Guillermo Lasso |
EXP, 29/06/2022
A moção promovida pela bancada parlamentar da União pela Esperança (Unes) não prosperou.
O presidente do Equador, Guillermo Lasso, foi salvo de ser destituído pela Assembleia Nacional (Parlamento), quando uma moção para retirá-lo do poder, promovida pelo grupo parlamentar de oposição União para a Esperança (Unes), relacionada ao ex-presidente Rafael, não prosperou.
A iniciativa de destituição de Lasso ficou 12 votos aquém do seu objetivo, pois exigia o voto favorável de dois terços do Parlamento, o equivalente a 92 dos 137 parlamentares, mas o resultado da votação final foi de 80 votos a favor contra 48 contra e 9 abstenções. A votação ocorreu após 18 horas de debate.
A moção foi apresentada pelo deputado da Unes, Fernando Cedeño, por causa da "grave crise política e comoção interna" no contexto dos protestos contra o governo pelo custo de vida, liderados pelo movimento indígena e camponês, que deixam já seis mortos, incluindo um soldado, e cerca de 400 feridos.
Os membros da assembleia tiveram que votar até três vezes, pois houve um pedido de retificação por erro de um voto e, em seguida, um pedido de reconsideração apresentado pelo partido no poder para ratificar o indeferimento da moção pela câmara.
A favor da moção, a bancada da Unes e parte do grupo parlamentar do movimento indigenista e multinacional Pachakutik, braço político da Confederação de Nacionalidades Indígenas do Equador (Conaie), principal promotora dos protestos, que já estão em seu décimo sexto dia.
O partido no poder votou contra, tendo apenas 13 deputados, mas foi apoiado pelo Partido Social Cristão e por forças da oposição como a Esquerda Democrática, que preferiu votar a favor da estabilidade.
A "morte cruzada"
A eventual destituição de Guillermo Lasso pela Assembleia implicou a chamada "morte cruzada", pois implica a convocação de eleições gerais antecipadas com as quais se renovaria também a formação do Legislativo, onde a oposição atualmente tem maioria.
Foi a isso que apelaram nas sessões de debate os representantes do Correismo, que defenderam as eleições antecipadas como solução para a crise provocada pelos protestos.
Horas antes, durante a última sessão do debate na Assembleia, Guillermo Lasso denunciou em uma mensagem de vídeo uma tentativa do Correismo "de assaltar a democracia, e aproveitar o caos para destruir o quadro institucional no Equador " .
Quienes defendemos la democracia no vamos a permitir que destruyan la institucionalidad del Ecuador. Hago un llamado a los asambleístas para que cumplan con su responsabilidad con el país. pic.twitter.com/9MGpLM8XWO
— Guillermo Lasso (@LassoGuillermo) June 28, 2022
O presidente, que recentemente completou um ano no poder após vencer o segundo turno das eleições presidenciais contra o candidato do Correísta Andrés Arauz, rejeitou "as ameaças, chantagens, perseguições e intimidações daqueles que, com seu voto na Assembleia Nacional, estão dispostos a defender a institucionalidade e a paz".
Nota do editor do blog: o erro que as instituições equatorianas cometeram foi o mesmo que cometeram na Bolívia: Evo Morales, o chefe de um cartel de drogas disfarçado de grupo de proteção a tradições indígenas, se lançou ao exílio depois de receber uma reprimenda militar. Luiz Almagro, o chefe da OEA que constatou fraude nas eleições, permitiu que o partido de Morales disputasse as eleições, mesmo sabendo que o partido e seus quadros são participantes nos crimes de estado de estado do líder indígena. O resultado foi que Luís Arce, o candidato de Morales venceu (seja lá como), e passou a perseguir opositores políticos legítimos, que não usurparam o poder, mas sucederam o líder após ele de livre e espontânea vontade ter se exilado. Mesmo no exílio, Morales deu amostras de sua veia terrorista, instando os grupos indígenas e partidários a fechar vias, queimar caminhões com comida, e atacar opositores. Mesmo assim, Almagro permitiu que o seu partido disputasse as eleições. No Equador, Rafael Correa tinha recebido uma ordem de prisão, pois investigações contra si estavam sendo engavetadas por juízes amigos. Lenin Moreno simplesmente trocou os juízes afetos de Correa, e a justiça começou a cobrá-lo. Depois disso, como um rato Correa fugiu. Mas seu partido corrupto, e seus partidários terroristas permaneceram no país, e estão tocando o terror, independente da ausência de seu líder, que coordena tudo confortavelmente no exterior. Lasso tenta negociar com aqueles que querem usurpar o poder que ele obteve legitimamente, e esse é o seu erro: o partido de Correa deveria ser ilegalizado, para que o mesmo erro não ocorra como na Bolívia. Além disso, a crise penitenciária propiciada por líderes narcotraficantes – com quem ele teimosamente também negociou por intermédio de ONGs – tem ligações diretas com Correa, uma vez que contra o ex-presidente também constavam acusações de envolvimento com o narcotráfico, e com as FARC.
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