Euronews, 26/09/2022
Entre os primeiros líderes estrangeiros a felicitarem a coligação de direita pela vitória nas eleições em Itália estiveram os primeiros-ministros da Polônia, Mateusz Morawiecki, e da Hungria, Viktor Orbán.
O partido de extrema-direita, Irmãos de Itália, foi o mais votado, devendo a sua líder, Giorgia Meloni, ser a próxima chefe de governo, e provável aliada da ala mais conservadora na União Europeia (UE).
"Haverá, provavelmente, um realinhamento da posição de Itália para uma maior proximidade do governo da Polónia, em particular. Devemos recordar-nos que o partido de extrema direita de Giorgia Meloni, os Irmãos de Itália, é um aliado do partido político Lei e Justiça, da Polônia", disse o analista Luca Tadini, da Universidade Livre de Bruxelas, em entrevista à euronews.
"Portanto, haverá, provavelmente uma viragem da Itália para uma posição mais eurocética no que diz respeito às questões dos migrantes e, em particular, às políticas sobre direitos civis e das minorias", acrescentou Luca Tadini.
Considerando que o novo governo na Suécia (eleições a 11 de setembro) também deverá incluir o apoio de um partido de extrema-direita, deverá haver um "bloco soberanista" e eurocético mais representativo no interior da UE.
"Quando houve o voto contra o regime de Viktor Orbán no Parlamento Europeu e a imposição de mais restrições ao governo húngaro pela Comissão Europeia, os eurodeputados eleitos pelos partidos de Meloni e de Salvini votaram contra. Ficou clara a sua posição de apoio à Hungria. Logo é muito paradoxal que Georgia Meloni diga que quer colocar a Itália no centro da Europa, quando o resultado das eleições aponta para que a Itália seja posta de lado no interior da UE", afirmou Leila Simona Talani, analista no King's College de Londres.
🚨Itália 🇮🇹: Eleições Italianas.
— Ivan Kleber (@lordivan22) September 25, 2022
Projeção de assentos na câmara.
Centro-direita: 219-257 assentos
Centro -esquerda:68-104 assentos
Movimento Cinque Stelle: 41-51 assentos
Terceiro polo: 16-20 assentos
A participação dos eleitores foi de 64% contra 74% de 2018.
Política económica pode "descarrilar"
Espera-se que a atual posição italiana sobre a guerra na Ucrânia, mantendo o alinhamento com a UE contra a Russia, não seja questionada pelo novo governo. Já outros temas, como a migração e a economia poderão ser ser fonte de preocupação para as instituições europeias.
"Meloni tem afirmado que não haverá mudanças na política orçamental, etc, mas toda a campanha eleitoral da coligação de centro-direita se baseou na promessa de cortes nos impostos, em particular no imposto único. O resultado é, basicamente, a redução das receitas para o orçamento, o que vai claramente a aumentar o défice orçamental e a dívida pública face ao PIB", explicou Leila Simona Talani.
A Comissão Europeia diz estar pronta para trabalhar com qualquer governo eleito num Estado-membro, mas uma coisa é clara: lidar com Giorgia Meloni e os seus ministros não será o mesmo que lidar com a equipa de europeísta convicto Mario Draghi, que sairá de cena.
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