RM, 03/06/2022
Por Marketa Sichtarová
A questão não é se haverá um apagão, mas sim quando ele virá
Na quinta-feira, 2 de junho, Praga teve um bom vislumbre da vida sem energia elétrica depois que um apagão de menos de uma hora atingiu a capital. A situação lembrou a muitas pessoas que, com a atual política energética europeia, a questão não é se haverá um apagão, mas sim quando ocorrerá, escreve Markéta Šichtařová para o diário Echo24.
Sabemos que as fontes de energia renovável são menos estáveis que as fontes convencionais. Ainda é impossível substituir totalmente uma unidade de energia de uma fonte de energia antiga pela mesma unidade de energia de uma fonte renovável. No entanto, a Europa está desligando fontes antigas mais rapidamente do que instalando novas capacidades. Além disso, há falta de recursos energéticos clássicos, não apenas por razões políticas e pela agenda verde, mas também devido à guerra. Além disso, o sistema de transmissão elétrica da República Tcheca não foi projetado para um aumento tão acentuado das energias renováveis.
No caso de uma interrupção mais longa, não podemos testar o que não funcionará - quando as baterias de reserva em muitos dispositivos acabarem, mais do que apenas a eletricidade deixará de funcionar. Não poderemos reabastecer e, se você tiver um gerador particular, não poderá colocar combustível nele. A rede de telefonia móvel falhará e os tchecos não poderão ligar para ninguém, mesmo que consigam carregar seus telefones. Tanto os cartões de crédito quanto os caixas eletrônicos deixarão de funcionar, portanto, nada de compras e, claro, a internet também não funcionará.
Cigarros e preservativos se tornam a moeda da República Tcheca
Existem algumas precauções mínimas que você pode tomar para esse cenário: Tenha algum dinheiro extra à mão, um suprimento de comida que não precise ser cozido, um isqueiro e uma botija cheia de gás. Desde o início da guerra na Ucrânia, vimos até uma tendência se desenvolver em que as pessoas estão preparando substitutos de moeda na forma de minúsculas barras de ouro. Quando perguntados sobre o que está alimentando essa demanda, eles respondem que não confiam em nenhuma moeda fiduciária e querem ter algo para pagar “pelo pão”. É uma ideia um tanto ingênua, considerando que no caso de um apagão real, nenhuma padaria terá capacidade sequer para assar pão.
No entanto, cenários anteriores catastróficos, extremos e improváveis fornecem um roteiro para o futuro. Sabemos o que aconteceu, por exemplo, durante o bombardeio da Sérvia ou a crise econômica na Venezuela. No primeiro caso, houve uma ruptura da infraestrutura e, no segundo, vimos um colapso da moeda fiduciária. Se você adivinhou que ouro ou dinheiro em espécie funcionam muito bem em tais situações, você está certo, mas apenas parcialmente. Você pode usar ambos no mercado negro que surgirá imediatamente. O problema é que a escassez física real de dólares e ouro acaba se desenvolvendo nessas economias caóticas e, no final, cigarros e preservativos se tornam as formas de moeda mais utilizadas.
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