Prefeita Femke Halsema |
Nltimes, 28/10/2022
A prefeita Femke Halsema foi conversar com manifestantes anti-aborto (pró-vida) do lado de fora da clínica de aborto em Amsterdã nesta quinta-feira. Ela tentou fazê-los perceber que poderiam estar sendo vistos como intimidadores e perguntou se estariam dispostos a ficar mais longe da clínica. Não adiantou. A conversa resultou em pouco mais do que um aborrecimento, relata Het Parool.
Os manifestantes estão atualmente a 25 metros da entrada da clínica em Sarphatistraat, onde os visitantes estacionam suas bicicletas ou carros. Dois homens e duas mulheres ficam atrás de uma mesa com livretos e panfletos, com uma faixa e um cartaz de protesto mostrando um bebê na barriga de uma mulher. Eles também filmam tudo com um GoPro, incluindo as mulheres que visitam a clínica.
O conselho da cidade de Amsterdã está discutindo se pode manter os manifestantes mais longe – como em Haia ou Arnhem, que têm zonas tampão de 100 metros. Halsema é a favor de manter a clínica o mais acessível possível e proteger as mulheres já vulneráveis contra assédio. Mas ela enfrenta um dilema. O direito fundamental de manifestação se aplica aqui. Enquanto ela não puder provar que esses manifestantes estão atrapalhando o "direito a cuidados de saúde", Halsema não pode afastá-los ainda mais sem arriscar que eles ganhem processos judiciais contra a cidade.
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Halsema perguntou aos manifestantes por que eles eram contra o aborto. Um dos homens explicou com retórica que eles não eram contra o aborto, mas a favor da vida. Halsema tentou novamente, um pouco aborrecida: "Está bem, você é a favor da vida. Mas por que você está aqui? Você espera por mulheres que vêm aqui para obter uma operação com total privacidade?".
Uma manifestante disse a prefeita que eles estavam lá para ajudar as mulheres que tinham dúvidas. Segundo ela, as mulheres são gratas por eles. Porém, ela (a prefeita) acredita que os manifestantes são retratados incorretamente na mídia. Segundo ela, "eles não parecem intimidadores, e não se impõem às mulheres e não são agressivos”.
Halsema salientou que as mulheres que vêm à clínica de aborto "já são vulneráveis" e sentem os manifestantes como sendo intimidadores. Algumas mulheres evitam a clínica nos dias em que os manifestantes estão lá, disse Halsema. Ela perguntou se os manifestantes podem ver que pelo menos esse grupo de mulheres os considerava intimidadores.
Mas não. Segundo os manifestantes, eles não são os perpetradores, mas as vítimas da intimidação. Eles gravam tudo na GoPro para sua proteção, e disseram que é porque as pessoas os assediam quando passam.
Um policial comunitário que trabalha na área confirmou que os protestos não são bem recebidos.
Algumas outras pessoas também se juntaram à discussão. Femke van Staaten, diretora da clínica de aborto, disse a prefeita que os manifestantes causam muitos problemas para a clínica e que sua presença é intimidadora. Um clínico geral apontou que é estupidez supor que as mulheres aparecem em uma clínica sem considerar suas opções de antemão.
Quando um manifestante apontou que “é só para fazer dinheiro” na clínica de aborto, Halsema revirou os olhos e retrucou: “As pessoas são ajudadas” na clínica de aborto.
Percebendo que a conversa não estava indo a lugar nenhum, Halsema disse aos manifestantes que sempre faria de tudo para garantir o pleno direito de manifestação. Ela perguntou se eles estariam dispostos a se afastar um pouco mais. Um dos homens respondeu que preferiam estar bem ao lado da entrada da clínica.
A prefeita Halsema disse aos manifestantes que eles estavam atrapalhando os direitos a cuidados de saúde das mulheres, e que ela procuraria evidências e maneiras legais para poder afastá-los ainda mais.
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Fonte:https://nltimes.nl/2022/10/28/amsterdam-mayor-confronts-pro-life-demonstration-abortion-clinic
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