BTB, 15/03/2023
Por Frances Martel
A presidente esquerdista de Honduras, Xiomara Castro, anunciou na terça-feira que instruiu o principal diplomata do país a estabelecer relações oficiais com a China comunista, provavelmente rompendo uma aliança de mais de 80 anos com Taiwan.
Honduras é um dos apenas 14 países a reconhecer Taiwan como nação parceira. O governo da China comunista se recusa a manter qualquer relação diplomática com países que reconhecem verdadeiramente a soberania de Taiwan. De acordo com o “Princípio de Uma China” de Pequim, a República Popular da China – não a República da China, o nome formal de Taiwan – é o único estado chinês no mundo, e Taiwan é uma província da China. A China considera o governo federal taiwanês eleito democraticamente uma entidade “separatista” criminosa.
Os Estados Unidos, apesar de manterem relações amistosas informais com Taiwan, não reconhecem sua soberania. Washington segue um conceito vago conhecido como “política de uma China”, que afirma que existe apenas uma China no mundo, mas não esclarece se ela está sediada em Taipei ou em Pequim.
Taiwan é uma nação totalmente independente com sua própria infraestrutura militar e política. A nação insular nunca em sua história foi governada por um governo sediado em Pequim. O atual governo chinês, embora regularmente ameace invadir Taiwan, não exerce nenhuma autoridade política sobre o país.
Castro, anunciando casualmente uma mudança dramática na postura diplomática de Honduras via Twitter, não detalhou até o momento que tipo de relacionamento Tegucigalpa espera construir com o Partido Comunista Chinês.
“Instruí o ministro das Relações Exteriores, Eduardo Reina, a iniciar o estabelecimento de relações oficiais com a República Popular da China”, escreveu Castro, “como uma demonstração de minha determinação em cumprir o Plano de Governo e expandir as fronteiras com liberdade em conjunto com as nações do mundo."
He instruido al Canciller Eduardo Reina, para que gestione la apertura de relaciones oficiales con la República Popular China, como muestra de mi determinación para cumplir el Plan de Gobierno y expandir las fronteras con libertad en el concierto de las naciones del mundo.
— Xiomara Castro de Zelaya (@XiomaraCastroZ) March 14, 2023
O “Plano de Governo” é o portfólio de políticas de Castro, uma ampla gama de políticas de extrema esquerda que ela afirma ajudarão o progresso do país empobrecido.
O governo Castro não mencionou Taiwan nem esclareceu se pretende cortar relações com o país. A China, no entanto, não aceita pedidos de relações diplomáticas formais de países que reconhecem Taiwan. O governo da China reagiu com entusiasmo ao anúncio, apesar da falta de detalhes, sugerindo que Honduras realmente concordou em encerrar seu relacionamento com a democracia insular.
“Congratulamo-nos com a declaração do lado hondurenho”, disse o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Wang Wenbin, a repórteres na quarta-feira. “O fato de 181 países terem estabelecido relações diplomáticas com a China com base no princípio de Uma Só China mostra plenamente que estabelecer relações diplomáticas com a China é a escolha certa que está de acordo com a tendência da história e de nossos tempos.”
“A China está pronta para desenvolver relações amistosas e cooperativas com todos os países, incluindo Honduras, com base no princípio de Uma Só China”, afirmou Wang.
O Ministério das Relações Exteriores (MOFA) de Taiwan pareceu insinuar em uma declaração sobre o assunto que Honduras não havia cortado formalmente os laços com Taipei e que as autoridades taiwanesas continuavam em comunicação com o governo hondurenho. A declaração do MOFA disse que Taiwan “expressou grande preocupação com o assunto” e trabalharia para “fortalecer ainda mais a comunicação com o governo e todos os setores da sociedade de Honduras”, aparentemente mantendo a comunicação.
O MOFA também alertou Honduras para não confiar no governo comunista chinês.
“A China não tem nenhuma intenção de promover uma cooperação que beneficie o bem-estar do povo hondurenho”, diz o comunicado. “Taiwan pede que Honduras considere cuidadosamente o assunto para não cair na armadilha da China e tomar uma decisão errônea que prejudicará seus muitos anos de amizade bilateral com Taiwan.”
Castro, esposa do ex-presidente de extrema esquerda Manuel Zelaya, tornou-se presidente em janeiro de 2022. Tanto Zelaya quanto Castro apoiaram abertamente os regimes repressivos e violadores dos direitos humanos de outros países governados por esquerdistas em Cuba, Venezuela e Nicarágua, e o casal fugiu para a Nicarágua após a saída de Zelaya do poder em 2009. A própria Castro homenageou publicamente o falecido ditador venezuelano Hugo Chávez, que supostamente apoiou Zelaya após sua queda do poder.
Xiomara Castro, ao lado de seu marido Zelaya, deposto em 2009 por querer fazer aliança com Hugo Chávez. Zelaya é quem manda de verdade |
Castro enviou mensagens confusas aos eleitores sobre a China enquanto concorreu à presidência no ano passado, alegando que mudar a lealdade de Taiwan não era uma prioridade, mas expressando apoio à ideia de estabelecer laços com Pequim. O jornal estatal chinês Global Times informou em dezembro de 2021que Castro “prometeu que ela estabeleceria relações diplomáticas com a República Popular da China”, mas em janeiro Castro negava que isso estivesse em sua agenda.
A agência de notícias argentina Infobae noticiou na quarta-feira que Castro enviou Reina, sua chanceler, para a posse do criminoso socialista Luiz Inácio Lula da Silva como presidente no Brasil em 1º de janeiro, onde Reina manteve uma reunião informal com o vice-chanceler chinês Xie Feng – uma reunião que pode ter levado ao anúncio desta semana.
Honduras estabeleceu relações diplomáticas com Taiwan em 1941 e tem desfrutado de uma relação bilateral produtiva e cordial nos mais de 80 anos que se passaram desde então, que viram Taiwan evoluir para um dos estados mais livres do mundo. A organização não governamental Freedom House classificou Taiwan como um país totalmente livre em seu relatório anual “Freedom in the World” divulgado este mês, citando seu “sistema democrático vibrante e competitivo”, mídia totalmente livre e capacidade dos cidadãos de se envolverem uns com os outros economicamente.
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