IP, 12/04/2023
A Arábia Saudita recebeu delegações históricas do Irã e da Síria nesta quarta-feira, enquanto os países do Golfo se preparam para restabelecer os laços diplomáticos após anos de amargas divisões.
Apenas algumas horas depois que a mídia estatal iraniana disse que uma delegação havia aterrissado em Riad, a Arábia Saudita anunciou a chegada do ministro das Relações Exteriores da Síria a Jeddah - a primeira viagem desse tipo desde o início da guerra civil no país em 2011.
Com o presidente do Irã também esperado na Arábia Saudita em breve, e os sauditas negociando com os rebeldes Huthi do Iêmen nesta semana em uma tentativa de acabar com os combates lá, o otimismo floresceu para a turbulenta região do Golfo durante o mês sagrado muçulmano do Ramadã.
“Iranianos e sírios estão na Arábia Saudita no mesmo dia. Isso é totalmente louco e inconcebível há alguns meses”, disse à AFP um diplomata árabe radicado em Riad.
Na sexta-feira, representantes de nove países árabes se reunirão em Jeddah para discutir a possibilidade de o país há muito isolado do presidente sírio, Bashar al-Assad, participar de uma cúpula da Liga Árabe no próximo mês.
Antes disso, o ministro das Relações Exteriores da Síria, Faisal Mekdad, se reunirá com seu homólogo saudita para discutir “esforços para alcançar uma solução política para a crise síria que preserve a unidade, segurança e estabilidade da Síria”, disse o Ministério das Relações Exteriores saudita.
– Agitação diplomática –
Mais cedo, Teerã anunciou a chegada da delegação iraniana a Riad para abrir caminho para a reabertura de missões diplomáticas, sete anos após uma amarga ruptura de relações.
A visita ocorre depois que uma delegação saudita fez uma viagem semelhante à capital do Irã e segue uma reunião histórica na China entre os ministros das Relações Exteriores dos dois governos, que prometeram trazer estabilidade à região problemática.
“A delegação iraniana tomará as medidas necessárias para reabrir a embaixada em Riad e o consulado geral em Jeddah, bem como as atividades do representante permanente do Irã na Organização de Cooperação Islâmica (sediada em Jeddah)”, disse o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do Irã, Nasser Kanani. em um comunicado.
O presidente do Irã, Ebrahim Raisi, foi convidado para a Arábia Saudita, de acordo com Teerã. Seria a primeira viagem de um presidente iraniano à Arábia Saudita desde que Mahmoud Ahmadinejad participou de uma reunião regional em Meca em 2012.
A enxurrada de atividades diplomáticas segue o anúncio histórico do mês passado, mediado pela China, de que o Irã e a Arábia Saudita, que apoiaram lados opostos em conflitos no Oriente Médio, trabalhariam para retomar os laços.
Riad rompeu relações em 2016 depois que manifestantes iranianos atacaram missões diplomáticas sauditas após a execução do clérigo xiita saudita Nimr al-Nimr – um em uma série de conflitos entre os inimigos de longa data.
Desde o anúncio de 10 de março, os ministros das Relações Exteriores dos dois países se reuniram na China e uma delegação técnica saudita se reuniu com o chefe de protocolo do Irã em Teerã na semana passada, segundo a agência oficial de notícias saudita.
A delegação saudita, que chegou a Teerã no sábado, deve voar para a segunda maior cidade do Irã, Mashhad, na quinta-feira, disse Kanani.
– Negociações de trégua no Iêmen –
À medida que os contatos aumentam, a Arábia Saudita também está negociando com os rebeldes huthis do Iêmen, apoiados pelo Irã, oito anos depois de lançar uma intervenção militar destinada a desalojá-los do poder em seu vizinho empobrecido.
O embaixador saudita Mohammed Al-Jaber viajou para Sanaa, a capital do Iêmen controlada pelos rebeldes, esta semana na esperança de “estabilizar” uma trégua caducada e trabalhar para uma “solução política abrangente” entre os Huthis e o governo deposto.
A Arábia Saudita formou uma coalizão multinacional para lutar contra os huthis em 2015, depois que os rebeldes assumiram o controle de Sanaa e grandes áreas do país, forçando o governo a fugir.
O Iêmen se tornou um grande campo de batalha e os dois países também disputam influência na Síria, Iraque e Líbano.
Analistas dizem que a Arábia Saudita, maior exportadora de petróleo do mundo, agora quer sair da guerra de oito anos para se concentrar em projetos domésticos destinados a diversificar sua economia dependente de energia.
Washington recebeu com cautela a reaproximação entre os sauditas e o adversário dos EUA, o Irã, apesar do papel da China, que vê como seu maior adversário global.
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Fonte:https://insiderpaper.com/syria-fm-in-saudi-for-first-visit-since-war-began-statement/
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