianças".
A sua mulher, "Mazar", emocionou-se ao dizer que vivem com os dois filhos num país onde têm de se esconder porque a Tailândia recusa-se a aceitar refugiados de Myanmar.
As lágrimas vieram a Mazar: "É muito doloroso deixar tudo, nossa casa, nossa família e nosso sustento em troca de nossa segurança. Não sabemos qual será nosso futuro, mas posso confiar em Deus."
Como cristã, Mazar diz que tem motivos para ser grata por sua situação ter levado seu marido budista a ir à igreja com ela. E continua: “Daqui tiro força e esperança. Creio no Salmo 91 que diz que Deus nos salvará de todos os perigos”.
Tendo desfrutado da democracia quando Mianmar se abriu para o mundo em 2010, seu povo agora está desiludido e sofrendo, especialmente a geração mais jovem. Muitos acham que não têm escolha a não ser lutar contra o regime militar com armas, como um grupo de mulheres que entrevistamos que fugiu de Mianmar e está treinando com as Forças de Defesa do Povo (PDF).
O PDF é o braço armado civil com a missão de defender e proteger as vidas, propriedades e meios de subsistência do povo de Mianmar contra os abusos do governo militar. Suas verdadeiras identidades são ocultadas por motivos de segurança.
Um deles nos disse: "Estamos prontos para sacrificar nossas vidas pela democracia e pela geração futura. Eu estava dando água para os manifestantes e os militares me viram e me perseguiram. Os militares matam as massas nas ruas e é por isso que protestos pacíficos não são o caminho. Temos que lutar com armas porque eles vão nos matar de qualquer maneira."
O agravamento da situação em seu país levou essas mulheres a arriscar suas vidas pela liberdade. Como disse outro membro do PDF: "Meu sonho não é para mim, mas para meu país recuperar a democracia. Sem democracia, meu sonho não tem sentido. Se alcançarmos a democracia, outros podem sonhar comigo com coisas melhores no futuro."
Segundo o Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas, esse conflito obrigou mais de 1,6 milhão de pessoas a deixar suas casas em Mianmar, e 17,5 milhões precisam de ajuda humanitária.
Pior de tudo, o Conselho impediu que grupos humanitários internacionais levassem ajuda a áreas que dela precisavam desesperadamente. É aqui que organizações cristãs como os Free Burma Rangers entram na brecha.
O coordenador voluntário do Free Burma Rangers, James Gonzales, explicou: "Quando as organizações que querem ajudar não podem entrar na zona de perigo, acreditamos que Deus nos chamou para ir e ajudar naquele ambiente. Levamos remédios, material escolar, profissionais médicos treinados. Para muitos deles perderam a esperança. Queremos lembrá-los de que Jesus ainda está sentado em seu trono. Se você o seguir, ele o sustentará nesta vida e na próxima."
Os missionários treinados pela CBN também estão ajudando as vítimas do conflito, abrigando crianças cujos pais estão lutando em Mianmar. Enquanto estão sob seus cuidados, eles recebem educação gratuita e aprendem sobre Deus e seu amor por eles.
Após a entrevista, o grupo convidou integrantes das Forças de Defesa Popular para vivenciar pela primeira vez um encontro de oração. Os missionários rezam para que a experiência crie nesses jovens soldados uma memória duradoura da verdadeira paz e liberdade que só Deus pode dar.
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