BBC, 07/07/2022
Por Vanessa Buschschluter
As freiras da ordem Missionárias da Caridade, fundada por Madre Teresa de Calcutá, deixaram a Nicarágua depois que o governo de Daniel Ortega fechou sua associação junto com outras organizações de caridade e civis.
As freiras foram escoltadas pela polícia até a fronteira e atravessaram a pé até a vizinha Costa Rica depois de serem forçadas a dissolver o grupo e fechar suas instituições de caridade.
As freiras foram tratadas como animais, levadas pela polícia até a fronteira com a Costa Rica em um caminhão e forçadas a deixar o território a pé. Uma situação triste e revoltante, mas que conta com os aplausos da esquerda latino-americana e com o silêncio de seus apoiadores. pic.twitter.com/YAqmRjfJHd
— Filipe G. Martins (@filgmartin) July 12, 2022
A sua organização é uma das últimas a ser encerrada no quadro da ofensiva do Presidente Daniel Ortega contra os seus opositores.
A Igreja Católica denunciou abertamente as violações dos direitos humanos na Nicarágua.
Expulsas
A mídia local informou que 18 freiras das Missionárias da Caridade foram levadas para a fronteira em um ônibus escoltado por oficiais de migração e policiais.
Em 28 de junho, o parlamento nicaraguense, no qual a maioria são membros do partido sandinista do presidente Ortega, retirou sua personalidade jurídica.
As Missionárias da Caridade, criadas em 16 de agosto de 1988 durante o primeiro governo sandinista (1979-1990) após a visita de Madre Teresa de Calcutá à Nicarágua, mantinham um berçário, um lar para meninas maltratadas ou abandonadas e um lar de idosos, que começou a fechar em 15 de junho.
Um departamento do governo que supervisiona as organizações não-governamentais acusou-as de "não cumprir suas obrigações" de declarar a origem de seus fundos.
Mais de 200 organizações foram fechadas na Nicarágua desde 2018 por supostas violações de novas e rígidas leis de financiamento.
Entre os fechados está a renomada Academia Nicaraguense de Línguas, bem como uma instituição de caridade médica que oferecia cirurgias para crianças com fenda palatina.
Essas organizações banidas pelo Executivo da Nicarágua estão incluídas nas medidas promovidas desde dezembro de 2018, oito meses depois de eclodir uma revolta popular – causada por polêmicas reformas previdenciárias – descrita como tentativa de golpe por Ortega.
A tensão entre o governo de Daniel Ortega e a Igreja Católica é alta desde que o clero abrigou estudantes que protestavam contra o presidente da Nicarágua durante uma onda de protestos contra o governo em 2018.
Em 2019, Silvio Báez, um dos bispos mais críticos do governo Ortega, deixou o país após receber várias ameaças de morte.
E mais recentemente, em março, o governo expulsou o Núncio Apostólico - o equivalente a um embaixador da Igreja Católica - em uma decisão que o Vaticano chamou de "movimento unilateral injustificado".
O próprio presidente Ortega acusou o clero católico de ser um "elemento golpista" e o descreveu como sendo (constituídos de uns) "diabos de batina".
O presidente de 76 anos está em seu quarto mandato consecutivo após "vencer" as eleições presidenciais de 2021, amplamente denunciadas como uma farsa.
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Fonte:https://www.bbc.com/mundo/noticias-america-latina-62078505
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