Ex-presidentes do Peru: presos, mortos e investigados |
O Peru está atualmente no centro da crise política latino-americana. O país tem enfrentado a dissolução política e social nos últimos anos, onde vários ex-presidentes foram pegos em casos de corrupção e tentaram dar golpes de estado. Às vezes apoiados pela população, e noutras não. Assim como os demais países da América Latina, o Peru também sofreu com a ascensão dos grupos marxistas, principalmente de guerrilhas, que se alastraram nos anos 60 aos 80 por toda a região. Golpes e contragolpes fazem parte da história do continente. Durante anos o Peru encarou grupos guerrilheiros, como o Maoísta Sendero Luminoso, do falecido terrorista, Abimael Guzmán, com quem o padrinho de Castillo, Vladimir Cerron, tinha fortes laços.
A atual crise política e institucional do Peru reside em duas pessoas chave: Pedro Pablo Kuczynski e Martin Vizcarra. Apesar dos presidentes anteriores (de esquerda) serem responsável pela crise política, Kuczynski e Vizcarra (de direita) são responsáveis pela crise institucional atual, pois foi graças às manobras de ambos, na tentativa de emparelhar as instituições, que a crise tornou-se mais aguda. Envolvido nos casos da Odebrecht, Kuczynski em 2018 tornou-se o quarto presidente peruano preso no mesmo caso. Durante seu mandato ele tentou se limpar nos seus antecessores de esquerda, e se apresentar como um líder no combate a corrupção. Mas seu fim precoce trouxe desalento aos peruanos, que viram os dois espectros políticos se afunilar no banco dos réus da corrupção.
O ex-presidente tentou várias vezes emparelhar o judiciário como uma forma de se blindar. Seus escândalos se acumularam, mas suas ações controversas, ou contraditórias, também pesaram muito sobre sua presidência. O ex-presidente foi lançado ao pleito como um líder católico e pró-vida, mas em pouco tempo, passou de um católico, a um promotor vocal da ideologia de gênero – inclusive usando o judiciário para tal. Sua predileção por abandonar a agenda conservadora, e passar a impor uma agenda de esquerda, somente revelou que seu fim precoce semelhante aos ex-presidentes de esquerda tinha total sentido. Os peruanos não só abandonaram o apoio ao ex-presidente por sua flagrante corrupção, mas por seu autoritarismo e descaso com a vontade popular.
Após seus escândalos virem a público, Kuczynski passou a sofrer pressão popular e do parlamento. Em pouco tempo, o caso Odebrecht que estava em bom curso no Brasil, colocou mais pressão sobre sua presidência. Logo o ex-presidente estaria impichado e preso. Mas a crise no país não acabaria, pois seu sucessor, o vice-presidente Martin Vizcarra terminaria de jogar o país ainda mais no caos institucional. De março de 2018 a Novembro de 2020, Vizcarra atuaria no posto de presidente. Apesar de ser vice de Kuczynski, ele era visto com bons olhos, pois se afastou do presidente e passou a atacá-lo, como uma forma de obter legitimidade. Outros políticos opositores também estavam sob escrutínio da justiça, o que fez com que ele tirasse proveito para ganhar legitimidade sobre a classe política do país, e apoio popular.
Vizcarra usou a desculpa de que a justiça era lenta para julgar aqueles políticos que vociferavam falsamente contra o ex-presidente, enquanto se fingiam de oposição proba, e implacável contra a corrupção. Os peruanos, cansados de ver ex-presidentes presos e parlamentares sob suspeita, abraçaram o fatalismo de Vizcarra, e passaram a apoiar uma reforma judicial radical. Vizcarra aproveitou-se da opinião popular e propôs uma série de reformas para supostamente combater a corrupção endêmica no sistema político peruano. O povo foi às ruas para que essa reforma se concretizasse. Mas Vizcarra sabia muito bem que o que ele queria não era uma justiça idônea, e eficaz, mas sim dócil e controlável.
Assim como Kuczynski, Vizcarra tinha uma agenda política paralela ao do povo peruano médio. Ele promoveu de todas as formas a ideologia de gênero nas escolas, e ao não conseguir impô-la pela canetada, ele passou a usar juízes como ponta de lança. Não obtendo êxito por conta da oposição do parlamento, ele propôs reformas em todo sistema judicial do país. Assim, ele conseguiria tanto se blindar de investigações, como impor a agenda de seu antecessor. Ele usou a indignação popular com casos de corrupção para empurrar uma reforma no judiciário. Porém, ele não conseguiu, e propôs dissolver o parlamento, e convocar novas eleições. A maioria dos parlamentares era de oposição, e eles se opunham as políticas de Vizcarra que impunham a ideologia de gênero e o emparelhamento do judiciário. Por conta disso, parte da população se voltou contra o ex-mandatário.
Mas graças aos militares peruanos, Vizcarra em 2019 acabou por ganhar legitimidade no seu golpe. Vizcarra não conseguiria impor a ideologia de gênero via judiciário e se blindar juridicamente por juízes fantoches, sem a ajuda dos militares peruanos. O fatalismo dos peruanos, e sua indignação com toda a classe política catapultaram Vizcarra ao poder, e deram legitimidade ao seu golpe; o segundo golpe na história do Peru. Mas Vizcarra não teria muito tempo para sorrir, pois pouco depois, seu envolvimento no mesmo caso de corrupção do seu antecessor também viria a público. Os novos eleitos, com quem Vizcarra pensava que teria um bom diálogo por serem de esquerda, logo o trairiam e o tirariam do poder. Com uma pandemia e políticas sanitárias draconianas, sua popularidade cairia, e sua legitimidade política minguaria. O resultado foi investigações com provas robustas contra si, e seu impeachment. Porém, o fatalismo do povo peruano não pararia por aí.
Após cair em desgraça, Vizcarra saiu da presidência, e um período de vacância deixou o país sob cuidados do presidente do Senado até a eleição de 2021, na qual Castillo ganharia. Vizcarra e Kuczynski trouxeram a crise institucional ao país, pois eram presidentes de direita, mas ambos foram pegos nos mesmos esquemas, e um deles tentou (e conseguiu) dar um golpe no parlamento com apoio civil e militar. Os peruanos entraram no fatalismo de vez, e seu desalento com figuras da velha política, acabou por dar a Castillo legitimidade, e seu partido marxista, Peru Libre, um partido relativamente novo no cenário. Logo a forma de vingança do peruano foi atirar no próprio pé. Embora não estivessem ligados aos esquemas da velha política, os comunistas do Peru Libre tinham os seus próprios para implementar.
Da prisão de Ollanta Humala, ao suicídio de Alan Garcia, e a prisão de Alejandro Toledo nos EUA, o Peru tem passado por crises políticas sem fim. Mas a crise institucional só se tornou realidade graças à falsa direita peruana de Kuczynski e Vizcarra e os militares, que legitimaram esse último. O fato de duas instituições estarem deslegitimada de forma funcional, e demonstra como não há fim para a crise política, pois demonstra como o mecanismo de dissolução e regime de exceção coloca todo o resto das instituições em cheque, e a democracia em risco. Não importa quem chegue à presidência, se os militares apoiarem essa pessoa, a democracia deixa de existir em um piscar de olhos.
Contudo, atores regionais estrangeiros também tiveram um papel nesta crise, e um deles é o México do presidente Lopez Obrador. Obrador tem sido um fiador da esquerda latino-americana: legitimando Maduro desde seu primeiro dia de mandato, o líder do narco-estado passou a dar refúgio para ditadores em suas embaixadas na região. Evo Morales, que rejeitou dar asilo ao terrorista marxista italiano, Cesare Battisti, acabou ganhando asilo na embaixada do México em La Paz, de onde articulava atos terroristas e outras ações criminosas. Agora se sabe que o presidente mexicano também estava em dívida com o golpista comunista Castillo. O que coloca o México como um dos principais auxiliadores nos golpes na região. Contudo, o México age sob a supervisão e aprovação de um parceiro fundamental, os Estados Unidos.
Biden, que tem legitimado a esquerda latino-americana que inunda suas fronteiras com refugiados, muitos deles criminosos, narcotraficantes e até terroristas, parece não se importar o suficiente para mitigar a influência maligna de atores estrangeiros na tentativa de jogar a região no autoritarismo, que só lhes interessa. Pelo contrário! Suas ações não só legitimam grupos autoritários e criminais, como dão total legitimidade para atores estrangeiros atuarem com mais desenvoltura. A Venezuela do ditador Nicolás Maduro tem sido grandemente beneficiada. E apesar das acusações de envio de narcóticos para o seu país, Biden não parece se importar o suficiente para parar de financiar a ditadura. Ditadura essa, que está sendo colonizada rapidamente pelo Irã, uma ameaça nuclear iminente. Enquanto esse conluio continuar, a região pegará fogo até virar cinzas.
O Peru ainda não está livre do Comunismo, e agora precisa se livrar do que resta do lixo marxista de Castillo. O descrédito político no Peru tem o dedo do Foro de São Paulo, mas sua continuidade tem as impressões digitais do Deep State americano, da esquerda globalista.
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