Euronews, 15/05/2022
O Líbano vai este domingo às urnas para eleger o novo Parlamento. O escrutínio ocorre numa altura em que o país atravessa a pior crise financeira das últimas décadas e uma profunda instabilidade económica e política causada pelo aumento galopante do custo de vida e pelo impasse político.
Os apagões elétricos, a hiperinflação e a desvalorização da moeda, que perdeu 90 por cento do valor, estão na mente dos mais de 3,5 milhões de eleitores.
"O Governo, só o Governo... Só se pode culpar o Governo, e a maioria da população, porque os deixamos governar-nos durante muito tempo. Não temos visto nada de positivo da parte deles. Nada. Nenhum desenvolvimento, nenhuma educação, nenhum apoio às crianças. Nada", sublinha o empresário Taha Maassarani.
A jornalista da euronews, Shona Murray, relata:
"É também a primeira vez que os libaneses votam desde a explosão que, há dois anos, devastou o porto de Beirute. Mais de 20 pessoas morreram, milhares ficaram feridos e milhares foram deslocados ou perderam os meios de subsistência. Pessoas, com quem falei, dizem que a falta de uma investigação completa e adequada é típica da inércia do sistema político".
"Perdemos a esperança. Tivemos alguma esperança, há dois anos e ainda não temos as respostas e tivemos outras explosões em 2005 e outras", afirma o comerciante Mark Aref.
O sistema político libanês é bastante complexo. A escolha de um candidato é predeterminada com base na sua religião, o que faz com que seja difícil encontrar consensos.
Aref confessa que, "aquele em quem quero votar não posso votar por causa da minha religião, porque ele não tem a mesma religião que eu".
Uma missão de observadores da União Europeia está no país, desde março, para avaliar a validade do escrutínio.
Nota do editor do blog: a explosão de 2019 foi por conta de um navio cargueiro aportado que explodiu. O navio estava carregado com nitrato de amônia, e pertencia ao Hezbollah, que tipicamente usa essa substância para produzir bombas. A divisão religiosa no Parlamento atrapalha muito a vida política, mas não tanto quanto a influência do Irã através do Hezbollah. No Líbano, o Hezbollah é tanto um partido político, quanto um grupo terrorista. O infortúnio dos libaneses não está em Beirute, mas em Teerã.
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Fonte:https://pt.euronews.com/2022/05/15/libano-elege-parlamento-em-meio-de-crise
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