Por Ken Moritsugu
PEQUIM (AP) - A cidade chinesa de Xangai começou a administrar uma vacina contra o COVID-19 inalável nesta quarta-feira, no que parece ser a primeira vez no mundo.
A vacina, uma névoa que é aspirada pela boca, está sendo oferecida gratuitamente como dose de reforço para pessoas previamente vacinadas, de acordo com um anúncio em uma conta oficial de mídia social da cidade.
Os cientistas esperam que essas vacinas “sem agulhas” tornem a vacinação mais acessível em países com sistemas de saúde frágeis porque são mais fáceis de administrar. Eles também podem persuadir as pessoas que não gostam de levar uma injeção no braço a serem vacinadas.
A China quer que mais pessoas recebam doses de reforço antes de relaxar as restrições estritas da pandemia que estão travando a economia e estão cada vez mais fora de sincronia com o resto do mundo. Em meados de outubro, 90% dos chineses estavam totalmente vacinados e 57% receberam uma dose de reforço.
Um vídeo postado por uma mídia estatal chinesa online mostrou pessoas em um centro de saúde comunitário colocando o bico curto de um copo branco translúcido em suas bocas. O texto que acompanhava dizia que, depois de inalar lentamente, as pessoas prendem a respiração por cinco segundos, com todo o procedimento concluído em 20 segundos.
“Foi como beber uma xícara de chá com leite”, disse um morador de Xangai no vídeo. “Quando eu respirei, tinha um gosto um pouco doce.”
A eficácia das vacinas sem agulha não foi totalmente explorada. Os reguladores chineses aprovaram o inalável em setembro, mas apenas como reforço depois que estudos mostraram que ele desencadeou uma resposta do sistema imunológico em pessoas que haviam recebido anteriormente duas doses de uma vacina chinesa diferente.
Uma vacina tomada por via oral pode afastar o vírus antes que ele atinja o resto do sistema respiratório, embora isso dependa em parte do tamanho das gotículas, disse um especialista.
Gotículas maiores treinariam defesas em partes da boca e garganta, enquanto as menores viajariam mais para dentro do corpo, disse a Dra. Vineeta Bal, imunologista da Índia.
A vacina inalável foi desenvolvida pela empresa biofarmacêutica chinesa CanSino Biologics Inc. como uma versão em aerossol da vacina contra adenovírus da empresa, que usa um vírus do resfriado relativamente inofensivo.
A vacina tradicional de dose única foi aprovada para uso em mais de 10 mercados, incluindo China, Hungria, Paquistão, Malásia, Argentina e México. A versão inalada recebeu aprovação para testes clínicos na Malásia, disse uma reportagem da mídia malaia no mês passado.
Reguladores na Índia aprovaram uma vacina nasal, outra abordagem sem agulha, mas ainda não foi lançada. A vacina, desenvolvida nos EUA e licenciada para a fabricante indiana de vacinas Bharat Biotech, é esguichada no nariz.
Cerca de uma dúzia de vacinas nasais estão sendo testadas globalmente, de acordo com a Organização Mundial da Saúde.
A China confiou em vacinas desenvolvidas internamente, principalmente duas vacinas inativadas que se mostraram eficazes na prevenção de mortes e doenças graves, mas menos do que as vacinas Pfizer e Moderna para impedir a propagação da doença.
As autoridades chinesas também não exigiram a vacinação – entrar em um prédio de escritórios ou outros locais públicos exige um teste COVID-19 negativo, não prova de vacinação. E a estrita abordagem “zero-COVID” do país significa que apenas uma pequena proporção da população foi infectada e construiu imunidade dessa maneira, em comparação com outros lugares.
Como resultado, não está claro o quão amplamente o COVID-19 se espalharia se as restrições fossem levantadas. Até agora, o Partido Comunista no poder não mostrou sinais de afrouxar a política de “zero-COVID”, agindo rapidamente para restringir as viagens e impor bloqueios quando apenas alguns casos são descobertos.
As autoridades ordenaram na quarta-feira o bloqueio de 900.000 pessoas em Wuhan, a cidade onde o vírus foi detectado pela primeira vez no final de 2019, por pelo menos cinco dias. Na remota província de Qinghai, os distritos urbanos da cidade de Xining estão fechados desde sexta-feira passada.
Em Pequim, a Universal Studios disse que fecharia seus hotéis e atrações “para cumprir a prevenção e controle da pandemia”. A cidade de mais de 21 milhões de pessoas registrou 19 novos casos nas últimas 24 horas.
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Fonte:https://kesq.com/news/2022/10/26/afraid-of-needles-china-rolling-out-oral-covid-19-vaccine/
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