4 de mai. de 2022

Uma Análise da Agenda do Controle Demográfico




Forcing Change, Volume 6, Edição 6.



"O controle da natalidade é uma questão de grande importância, particularmente em relação à possibilidade de um governo mundial..." [Bertrand Russell, 1].

"A fertilidade humana é agora a maior ameaça de longo prazo para os padrões humanos, tanto espirituais quanto materiais." [Julian Huxley, 2].

"O objetivo seria metade da população mundial atual, ou menos." [The Environmental Handbook, 1970, 3].

"Como podemos ajudar um país estrangeiro a se livrar da superpopulação? Claramente, a pior coisa que podemos fazer é enviar comida... Bombas atômicas seriam mais gentis..." [Garrett Hardin, 4].

De acordo com o Departamento do Censo dos EUA, a população mundial ultrapassou o marco dos 7 bilhões de habitantes em algum momento em meados de março de 2012. [5]. Mas, a verdadeira agitação ocorreu no ano passado, quando as Nações Unidas previram 31 de outubro de 2011 como a data simbólica da ultrapassagem. Antecipando-se ao grande evento numérico e ao futuro crescimento da população, o principal editor sobre ambientalismo da revista National Geographic, Robert Kunzig, fez a seguinte pergunta: "Conseguirá o planeta suportar a pressão demográfica?" [6].

Esta é uma questão que tem sido discutida e debatida desde que Thomas Malthus postulou sua teoria populacional em 1798, que a capacidade da Terra de produzir os recursos necessários para a humanidade é sobrecarregada pelo aumento no crescimento humano. [7]. Estendendo a visão malthusiana para o contexto dos dias atuais, poderíamos dizer que o crescimento descontrolado da população garante a degradação da capacidade sustentadora da Terra e a destruição do meio ambiente.

A solução? O gerenciamento da população global com vistas a um nível-alvo "sustentável". Hoje, a questão do controle populacional está se reafirmando como um item da agenda internacional.

Durante décadas, a preocupação com o crescimento humano tem sido um ponto de discussão em certos círculos, acompanhando as ondas políticas e sociais. Entretanto, devido ao marco dos 7 bilhões e da conferência Rio+20, da ONU (realizada de 20-22 de junho de 2012), a questão da superpopulação reapareceu. Isto era previsível. Durante a última década, a controvérsia da "bomba populacional" ganhou destaque, vinculando-se com as questões da mudança climática, da energia, dos recursos hídricos e da segurança alimentar. Além disso, as predições da Divisão de População, da ONU, fizeram crescer a preocupação mundial.

Em 2011, a Divisão de População, um braço do Departamento de Assuntos Econômicos e Sociais, da ONU, aumentou suas projeções globais. Em vez de a população mundial atingir um pico de 9 bilhões em 2050, e então manter-se conforme anteriormente previsto — com base nas tendências de fertilidade estimadas — a Divisão de População anunciou que um aumento contínuo poderia resultar em 10 bilhões de habitantes por volta de 2100. Entretanto, alguns demógrafos preveem 10 bilhões por volta de 2050, com 15,8 bilhões no fim do século. O Worldwatch Institute, uma importante organização de pesquisa e desenvolvimento sustentável, reportou em 2004 que variações demográficas extremas estão sendo consideradas para o fim do século: 5,5 bilhões no mínimo e 43,6 bilhões no máximo. [8]. Outros, preveem taxas declinantes de crescimento: 8,1 bilhões por volta de 2050 e 6,2 bilhões em 2100.

Por que a vasta flutuação nos números? Embora as taxas de fertilidade global sejam compreendidas em geral, as tendências demográficas de longo prazo podem ser problemáticas; mudanças sociais, econômicas, políticas e técnicas causam grandes variações tanto na previsão quanto nos números reais. Com relação à mudança nos números previstos pela Divisão de População da ONU, eles admitiram ter errado no cálculo das taxas de fertilidade na África, afirmando que a fertilidade naquele continente não está declinando de forma tão rápida quanto eles acreditavam anteriormente. [9].

Aqui, precisa ser observado que a África Subsaariana tem realmente taxas de fertilidade mais elevadas do que outras regiões do mundo. Entretanto, um declínio é observado em comparação com dados históricos. Além disso, ao lidar com demografia — especialmente na zona subsaariana — dois pontos precisam ser considerados:

1) Os números demográficos país-por-país podem ser enganosos, pois muitas nações não têm dados atualizados, ou confiáveis. Comentando sobre a tomada do censo em geral, o guru do controle populacional Paul Ehrlich reportou recentemente: "Muitas estatísticas do censo são simplesmente inventadas a partir do nada" [10]. Isto pode ser um exagero, mas o fato é que dados demográficos confiáveis podem ser difíceis de se obter em certos países ou regiões do mundo — particularmente em zonas de conflito, em áreas de instabilidade política e em países em que há muita corrupção e inépcia no governo — de modo que os números reais podem ser subestimados ou exagerados.

2) Ao discutir a situação africana, Wolfgang Lutz, chefe do Programa Populacional Mundial, no Instituto Internacional de Análises de Sistemas Aplicados, explicou recentemente que alguns países colocam pressão política sobre os demógrafos para produzirem certas projeções. [11]. Isto faz sentido. Afinal, o controle populacional é um ramo com interesses políticos e os dólares de ajuda externa e outros incentivos são pendurados diante dos governos que precisam superar os "desafios" do crescimento populacional. Portanto, não é surpreendente saber que a Agência para o Desenvolvimento Internacional, do governo dos EUA, exerce uma liderança histórica nos programas mundiais de controle populacional. [12]. Vários órgãos da ONU, como o Fundo para Atividades Populacionais (UNFPA) também contribuem no estudo e planejamento da demografia global e, do mesmo modo, o Banco Mundial e o Clube de Roma, certos grupos de serviço de "planejamento familiar", como Planned Parenthood (Paternidade Planejada) — e poderosas organizações não governamentais (ONGs).

Escrevendo sobre os "interesses políticos" dos programas de controle populacional financiados por países estrangeiros, o professor Julian Simon revelou como os governos de muitos países veem os dólares para os programas demográficos oferecidos pela USAID e pelo Banco Mundial:

"... Mas, os políticos desses países e as pessoas envolvidas em atividades de planejamento familiar não expressam frequentemente o desejo de receber esses fundos? É claro que sim. Entretanto, o que precisamos perguntar é o significado dessas expressões. Para um político, os dólares enviados ao país podem ser alocados para seu eleitorado, ou até mesmo desviados para seu uso pessoal... Portanto, esses dólares são sempre bem-vindos. Para aqueles que trabalham nas organizações voltadas para o planejamento familiar, o corte dos fundos de auxílio pode representar a suspensão de sua tigela de arroz e o fim daquelas maravilhosas viagens, com todas as despesas pagas, para participar das conferências da UNFPA, em locais como a Cidade do México." [13].

Cenários Amedrontadores?

Mas, e os números? Sete bilhões não representam alguma coisa? Certamente que sim; representam quantidade, mas não qualidade. Representam um agregado, mas não dizem nada sobre como o todo, ou segmentos do total estão se saindo, agora ou no futuro. E não nos dizem nada sobre como esses números impactam o mundo — e não dão significado real às questões de desenvolvimento da comunidade, como a produção de alimentos, água e saneamento básico, habitação, uso dos recursos, manufatura, serviços de saúde, transporte, educação, entrada no mercado, responsabilidade fiscal, justiça, segurança e boa governança. Embora alguns desses pontos sejam impactados pelas forças de mercado globais, todos estão firmados em contextos locais e nacionais e são independentes da população mundial total.

Mas, e o meio ambiente global?

Falando na Universidade de Nova Gales do Sul (Austrália), na primavera de 2011, Paul Ehrlich (foto à direita) disse ao auditório lotado:

"Os problemas mais importantes relacionados com a população são fundamentalmente globais, não locais. Isto é, interferência com o clima, propagação de substâncias tóxicas de um polo a outro, possibilidades de termos epidemias em larga escala — totalmente relacionadas com a população — e, é claro, a possibilidade de uma guerra pelo controle dos recursos, possivelmente uma guerra nuclear, também relacionada com a população." [14].

Vamos examinar sucintamente essas quatro afirmações: 


Guerra Nuclear

Uma guerra nuclear pela disputa de recursos declinantes é altamente improvável.

Após o embargo do petróleo de 1973-1974, o Comitê da Câmara dos Representantes dos EUA Sobre Relações Internacionais publicou um estudo de viabilidade intitulado "Os Campos de Petróleo Como Objetivos Militares". Esse relatório detalhado examinou o que representaria capturar militarmente campos petrolíferos significativos do Oriente Médio e toda a infraestrutura associada com eles, principalmente o complexo Ghawar, na Arábia Saudita, e as instalações de processamento e os terminais em Juaymah e Ras Tanura. Vários cenários foram apresentados e as repercussões analisadas. Lembre-se, isto não era diferente do pretexto populacional no sentido que era sobre o controle e uso dos recursos.

Foi determinado que cinco objetivos operacionais teriam de ser atendidos de modo a garantir a vitória:

  1. Tomar o controle das instalações petrolíferas intactas.
  2. Protegê-las durante semanas, meses, ou anos.
  3. Restaurar rapidamente os equipamentos danificados.
  4. Operar todas as instalações sem a assistência dos proprietários.
  5. Garantir a passagem segura por via marítima do suprimento e dos produtos derivados do petróleo. [16]

Os dispositivos nucleares foram considerados e rejeitados. "Detonar armas nucleares táticas para ajudar as forças de assalto destruiria as mesmas instalações que queremos capturar." [16]. E esta é a razão por que a sugestão de Ehrlich de uma guerra nuclear pelo controle dos recursos é duvidosa. A sugestão é contraproducente. Até mesmo a ação convencional não pode garantir que os recursos permaneçam intactos, como os céus enegrecidos sobre os campos petrolíferos do Kuwait durante a Primeira Guerra do Golfo nos fazem lembrar.

Isto tudo não quer dizer que os recursos não sejam importantes. Ao revés, os recursos são vitais para qualquer esforço de guerra, pois as ações militares requerem recursos e reservas existentes para mobilizar, executar e manter uma campanha militar. Em outras palavras, uma base energética e material precisa existir antes de uma ação, tanto para o agressor quanto para o defensor (caso contrário este não se defende, mas entra em colapso). Além disso, é verdade que a captura dos recursos estrangeiros são um objetivo operacional importante em qualquer teatro de guerra de larga escala, e também é verdade que o controle dos recursos tem sido a razão predominante em alguns conflitos. A Guerra do Pacífico entre Chile, Peru e Bolívia (1874-1884) é citada como um exemplo; essa guerra foi motivada pelo controle das ilhas ricas em guano e, portanto, pelo domínio no mercado de fertilizantes. [17]. Mas, ao discutir os conflitos pela posse dos recursos, precisamos ser cautelosos; são as "guerras por recursos" declaradas por interesses econômicos, ou por sobrevivência estratégica?

As duas categorias são diferentes. Uma é sobre os fatores do mercado — por mais simples ou complexos que sejam — a outra é sobre o desespero da população devido a um colapso em um produto essencial: estoques de alimentos e água são citados frequentemente na literatura do controle populacional, embora sem exemplos tangíveis (as nações que lutam neste nível estão normalmente esgotadas demais para mobilizarem um ataque militar contra um país vizinho; em vez disso, uma ajuda é proposta ou negociada). Entretanto, a retórica da superpopulação, de Ehrlich, raramente diferencia uma da outra. Por que deveria? Como Ehrlich escreveu em seu livro The Dominant Animal: "Ainda há grande verdade em uma frase anônima muito usada nos anos 1960s: 'Seja lá qual for sua causa, será uma causa perdida se não envolver o controle populacional.'" [18].

Isto é muito similar a uma linha em The Environmental Handbook:

"Há muito tempo que se tornou claramente evidente que, a não ser que o canceroso crescimento da população possa ser detido, todos os outros problemas — pobreza, guerra, conflitos raciais, cidades inabitáveis, e tudo o mais — são insolúveis." [19].

Em outras palavras, toda questão de preocupação, todo problema — seja real ou imaginário — está inevitavelmente resumido em uma questão de números humanos. Isto inclui as guerras e os conflitos.

Historicamente, outros foram até mais intransigentes do que Paul Ehrlich com relação à matriz guerra-população. Em um panfleto marxista de 1925, lemos:

"Assim, a superpopulação é a causa primordial das guerras. Este fato indica para nós qual é o remédio preventivo para este mal: suprimir ou impedir a superpopulação em cada país. Dito de outra forma: estabelecer um verdadeiro equilíbrio entre a população e os meios de subsistência. O único método: a limitação dos nascimentos..."

"Os governos dispõem, na verdade, de meios de incentivar e desencorajar a superpopulação. Além do mais, entre os seres humanos, a reprodução está totalmente sob o controle desta vontade. Isto significa que tanto os governos e indivíduos, tendo os poderes necessários à sua disposição, a guerra poderia ser abolida se eles realmente quisessem... Consequentemente, nós, pacifistas científicos exigimos uma limitação mundial no número de nascimentos, realizado por todas as nações, unidas em um desejo pela paz sob a liderança da Liga das Nações..."

"Esta é a propaganda principal a ser feita pelos pacifistas, pois a salvação da humanidade reside nesta solução." [20].

A despeito do que Ehrlich e os outros dizem, as causas das guerras são geralmente mais complexas do que produtos de consumo e números. [21]. A conclusão é a seguinte: A sugestão simplificada de Ehrlich de "guerra nuclear pela posse dos recursos" é uma técnica de provocar medo para despertar emocionalmente o ambiente social para permitir o gerenciamento da população.

Epidemias em Larga Escala

Uma epidemia, ou pandemia, em larga escala realmente é uma preocupação. Mas, as epidemias e as pandemias não são causadas pelos números totais de população humana. Historicamente, a mobilidade de uma população — incluindo o alcance geográfico, volume e velocidade da viagem — é o que permitiu a propagação de novas doenças. Hoje, não é diferente, com a exceção que mais pessoas estão viajando e de uma forma muito mais rápida (compare as viagens áreas com as viagens de navio), reduzindo o tempo para cruzar os oceanos e continentes de semanas, ou meses, para apenas cinco ou seis horas horas.

Ao mesmo tempo, epidemias em larga escala não eram desconhecidas na antiguidade. A Praga Ateniense de 430 AC vem à lembrança, como também a Praga Antonina, de 165 DC. A Peste Negra, do século 14 esvaziou as cidades europeias, e a varíola, levada pelos exploradores e colonos europeus, dizimou as populações indígenas das Américas. O continente africano e a Índia também experimentaram o flagelo da varíola, tanto antes quanto após o colonialismo (a história da varíola tem mais de mil anos). A pior praga registrada na história humana, a Gripe Espanhola, de 1918, matou de 20 a 40 milhões de pessoas em todo o mundo. De fato, mais pessoas morreram de Gripe Espanhola do que nos campos de batalha da Primeira Guerra Mundial, e alguns sugerem que o número real de mortos tenha chegado perto de 100 milhões. Todavia, nenhuma dessas pragas ocorreu durante tempos de superpopulação. Na verdade, os números totais de população eram pequenos em comparação com os atuais.

Uma grande população humana pode contribuir para mais baixas no evento de uma epidemia, ou pandemia, mas números maiores não podem ser equiparados com causalidade.

Toxinas de um Polo a Outro

Resíduos de toxinas criadas pelo homem podem ser encontrados em todo o mundo. Entretanto, os números populacionais não necessariamente se correlacionam com a toxicidade ou com níveis de poluição, ou outros indicadores potenciais de estresse ambiental. Em sua maior parte, as toxinas e poluentes gerados pelo ser humano derivam de questões regulatórias relacionadas com atividades industriais, emissões e ao gerenciamento do lixo — que podem não ter nada que ver com o tamanho da população. Mas, nos círculos de controle populacional, os números de população e o estresse sobre o meio ambiente sempre caminham de mãos dadas. É interessante que o Índice de Desempenho do Meio Ambiente, da Universidade de Yale, demonstra uma realidade mais complexa. Esse estudo, que envolveu 132 países, classificou os dois países mais populosos do mundo, China e Índia, como 116 e 125 em uma escala de 1 a 132 — perto do fim da lista em termos de desempenho ambiental. Todavia, o terceiro, quarto e quinto países mais populosos — EUA, Indonésia e Brasil — foram classificados em 49, 30 e 74, respectivamente. O Kuwait tem uma população de 3,6 milhões, mas foi classificado na posição 126. O Iêmen, com 24 milhões de habitantes, foi classificado em 127. Por outro lado, a França (65 milhões) e a Alemanha (82 milhões) foram classificados nas posições 6 e 11. O Japão (127 milhões) foi o vigésimo terceiro A nação com a mais alta densidade populacional no planeta é Cingapura: 52. O Turcomenistão, com 5 milhões de habitantes e um dos menores em termos de densidade populacional, foi o penúltimo. O Iraque ficou com a última posição. A Suíça recebeu a primeira. [22].

Logicamente, cada um desses países têm diferenças em termos de prioridades de governo, padrões industriais, práticas de gestão dos recursos, infraestrutura para tratar o lixo, e desafios geofísicos. E este é o ponto. Os números humanos podem exercer algum papel nas questões ambientais, mas dizer que são o fator dominante é uma simplificação enganosa. Limitar-se ao tópico amplo das "toxinas" também não ajuda, pois não é sobre a existência de substâncias tóxicas — conforme observado pela Sociedade Real de Química, "os venenos naturais superam aqueles sintetizados pelos químicos, tanto em número quanto em toxicidade." [23]. Ao contrário, a verdadeira preocupação é com os níveis de toxicidade. Embora resíduos de certas toxinas possam ser encontrados no Ártico ou em algumas outros locais remotos, isto em si mesmo não está interconectado com o "problema" da superpopulação.

Aqui está a explicação: Os poluentes e as toxinas não estão isentos de serem alavancados como peões pseudocientíficos para a transformação política e social. Isto foi demonstrado com o DDT no fim dos anos 1960s e início dos anos 1970s [24] e, hoje, com o dióxido de carbono, um componente natural do meio ambiente e um requisito necessário para a vida, mas que foi rotulado pela Agência de Proteção Ambiental dos EUA como um poluente.

Hoje, o Movimento do Controle Populacional, conforme demonstrado por Ehrlich, é rápido em aderir ao discurso das toxinas. Por quê? Porque ele puxa a corda emocional necessária para levar adiante a agenda da transformação social.

Mudança Climática

Independente do tamanho da população e das declarações de Ehrlich, as verdadeiras questões ambientais são quase que inteiramente locais ou regionais em seu escopo. Até mesmo acidentes nucleares catastróficos, como o de Chernobyl, têm zonas de contaminação limitadas em regiões definidas; Chernobyl impactou principalmente a Europa. [25]. Nota: O desastre nuclear em Fukushima, embora não na escala de Chernobyl, ainda precisa ser plenamente compreendido em termos de seu impacto ambiental — que poderá ser considerável, devido às correntes oceânicas do Pacífico.

Mas, e a mudança climática? Apresentada como uma crise ecológica internacional criada pelo homem — primeiro como esfriamento global (anos 1970s), depois como aquecimento global (anos 1990s), e agora simplesmente como "mudança climática" — já foi demonstrado repetidas vezes que esse "problema" é uma criação com motivações políticas. [26]. O clima está mudando? Claro; esta é uma constante histórica sobre o clima — ele muda. O homem é o responsável pela mudança? Muitos climatologistas e meteorologistas pensam que não, incluindo Charles Clough, chefe aposentado da Equipe de Efeitos Atmosféricos do Exército dos EUA no campo de testes em Aberdeen (ele terá um artigo publicado em uma edição futura da Forcing Change), e Roy W. Spencer, ex-cientista sênior que trabalhou em estudos climáticos no Centro de Voo Espacial Marshall, da NASA. Sobre a questão da mudança climática "criada pelo homem" versus "natural", o Dr. Spencer escreveu: "Acredite se quiser, pouquíssima pesquisa já recebeu financiamento para que os mecanismos naturais do aquecimento fossem investigados... assume-se simplesmente que o aquecimento global seja criado pelo homem." [27].

Algumas teorias naturais têm sido exploradas, mas em termos de financiamento, nada chega perto dos dólares gastos na pesquisa das mudanças climáticas causadas pelo homem. Apesar disso, o Dr. Spencer, ao reconhecer o papel do clima sobre si mesmo escreve: "O clima muda — isto acontece com ou sem nossa ajuda." [28].

Mas, o estímulo constante é necessário para elevar a energia emocional e permitir a "mudança popular". As pessoas não vão aceitar o controle populacional sem serem emocionalmente estimuladas de tal modo que "faça sentido". Depois que a mensagem fincar raízes, ela precisa ser repetidamente fertilizada até que a ação floresça no solo da opinião pública. Esta é a essência da propaganda.

Considere o seguinte: Com relação às agendas ambientais globais, o Instituto Internacional para o Desenvolvimento Sustentável (IISD), um influente centro de estudos e debates de política para o meio ambiente, publicou o seguinte em seu Youth Sourcebook:

"A questão ambiental foi colocada como uma questão global que requer uma ação global... Esses esforços no nível global contribuíram diretamente para construir um senso de identidade global, ou cidadania global, que será a primeira etapa rumo à governança global." [29].

Em seguida, em 1995, o IISD publicou um estudo sobre "direitos ambientais", que declarava que "Durante qualquer 'ciclo de problema-atenção' nas campanhas ambientais, há uma fase em que o problema precisa ser estrategicamente exagerado de modo a estabelecê-lo firmemente em uma agenda para ação." [30].

Teria a agenda do controle populacional testemunhado "um exagero estratégico"? As quatro afirmações de Paul Ehrlich apontam nessa direção, e organizações como o Clube de Roma têm sido implicadas nisso. Ademais, Ehrlich tem um histórico de criar cenários amedrontadores — um tipo de exagero estratégico.

O primeiro livro dele sobre população, The Population Bomb (A Bomba Populacional, publicado em 1968) incluía guerra nuclear causada em última análise, pela superpopulação:

"Os efeitos incluem elevação dos níveis de radiação e catástrofe climática resultantes da adição de enormes quantidades de destroços e dióxido de carbono na atmosfera. Esses efeitos e a esterilização geral do solo (seguida por uma gigantesca erosão) tornam dois terços setentrionais da Terra inabitáveis. A poluição do mar é vastamente aumentada. Pequenos bolsões de Homo sapiens continuam a existir por um tempo no Hemisfério Sul, mas morrem lentamente à medida que os sistemas sociais se dissolvem, a radiação venenosa começa a ter efeito, as mudanças climáticas destroem as plantações, os animais morrem, e várias pragas criadas pelo homem se propagam. As criaturas mais inteligentes que conseguem no fim sobreviver a este período são as baratas." [31]. 

Outros cenários de superpopulação global não tão amedrontadores, mas ainda assim preocupantes, aparecem nesse livro marcante. Tenha em mente que o propósito desses cenários é preparar o leitor psicologicamente para a ação.

Dois anos após The Population Bomb ser publicado, outro texto influente entrou na esfera pública, The Environmental Handbook (Manual do Meio Ambiente). Esse livro, destinado a ser um recurso para professores e alunos, foi lançado como um texto fundamental para aquele que se tornou o Dia da Terra inaugural, em 22 de abril de 1970. Um dos colaboradores para o The Environmental Handbook, foi Paul Ehrlich. Em seu estudo, ele descreveu uma série apocalíptica fictícia de catástrofes ecológicas, começando em 1973; desastres causados por névoa misturada com poluição atmosférica matando centenas de milhares em Nova York e Los Angeles, o cinturão dos grãos no meio-oeste americano se tornando um gigantesco deserto e a subsequente destruição dos estoques de alimentos, "superdependência" química na agricultura que resulta em 30 milhões de mortes, enormes mortandades entre pássaros e a vida marinha, "tremendas mudanças nos padrões do clima", a extinção de "toda vida animal importante no mar", ruptura global do setor de recursos e uma guerra logo em seguida pela disputa de recursos entre Rússia e China — tudo até outubro de 1979. De acordo com o cenário, "a poluição acumulada no ar tornaria o planeta inabitável antes de 1990." [32].

Em pouco tempo, outros livros sobre controle populacional entraram no mercado Em 1972, a segunda edição de Population, Resources, Environment, de Ehrlich, foi publicado. Observe a mensagem "mudança climática" glacial:

"Vale a pena considerar algumas das mudanças climáticas que poderão ocorrer. Se a região ártica se tornar aquecida, a camada de gelo flutuante do Oceano Ártico desapareceria. Isto poderia resultar em deslocamentos para o norte nas posições dos trajetos das chuvas fortes e reduzir severamente a incidência de chuvas nas planícies da América do Norte, Europa e Ásia. Essas áreas se converteriam rapidamente em desertos. Simultaneamente, os trajetos de chuvas fortes mais para o norte trariam outra era glacial..."

"Por outro lado, se a região polar se tornasse mais fria, as calotas de gelo na Antártida poderiam ser desestabilizadas por um aumento em sua espessura. À medida que o peso do gelo crescesse, a camada inferior se liquefazeria e grande parte da massa da calota poderia desabar no Oceano Antártico. A magnitude desse desastre... é difícil de imaginar. Ele poderia produzir uma onda marítima gigantesca em todo o mundo, que arrasaria uma porção considerável da humanidade, e o nível do mar poderia subir de 18 a 30 metros em todo o mundo. O gelo poderia cobrir uma área dos oceanos talvez tão grande quanto a Ásia. Existe gelo suficiente armazenado nas calotas polares da Antártida e da Groenlândia para cobrir todo o globo com uma camada de gelo de quase 40 metros de espessura!... O gelo polar é agora um grande refletor da radiação solar. Se parte da calota de gelo Antártico desabasse no mar e se espalhasse, a área do gelo refletido seria enormemente aumentada. O equilíbrio de temperatura no planeta seria drasticamente alterado, produzindo uma queda média estimada de 10 graus Fahrenheit e uma era glacial poderia iniciar..." [33] 

Em 1978, a terceira edição desse texto apareceu com um novo nome, Ecoscience: Population, Resources, Environment. Junto com a mulher de Paul, Anne, que contribuiu nas edições anteriores, outro nome aparecia na capa, John P. Holdren (foto à esquerda). Da mesma forma como a versão mais antiga, esta também propôs advertências de fim do mundo: guerra termonuclear, mudança climática global, etc. Somente medidas radicais e extremas, incluindo um "Regime Planetário", impediriam o mundo de entrar em colapso sob o peso de tanta gente. Hoje, John Holdren é o atual diretor do Escritório de Política Científica e Tecnológica, da Casa Branca.

Em seguida, em 1990, o Dr. Ehrlich e sua esposa Anne publicaram outro livro, The Population Explosion. A mensagem era a mesma que a anterior, com dados adicionados e novas catástrofes globais, como a possibilidade de uma mutação no vírus da AIDS, que "causaria mortes em dias, ou semanas" [34]. Aqui também, a mudança climática, agora apresentada como aquecimento global, estava diretamente relacionada com o tamanho da população. Ehrlich se preocupava com o que um ou dois golpes poderiam produzir:

"Fracassos na colheita devidos unicamente ao aquecimento global poderiam resultar nas mortes prematuras de um bilhão de pessoas, ou mais, nas próximas décadas, e a epidemia da AIDS poderia matar centenas de milhões. Juntos, esses constituiriam um severo programa de 'controle populacional' fornecido pela natureza diante da recusa da humanidade em colocar em prática um programa próprio e mais benevolente." [35].

1968, 1970, 1972, 1978, 1990: Em cada um destes anos, Ehrlich foi intransigente em afirmar que a Terra estava superpovoada. Hoje, pouco mudou em sua posição. Ele ainda prega o evangelho da superpopulação [36], e foi um dos especialistas que apresentaram evidências ao projeto da Sociedade Real sobre população, cujo relatório final, People and the Planet, foi lançado em 26 de abril de 2012.

Atualmente, Ehrlich evita elaborar cenários amedrontadores e detalhados, como fez em seu ensaio em The Environmental Handbook. Ao revés, como a declaração feita em 2011 na Universidade de Nova Gales do Sul, ele aborda as consequências da superpopulação de uma maneira mais ampla e menos definida: guerra nuclear, epidemias, toxinas e mudança climática. Esses quatro, especialmente a mudança climática, são mais palpáveis para uma população já preparada por anos de alarmismo com o "aquecimento global".

Em alguns aspectos, a abordagem mais ampla é mais poderosa. Suas emoções foram agitadas pela "dura realidade" dos 7 bilhões — veja quantas pessoas estão agora no planeta em comparação quando o livro The Population Bomb foi publicado! — e anos de mensagens na mídia e na academia condicionou sua mente; a ameaça da perda da biodiversidade, mudança climática catastrófica, pandemias globais, o ganancioso Ocidente e o 1%, a gigantesca pegada deixada pelo capitalismo na ecologia, a arrogância da cosmovisão judaico-cristã em relação à natureza. O planeta está em perigo! É hora de uma mudança! É hora de agir.

Sua imaginação pode concluir o restante.

O Sumiço dos Bebês?

Como observado anteriormente neste estudo, as tendências populacionais produziram alguns números muito divergentes. A questão que surge é: Que direção a tendência de longo prazo seguirá? Para cima ou para baixo? Seremos 10, 15, ou 43 bilhões no fim do século? Ou, alguma outra coisa está acontecendo?

Em 2009, a revista The Economist reportou:

"... a taxa de fertilidade de metade do mundo é agora 2,1 ou menos — o número mágico que é consistente com uma população estável e é normalmente chamado de 'taxa de fertilidade de reposição'. Em algum momento entre 2020 e 2050, a taxa de fertilidade mundial cairá para baixo da taxa global de reposição." [37].

"A taxa de reposição é importante. Ela é explicada do seguinte modo pelas Nações Unidas: "O número anual de nascimentos por mulher em um determinado grupo etário expresso por 1.000 mulheres naquele grupo."

"Alta fertilidade: Níveis totais de fertilidade acima de 5 filhos por mulher."

"Fertilidade no nível de reposição: Níveis totais de fertilidade de aproximadamente 2,1 filhos por mulher. Esse valor representa o número médio de filhos que uma mulher precisaria ter para se reproduzir, tendo uma filha que sobreviva e atinja a idade adulta e também possa conceber filhos. Se o nível de fertilidade de reposição for mantido por um período suficientemente longo, cada geração será substituída exatamente, se não houver migração."

"Fertilidade abaixo do nível de reposição: Níveis de fertilidade abaixo de 2,1 filhos por mulher."

"Fertilidade muito baixa: Níveis de fertilidade abaixo de 1,3 filhos por mulher." [38].

No último mês de maio, o ex-primeiro-ministro de Cingapura, Lee Kuan Yew, observou que as taxas de fertilidade caíram bem abaixo do nível de reposição nos países desenvolvidos:

"A taxa de reposição — a taxa de reprodução que mantém uma população estável — para os países desenvolvidos é 2,1, porém praticamente a metade da população mundial tem taxas menores do que isto. Os EUA têm uma taxa total de fertilidade de 2,0 — praticamente a taxa de reposição — com os imigrantes hispânicos liderando em índices de natalidade. Os EUA estão envelhecendo, porém não tão depressa quanto muitos outros países."

"Os países da Europa Ocidental têm baixas taxas de fertilidade, abaixo da taxa de reposição de 2,1. Alemanha: 1,4 (sua população total é de cerca de 82 milhões de habitantes, dos quais 8,2% são estrangeiros). Holanda: 1,8 (16,5 milhões de habitantes, dos quais 4,4% são estrangeiros). Bélgica 1,8 (10,8 milhões, dos quais 9,8% são estrangeiros). Espanha: 1,4 (46 milhões de habitantes, dos quais 12,4% são estrangeiros). Itália: 1,4 (60 milhões de habitantes, dos quais 7,1% são estrangeiros), mesmo com a presença ali do papa. Suécia, que fornece um grande suporte para os pais, tem uma taxa de 1,9 (9,4 milhões de habitantes, dos quais 6,4% são estrangeiros), mas ainda está abaixo da taxa de reposição. A Irlanda e o Reino Unido têm taxas altas de 2,1 e 1,9, respectivamente, porém elas são obtidas devido à presença de muitos imigrantes não-europeus."

"Durante o século 21, os EUA poderão se tornar o líder que envelhece lentamente de um mundo que envelhece rapidamente."

"A experiência de Cingapura não é diferente. Nossas taxas de crescimento demográfico estão declinando continuamente. A taxa de fertilidade do segmento chinês de nossa população é a menor, 1,08 (ano de 2011), com a taxa para os indianos de 1,09 e para os malasianos de 1,64. Em outras palavras, o tamanho de cada geração sucessiva de chineses de Cingapura diminuirá para a metade nos próximos 18 a 20 anos." [39].

Hoje, a lista de nações que enfrentam o declínio populacional é longa: Rússia, Polônia, Ucrânia, Grécia, Austrália, França, Chile. Belarus (Bielo-Rússia) está praticamente cometendo suicídio demográfico. Meu próprio país, o Canadá, está experimentando um "sumiço dos bebês" — de acordo com os números da ONU para o ano de 2010, a taxa de fertilidade no Canadá é 1,69 bebês por mulher. A China testemunhou uma perda contínua na fertilidade e agora situa-se bem abaixo da taxa de reposição (1,56). Até mesmo nações com taxas de fertilidade acima da de reposição, como o México, Argentina, Camboja e Índia, estão em um declínio observável. Em mais alguns anos, muitos dos países com taxas de crescimento positivas cairão para baixo do limiar de reposição. [40].

Por curiosidade, consultei os dados históricos e atuais da população mundial compilados pelo Departamento do Censo dos EUA. Em 1968, o ano em que nasci, a população mundial era de 3,5 bilhões de habitantes, com uma taxa de crescimento anual de 2,103%. No ano seguinte, a taxa foi de 2,081% e tem caído continuamente desde então. Agora, em 2012, a taxa anual de crescimento é 1,098%. Dentro de sete anos, se nada fundamentalmente mudar, a taxa de crescimento cairá para baixo de 1% e, por volta de 2030, estará perto de 0,75%. [41]. O resultado é uma população envelhecida, expressa por "mais caixões do que berços" [42] e "tsunami grisalho" [43]. De acordo com esta visão, estamos caminhando para um futuro com menos pessoas entrando no mercado de trabalho e mais indivíduos entrando em seus anos de aposentadoria. As palavras de Phillip Longman, autor do estudo "O Berço Vazio" (disponível na área restrita) são graves: "Desde a queda do Império Romano, o mundo não experimenta algo na escala da atual perda da fertilidade."[44].

Entretanto, muitos ambientalistas argumentam que os números da fertilidade realmente não importam. Em ambos os casos, se a população diminui ou aumenta, o problema subjacente é o consumo ocidental e uma população global que procura elevar seu padrão de vida. Independente se o número por volta do ano 2050 será 10 bilhões, 8 bilhões, ou menos, a questão real é a pegada que estamos deixando no meio ambiente.

Eu não engulo isto. Como disse anteriormente, os problemas ambientais são reais em cenários locais e regionais. As questões globais, como "mudança climática" há muito tempo são reconhecidas como pretextos para a reestruturação social, política e econômica. Veja o seguinte: quando os números eram 2,5 bilhões, como era o caso nos anos 1950s, ou em qualquer tempo antes ou depois — incluindo hoje — os grandes defensores da redução da população mundial sempre entoaram o mesmo mantra: gerenciamento global e governo global.

É tudo uma questão de controle; para eles a liberdade de procriar é intolerável.

Gerenciando o "Câncer Humano"

Os defensores do controle populacional exigem ação: "... é a população humana que precisa ser manejada, não a vida silvestre." [45]. Aqui estão algumas ideias, tanto extremas e outras consideradas politicamente realistas, que já circularam na literatura sobre população e meio ambiente.

Nota: Depois de analisarmos essas sugestões, veremos alguns exemplos nacionais e depois lidaremos com o clamor comum de um "governo mundial".

Ideias para Limitar os Números Humanos:

• No famoso estudo de Gareett Hardin, The Tragedy of the Commons, ele advogou a "coerção mútua" democrática, isto é, medidas coercitivas aceitas pela "maioria das pessoas afetadas" para a melhoria das pessoas comuns no planeta. Ao promover a "mútua coerção, ele escreveu o seguinte:

"Nenhuma solução técnica pode nos resgatar da desgraça da superpopulação. A liberdade de procriar trará ruína a todos nós... O único modo de podermos preservar e nutrir as mais preciosas liberdades, é abrindo mão da liberdade de procriar..." [46].

• Colocar um composto temporariamente esterilizante na água e racionar cuidadosamente o antídoto. (Ehrlich, Population Bomb, pág. 135). Uma proposta feita pelo prof. Richard W. Schrieber no início dos anos 1970s foi a de um "vírus esterilizante" que poderia ser neutralizado por um antídoto injetável. (Ehrlich, Population, Resources, Environment, pág. 339).

• Penalidades econômicas, como impostos mais altos para famílias numerosas e tributar como bens de luxo itens como camas de bebês e fraldas. (Ehrlich, The Population Bomb, pág.136). Muitas variações deste tema têm sido publicadas.

• Usar o aborto e a esterilização voluntária para suplementar outras formas de controle da natalidade podem ser muito apropriadamente incluídas como parte do planejamento familiar." (Ehrlich, Population, Resources, Environment, pág. 334).

Population Matter, um braço do Optimum Population Trust, exige "acesso universal aos serviços de saúde reprodutivos", melhor disponibilização dos contraceptivos, "a suspensão de todas as restrições dos produtos e serviços para a saúde reprodutiva" e tornar "o planejamento familiar uma questão prioritária de saúde." [47].

• Estabelecer uma "rede mundial de clínicas de esterilização", por mandado da Assembléia Geral da ONU. [48].

• "Tornar a educação sexual disponível em todos os níveis apropriados, enfatizando as práticas de controle de natalidade e a necessidade de estabilizar a população." (The Environmental Handbook, pág. 318).

• Uma ideia que tem sido seriamente proposta na Índia é vasectomizar todos os pais de três ou mais crianças." (Ehrlich, Population, Resources, Environment, pág. 338).

• Gerenciar o crescimento populacional por meio de critérios pré-estabelecidos. Deve o "controle da fertilidade" ser alcançado via uma "loteria, riqueza, talento especial, etnia, QI, poder político?" [49].

• Em relação ao ambiente global e aos níveis crescentes populacionais, Mikhail Gorbachev acredita que "necessitamos de uma virada radical em nosso modo de pensar... um modo que seja global... uma revolução na consciência... uma nova abordagem para o modo básico da vida e formas de comportamento..." [50]. Portanto, uma mudança global de valores é necessária."

• Uma ideia de 1970 foi a consideração de estilos de vida familiar alternativos. "Explorar outras estruturas sociais e formas de casamento, como o casamento em grupo e o casamento poliândrico [uma mulher casada com vários homens], que oferecem vida familiar, mas produzem um número menor de filhos. Compartilhar a alegria de criar filhos amplamente, para que nem todos precisem se reproduzir diretamente para passar por essa experiência humana básica. Precisamos esperar que nenhuma mulher dê à luz a mais de um filho, durante este período de crise." [51].

• Mudar para um modelo econômico social e ambientalmente sustentável, pois "o capitalismo promove o crescimento populacional e o consumo intensivo, causando os problemas atuais." [52].

• Criar uma "política energética verde" em escala global, alocando um nível equitativo de energia elétrica para todos no planeta. A quantidade sugerida: 3 kW por pessoa. Entretanto, para todos se beneficiarem desses 3 kW, a população atual do planeta precisaria ser reduzida para 4 bilhões. Alcançar esse cenário requereria "uma política global oficial de um filho por família." [53].

• "A melhor sugestão até aqui para produzir o Rápido Declínio Populacional é que a família humana global e coletiva adote o modus operandi/filosofia do Filho Único em Cada Família." (Peter Salonius, cientista e pesquisador junto ao Serviço Florestal Canadense, em Long Term Agricultural Overshot, um trabalho de pesquisa apresentado como evidência para a Sociedade Real, em um projeto sobre população, em 2012.). Além disso, em uma mensagem de correio eletrônico enviada à Sociedade Real, ele escreveu o seguinte:

"Minha estimativa pessoal para os números humanos sustentáveis na casa das centenas de milhões, se correta, sugere que a atual população global tem até aqui excedido a capacidade de carga dos ecossistemas que a suportam..."

"Existem mais pessoas no planeta do que ele pode suportar de forma sustentável. Isto está ocorrendo há milhares de anos.

"Muitos de nós concluíram que até as FAMÍLIAS COM DUAS CRIANÇAS — que somente estabilizariam lentamente a população humana — não são uma resposta adequada para o problema. Precisamos da adoção VOLUNTÁRIA do comportamento de NENHUM FILHO, OU DO FILHO ÚNICO POR FAMÍLIA, para orquestrar o DECLÍNIO populacional que é necessário agora, para que consigamos chegar a números pequenos o suficiente para termos os ECOSSISTEMAS INTACTOS RESTAURADOS NO MUNDO, em vez de nos sustentarmos por meio da DESTRUIÇÃO DO MUNDO..." [54; maiúsculas no original].

Exemplos Nacionais:

Certos países já adotaram medidas de controle populacional extremas. A China, com sua política do filho único, é a mais notável, com severas repercussões para muitos que deixam de cumprir o mandado do governo. Conforme reportado pelo Population Research Institute (PRI), uma organização pró-humanidade, que monitora as questões de controle populacional:

"É bem conhecido que as mulheres que violam a política do filho único têm, algumas vezes, sido sujeitas a abortos forçados ou, se já tiverem dado à luz, são forçadas a pagarem multas punitivas e são esterilizadas. Por exemplo, as regulamentações sobre controle da natalidade afixadas em uma cidade advertiam que aqueles que violassem a política do filho único ficariam expostos à contracepção ou esterilização forçada:" 

"Sob a direção da burocracia do controle da natalidade e do pessoal técnico (aqui designado), as mulheres casadas, ou em idade reprodutiva que já tiveram um filho, receberão um DIU (dispositivo intrauterino); os casais que já tiveram um segundo filho, ou mais, serão esterilizados." [55; itálico acrescentado].

O PRI observou que multas são outro instrumento usado pelo Estado. Fotografando e traduzindo um grande cartaz chinês, o PRI publicou a seguinte notificação de "taxa de compensação social":

"Aqueles que procriarem ilegalmente... serão avaliados e, quando seu comportamento ilegal for descoberto, uma 'taxa de compensação social', baseada em uma unidade calculada de um ano de salário, para os moradores das zonas urbanas, e baseado em um ano após as despesas, para os moradores da zona rural."

"Aquelas que derem à luz ilegalmente a uma criança terão uma pena avaliada de 3 a 5 vezes sua renda anual; aquelas que derem à luz uma segunda criança, de 5 a 7 vezes sua renda anual; aquelas que derem à luz a uma terceira criança receberão uma multa de 7 a 9 vezes sua renda anual; aquelas que derem à luz a mais de 4 crianças ilegais terão sua multa avaliada, que será extrapolada com base nos números anteriores."

"Para aqueles que ilegalmente assumirem uma criança, tiverem um filho nascido de um relacionamento extraconjugal, ou tiverem um filho nascido fora do casamento, ambas as partes envolvidas terão uma 'taxa de compensação social' avaliada, segundo a escala anterior de múltiplos da renda." [56].

A agenda populacional da China tem uma preocupante base tecnocrática. Robert Zubrin explica a conexão entre a China e o Clube de Roma em seu livro Merchants of Despair:

"Em junho de 1978, Song Jian, um gerente de alto nível responsável pelo desenvolvimento de sistemas de controle para o programa chinês de mísseis guiados, viajou para Helsinki para participar de uma conferência internacional sobre teoria e projeto de sistemas de controle. Durante o tempo em que esteve na Finlândia, ele comprou cópias das publicações The Limits to Grow e Blueprint for Survival, do Clube de Roma, e fez amizades com vários europeus que estavam promovendo os métodos dos relatórios de usar a 'análise de sistemas' computadorizada para prever e projetar o futuro humano."

"Fascinado pelas possibilidades, Song retornou à China e republicou as análises do Clube usando seu próprio nome (sem atribuir os créditos), estabelecendo sua reputação por ideias brilhantes e originais. De fato, enquanto as projeções feitas em computadores pelo Clube de Roma de eminente escassez de recursos, gráficos que mostravam a redução do tempo para o crescimento demográfico e discussões sobre a 'capacidade de carga', 'limites naturais', extinções em massa, e a 'espaçonave Terra isolada' eram todos clichês no Ocidente por volta de 1978, na China essas ideias eram totalmente novas e interessantes. Rapidamente, Song tornou-se um astro da ciência." 

"Aproveitando o momento para conquistar maior poder e prestígio, ele formou um grupo de elite de matemáticos de seu próprio departamento e com a ajuda de um poderoso computador para fornecer os efeitos especiais necessários, emitiu o julgamento profundamente calculado que o tamanho 'correto' para a população da China era de 650 a 700 milhões de pessoas — o que eram de 280 a 330 milhões a menos do que a população existente em 1978. A análise de Song rapidamente encontrou favor nos níveis mais altos do Partido Comunista Chinês, pois se propunha a provar que a razão para a contínua pobreza chinesa não eram os trinta anos de erros desastrosos cometidos pelo governo, mas a própria existência do povo chinês. (Para deixar clara a profunda falsidade do argumento de Song, é suficiente observar que em 1980, a vizinha Coreia do Sul, com uma densidade demográfica quatro vezes superior à chinesa, tinha um renda nacional per capita sete vezes maior.) O líder máximo Deng Xiaoping e seus companheiros no Comitê Central também ficaram muito impressionados com a linguagem computacional pseudocientífica que Song usou para apresentar sua teoria — que, ao contrário dos documentos-fontes do Clube de Roma no Ocidente, não enfrentava oposição na mídia técnica e popular controlada pelo Estado chinês.

"... Song propôs que a população nacional fosse considerada uma entidade matemática, como a posição de um míssil em voo, cuja trajetória podia ser otimizada inserindo-se uma série calculada e correta de diretivas. Song via apenas uma resposta: a China precisava impor o limite de um filho por família, e colocar isto em vigor imediatamente."

"Deng Xiaoping gostou do que Song tinha a dizer, de modo que aqueles que poderiam ter o poder de resistir à política do filho único foram rápidos em se proteger, alinhando-se no suporte." [57].

Outras nações já realizaram, ou estão realizando atividades de controle demográfico, e aqui precisamos falar um pouco sobre eugenia, pois alguns leitores podem ter questões sobre o lugar potencial dela neste estudo.

A eugenia é um tipo de movimento de controle demográfico, porém neste relatório estamos enfatizando o controle populacional como um remédio para os números humanos "excessivos", não o controle populacional como um modo de obter uma melhor "linhagem" para a procriação. Para aqueles que não estão familiarizados com o termo, a eugenia é a aplicação técnica dos princípios do Darwinismo para a espécie humana, e segue dois caminhos:

1) Eugenia Negativa — a esterilização dos fracos, dos doentes mentais, ou dos deficientes físicos para garantir a pureza e/ou saúde de uma determinada população. EUA, Grã-Bretanha, Canadá, Austrália, Japão e Alemanha usaram a eugenia negativa para tentar eliminar características sociais indesejáveis. [58]. A Alemanha Nazista levou essas medidas ao extremo, realizando programas de esterilização e de finalização. [59].

2) Eugenia Positiva — programas seletivos de procriação com o objetivo de alcançar um padrão racial ou da espécie mais elevado. A Alemanha Nazista experimentou a eugenia positiva por meio do programa Lebensborn, que emparceirava mulheres alemãs jovens com homens selecionados da SS Nazista para propósitos de procriação. Lares especiais de maternidade foram criados para as mães "arianas" grávidas. O programa Lebensborn também hospedava as crianças arianas que tinham sido capturadas em nações não-arianas. [60]. Nos EUA, um programa de eugenia positivo, administrado por uma organização privada, combinava homens ganhadores do Prêmio Nobel e que eram doadores de sêmen com mulheres de elevado QI. O propósito: criar um banco genético e crianças dotadas de uma superinteligência. [61].

A eugenia negativa e a gestão da população "baseada em números" podem ser (e já foram) vinculadas uma com a outra. Aqui, as elites nacionais usam o pretexto do "controle geral da população" para especificamente visar grupos políticos ou étnicos indesejáveis. Aqui entra o "nexo entre política e saúde" — "Para evitar o compartilhamento do poder, o impulso da elite é procurar atalhos, como as limitações de casamento e abortos forçados... ou tentar persuadir ou pressionar os pobres, especialmente as mães, a aceitarem a esterilização." [62].

Além das práticas de gestão humana da China, duas outras nações serão rapidamente exploradas:

Estados Unidos da América. Os Serviços de Planejamento Familiar e a Lei de Pesquisa Populacional foram aprovados pelo Congresso em 1970, colocando o planejamento familiar na agenda doméstica, incluindo serviços para os pobres. "Planejamento familiar" é um termo amplo que incorpora serviços educacionais, disseminação de dispositivos contraceptivos, opções de esterilização e aborto — sob o estandarte de "saúde reprodutiva". Em seguida, em 1973, a decisão da Suprema Corte no caso divisor de águas Roe vs Wade, colocou a indústria de abortos na América em marcha rápida. Desde 1973, aproximadamente 50 milhões de abortos foram realizados nos EUA. [63]. A estrada do aborto é um caminho inegável para o controle demográfico. Isto é admitido, às vezes relutantemente, por aqueles que apoiam o gerenciamento humano, incluindo Paul Ehrlich, que correlaciona a redução populacional com o "direito de uma mulher aos abortos seguros". [64].

Logicamente, as duas questões se encaixam uma na outra. A China já demonstrou amplamente esse fato, como também o Japão, onde a taxa de crescimento demográfico foi rapidamente reduzida após a Segunda Guerra Mundial "em grande parte pela legalização do aborto". [65].

Compreendendo os vínculos entre "saúde reprodutiva" e redução populacional, os comentários feitos pela Secretária de Estado Hillary Clinton na Conferência da ONU Rio+20, em 22 de junho de 2012 entram em foco:

"Embora eu esteja muito satisfeita que o documento final deste ano endosse a saúde sexual e reprodutiva e o acesso universal ao planejamento familiar, para alcançarmos nossos objetivos de desenvolvimento sustentável, também precisamos garantir os direitos reprodutivos das mulheres." [66].

O desenvolvimento sustentável, os direitos reprodutivos e o controle demográfico estão intrinsecamente ligados. Como um relatório do ex-Secretário de Estado dos EUA Henry Kissinger declarou secamente: "Nenhum país reduziu seu crescimento demográfico sem recorrer ao aborto." [67].

De fato, o Departamento de Estado do EUA tem um longo histórico de controle demográfico por meio da Agência para o Desenvolvimento Internacional, que opera "sob a autoridade direta e a orientação de política externa do Secretário de Estado." [68]. 

Em meados dos anos 1960s, a USAID iniciou o programa Saúde Reprodutiva e Populacional, e depois criou o Escritório da População, em 1969. A razão: Desde Kennedy até Nixon, os presidentes norte-americanos e os principais administradores estavam propondo uma redução nos números demográficos do Terceiro Mundo, citando uma crescente correlação entre as atividades comunistas de base soviética e os países do Terceiro Mundo. O Escritório da População da USAID respondeu iniciando múltiplas campanhas nacionais para reduzir a fertilidade via planejamento familiar e ações populacionais país por país. R. T. Ravenholt, diretor do Escritório da População, de 1966 a 1979, explicou que seu escritório estava envolvido com "pesquisa aplicada, desenvolvimento, teste e disseminação de meios aprimorados para o controle da fertilidade."

O que isto significa? Aqui estão alguns exemplos:

Nota: O seguinte foi extraído do trabalho de pesquisa de Ravenholt, Foremost Achievement of USAID’s Population Program, 1966-1979.

• Desenvolvimento do Kit de Regulação Menstrual, "um meio seguro, simples e barato de aspiração uterina." Após 100 mil unidades terem sido compradas, a USAID foi juridicamente impedida de distribuir os kits de forma direta. Entretanto, trabalhando com organizações não governamentais (ONGs), mais de 3 milhões de kits foram distribuídos em um período de tempo relativamente curto.

• Técnicas de cirurgia laparoscópica e "ampla disseminação de equipamento de laparoscopia para especificamente treinar os cirurgiões em mais de 70 países, incluindo Brasil, Coreia, Indonésia, Índia, Paquistão, Bangladesh, Nepal, Tunísia, Colômbia e México..."

• Assistência no desenvolvimento de "equipamentos e técnicas de minilaparotomia" para unidades de esterilização nos países desenvolvidos.

• "Aquisição e fornecimento de imensas quantidades de contraceptivos e equipamentos cirúrgicos para programas de família em terras distantes... Somente em 1979, o Escritório da População distribuiu 750 milhões de cartelas de contraceptivos orais (cada cartela para o ciclo de um mês)... 2,3 bilhões de preservativos... 10 milhões de dispositivos intrauterinos... 2.000 laparoscópios avançados e 36.000 minilaparoscópios e kits para vasectomia..."

• A canalização de quantidades maciças de recursos financeiros e suporte político para o Fundo para as Atividades Populacionais das Nações Unidas, a Federação Internacional da Paternidade Planejada, o Conselho da População, Instituto Memorial Bettelle, Academia Nacional de Ciências, e outros grupos que trabalham com diretivas de gestão da demografia e da fertilidade.

Com R. T. Ravenholt explicou certa vez, "Durante a última década, esta agência tem sido a líder mundial na pesquisa e desenvolvimento de novas tecnologias cirúrgicas para a esterilização avançada de mulheres e para a finalização da gravidez." [69; itálicos adicionados]

Um exemplo da financiamento demográfico da USAID foi Bangladesh durante meados dos anos 1980s. Betsy Hartmann, diretora do Programa de População e Desenvolvimento nas Faculdades Hampshire, nos dá algumas compreensões:

"Em meados dos anos 1980s, o governo militar de Bangladesh instituiu um programa radical para reduzir as taxas de crescimento demográfico do país. Além de aumentar os pagamentos de incentivo para a esterilização, ele introduziu medidas punitivas contra os funcionários do programa de planejamento familiar e profissionais de saúde que deixassem de cumprir as metas mensais de esterilização. O abusos eram desmedidos. Por exemplo, no período das chuvas de monção de 1984, os trabalhadores das equipes de resgate descobriram um padrão de mulheres destituídas às quais tinham sido negados auxílios de alimentos, a não ser que elas concordassem em serem esterilizadas."

"As políticas do governo não ocorriam em um vácuo. Em 1983, importantes agências doadoras, incluindo a USAID, Banco Mundial e o Fundo Para Atividades da População da ONU (UNFPA) pressionaram o governo de Bangladesh a obter uma redução 'drástica' nas taxas de crescimento demográfico, principalmente por meio de incentivos à esterilização. Apesar de uma lei que proibia o uso de fundos americanos para o pagamento de incentivos, a USAID financiou 85% dos custos de incentivos do programa de Bangladesh. A agência contornou a lei, chamando os incentivos de 'pagamentos de compensação'. Aqueles que aceitaram a esterilização receberam um pagamento em dinheiro equivalente à remuneração por várias semanas de trabalho, além de um novo sari para as mulheres e um sarongue para os homens, em um tempo em que muitos aldeões possuíam uma única peça de roupa. Médicos, pessoal de apoio nas clínicas, trabalhadores na área de saúde, parteiras tradicionais e até mesmo membros do público recebiam um pagamento por cada cliente que 'indicassem' ou 'motivassem' para serem esterilizados. Como resultado, todo o sistema de atendimento à saúde ficou direcionado para a esterilização e o acesso aos métodos temporários de contracepção foi severamente reduzido. Os índices de esterilização cresceram especialmente no período da entressafra, quando os camponeses estavam desesperados, precisando de dinheiro para comprar comida."

O que aconteceu em Bangladesh nos anos 1980 não foi nada fora do comum. Foi controle demográfico no estilo da velha escola..." [70].

Nota: Muito mais poderia ser acrescentado com relação aos programas e atividades de controle demográfico dos EUA, incluindo o Memorando 200 do Estudo da Segurança Nacional (NSSM 200), um relatório emitido pelo Secretário de Estado Henry Kissinger. O NSSM 2000 oferecia a justificativa para propor agressivamente os objetivos de gestão demográfica global. [NT: Para conhecer detalhes sobre alguns pontos desse relatório, leia o texto em http://www.providafamilia.org/relatorio_kissinger.htm].

Índia: O subcontinente indiano tem um longo e sórdido histórico de controle populacional (seu início oficial foi em 1952). Nos anos 1970s, cartazes anunciavam: "Felicidade é uma Família com Duas Crianças". Reportando sobre as medidas populacionais da Índia durante aquele período, Arthur Bonner, o correspondente do jornal The New York Times escreveu: "A primeira-ministra Indira Gandhi advertiu: 'Precisamos agir decisivamente agora e fazer a taxa de natalidade cair velozmente para evitar que nossa população dobre de tamanho em apenas 28 anos. Não hesitaremos em tomar medidas que possam ser descritas como drásticas.'

O filho mais jovem da Sra. Gandhi, Sanjay... tornou o planejamento familiar seu feudo particular. Ele estabeleceu um alvo nacional de 4,3 milhões de esterilizações em somente nove meses, de abril de 1976 até março de 1977, o dobro do número registrado no período anterior de doze meses." [71].

O controle populacional ainda é parte da paisagem indiana. Em 31 de março de 2012, The Times of India reportou que no distrito de Pali, as pessoas podiam receber o reabastecimento do gás natural gratuitamente. Mas, para isto, você tinha de concordar em fazer uma cirurgia de esterilização. Não muito tempo atrás, houve o sorteio de dois automóveis Nano, mas, para concorrer, você tinha de ser esterilizado em um determinado período de tempo. Outros incentivos foram oferecidos, como telefones celulares e dinheiro. [72]. 

Ocasionalmente, os "campos de esterilização" via laparoscopia fazem notícias. Em 3 de abril de 2012, foi reportado que um cirurgião em Bihar realizou "53 esterilizações em mulheres em duas horas, com a ajuda de assistentes não qualificados... que não tinham facilidades básicas, como água corrente ou equipamento de higienização."

A reportagem observou que aqueles visados estavam "abaixo da linha da pobreza, integrantes da casta impura (dalits) e outras mulheres de classe baixa." Uma testemunha declarou:

"Como resultado dessas operações, três mulheres ficaram com hemorragias profundas. Uma mulher foi operada, apesar de estar grávida de três meses. Ela perdeu o bebê em um aborto espontâneo dias após o procedimento. O cirurgião partiu imediatamente, após operar 53 mulheres, das 8 às 10 da noite. Após as cirurgias, todas as 53 mulheres choravam de dor. Embora estivessem desesperadamente necessitadas de atendimento médico, ninguém veio para atendê-las." [73].

Em 1977, a campanha de esterilização em massa de Indira Gandhi custou-lhe a reeleição: "O programa do governo de vasectomizar milhões de homens indianos que tinham gerado duas ou mais crianças — aplicado de forma brutal e ilegal — veio a simbolizar os perigos do governo autoritário." [74]. Hoje, a esterilização é feita predominantemente em mulheres, não em homens." [75].

Todas estas são recomendações do livro de Paul Ehrlich, The Population Bomb. Falando sobre a necessidade de apoiar a redução populacional da Índia com helicópteros e outros apoios logísticos, lemos:

"Coerção? Talvez, mas coerção em uma boa causa. Algumas vezes fico chocado com as atitudes daqueles que estão horrorizados com a possibilidade de o governo insistir em controle populacional como preço para a ajuda em alimentos. Frequentemente, as mesmas pessoas são totalmente favoráveis à aplicação de força militar contra aqueles que discordam da nossa forma de governo ou de nossa política externa. Precisamos ser incansáveis na promoção do controle populacional em todo o mundo."

"Gostaria de poder oferecer algumas soluções edulcoradas, mas receio que o tempo para elas já passou. O câncer é uma multiplicação incontrolável de células; a explosão populacional é uma multiplicação incontrolável de pessoas." [76].

Uma Autoridade Global

Se a população mundial é "um problema global que requer uma solução global", não deve ser surpresa que a gestão internacional seja continuamente promovida como a única opção real. Nem todos os que apoiam o controle demográfico são favoráveis à governança populacional, porém muitos defendem a ideia. Alguns pontos a seguir ilustram esse importante aspecto:

1925: Um panfleto marxista circulou na Inglaterra — "... nós, pacifistas científicos exigimos uma limitação mundial no número de nascimentos, realizado por todas as nações, unidas em um desejo pela paz, sob a liderança da Liga das Nações." [veja a Nota Final 20].

1947: Julian Huxley, primeiro diretor da UNESCO, promove ativamente o governo mundial, criado com base no humanismo mundial como o objetivo final. Em seu livro, UNESCO: Its Purpose and its Philosophy, ele inclui "a ideia de um tamanho ótimo da população... um primeiro passo indispensável para o controle planejado das populações", como parte de seu quadro maior. [77].

1953: O mundialmente renomado filósofo Bertrand Russell escreveu o seguinte, fornecendo uma impressionante janela para a mentalidade de um elitista: 


"Não pretendo dizer que o controle da natalidade seja o único modo para evitar o crescimento populacional. Existem outros, que, pode-se supor, os oponentes do controle da natalidade prefeririam. A guerra, como comentei momentos atrás, tem até aqui sido desapontadora neste sentido, mas talvez a guerra bacteriológica possa se mostrar mais eficaz. Se uma Peste Negra pudesse ser propagada pelo mundo uma vez a cada geração, os sobreviventes poderiam procriar livremente sem tornar o mundo cheio demais. Não haveria nada aqui que pudesse ofender as consciências dos devotos ou limitar as ambições dos nacionalistas. A situação pode ser de certo modo desagradável, mas e daí? As pessoas de mente elevada são indiferentes à felicidade, especialmente à felicidade dos outros.

"... a não ser que exista um governo mundial que garanta o controle da natalidade universal, de tempos em tempos serão necessárias grandes guerras, em que a penalidade da derrota seja a morte generalizada pela fome..."

"... A necessidade de um governo mundial, para o problema da população ser solucionado de uma maneira humana, é completamente evidente com base em princípios darwinianos." [78].

1957: Com relação ao controle global da população por meio de esforços nacionais conjuntos, Julian Huxley recomendou um "Plano Mundial de Desenvolvimento em escala no mínimo dez vezes maior do que todos os esquemas atuais combinados". Os países avançados "sacrificarão um pouco de seus altos padrões de vida" e as nações subdesenvolvidas terão a "disposição de restringir suas populações, iniciando políticas eficazes de controle da natalidade e de planejamento familiar." [79].

1970/72/78: Paul e Anne Ehrlich e, em 1978, com John P. Holdren, publicaram edições sucessivas do livro Population, Resources, Environment. Eles propuseram um Regime Planetário que transformaria as Nações Unidas "em um tipo de Agência Internacional para a População, Recursos e Meio Ambiente." O Regime Planetário também:

"... controlaria o desenvolvimento, administração, conservação e distribuição de todos os recursos naturais... O Regime Planetário teria a responsabilidade de determinar a população ideal para o mundo, para cada região e arbitrar as participações dos vários países em seus limites regionais... O Regime teria o poder de impor os limites estabelecidos." [80].

1990: Ehrlich publica The Population Explosion, e defende um "Regime Global para os Comuns" para regular a interação humana com o meio ambiente global:

"Não há garantia que um Regime Global para os Comuns eficaz poderá tirar a humanidade da crise vindoura; mas, parece certo que sem um esforço bem amplo de lidar com os problemas globais da população e do meio ambiente, a civilização entrará em colapso." [81].

1992: Al Gore escreve seu livro A Terra na Balança: "Claramente, é hora de um esforço global para criar em toda parte as condições propícias para a estabilização da população." [82].

2003: A UNESCO publica Planetary Sustainability in the Age of the Information and Knowledge Society, em que diz:

"Os números da população mundial e dos recursos são considerados pontos fundamentais. Portanto, para alcançar a sustentabilidade global, uma ética global precisará ser aceita junto com um sistema de governança global — um código de conduta internacional que mova a humanidade para a cidadania planetária: políticas, estratégias e linhas de ação voltadas para todo o planeta."

"Fundar uma sociedade planetária, e cidadania planetária, requer trabalhar com a ideia de novos contratos sociais, cooperação em humanizar os problemas da vida, e o aparecimento de um grande projeto humano que apoie um cenário de sustentabilidade planetária." [83].

2009: O Financial Post imprime um artigo de Diane Francis, editora do National Post:

"A 'verdade inconveniente' que está diante da Conferência da ONU, em Copenhagen, não é que o clima está aquecendo ou esfriando, mas que os seres humanos estão superpovoando o planeta."

"Uma lei planetária, como a Política do Filho Único, que existe na China, é o único modo de reverter a desastrosa taxa de natalidade global atual, que é de um milhão de nascimentos a cada quatro dias." [84].

Muitos outros exemplos poderiam ser apresentados, mas o ponto já está óbvio: o controle demográfico mundial caminha de mãos dadas com a governança global. Como poderia ser diferente?

Conclusão

Este estudo tocou em muitas questões interconectadas, porém a história do controle populacional é mais profunda e complexa do que pode ser apresentada em um relatório limitado como este. A religião exerce um papel importante, tanto em se opor a esse movimento anti-humano quanto em apoiá-lo — uma rixa que existe até mesmo nos círculos evangélicos. Os fatores econômicos e financeiros também estão envolvidos. A educação, a mídia e a cultura moderna fazem contribuições. Muito mais também poderia ser dito sobre as personalidades e instituições que estão por trás do movimento pró-redução populacional.

Entretanto, espero que este relatório lhe dê um senso da abrangência — reconhecendo que "as ideias têm consequências", e que você use este estudo para reconhecer as palavras da moda e os conceitos associados com o movimento. Daqui para frente você certamente verá um aumento no interesse político, religioso e da mídia por este tópico. Isto é inevitável.

À medida que a comunidade internacional continuar a se concentrar na construção de mecanismos e instrumentos de governança global, o dilema da "superpopulação planetária" reaparecerá como uma questão vital. Isto já está acontecendo, porém acredito que mais atenção será dada ao "problema" de "gente demais" em um futuro não tão distante. Isto é especialmente o caso agora que as economias nacionais estão experimentando retrações e o mundo ocidental adota uma cosmovisão socialista. Afinal, controlar a humanidade é o sonho utópico dos progressistas.

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Fonte:https://www.espada.eti.br/fc-6-2012.asp

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