Euronews, 30/05/2022
UE continua sem acordo sobre o embargo ao petróleo russo
"Acabem com as querelas internas e adotem as sanções", Foi este o teor da mensagem que o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky dirigiu aos líderes da UE, por videoconferência no primeiro dia da cimeira extraordinária, em Bruxelas.
Zelenskyy disse: "As querelas na Europa têm de acabar (...), a Europa deve mostrar a sua força, porque a Rússia só entende o argumento da força",
Palavras a propósito da dificuldade que os 27 têm mostrado para se entenderem sobre o embargo petrolífero contra a Rússia.
Após quase um mês de intensos debates, a proposta que está sob a mesa é um embargo parcial, mas há quem não veja nela uma diluição das sanções.
Mark Rutte, o primeiro-ministro dos Países Baixos, disse aos jornalistas: "Não creio que estejamos a diluir. Se estivéssemos de acordo, esperemos que hoje ou amanhã, se não espero que seja esta semana ou no início da próxima, então isto abrangeria cerca de 2/3 das exportações de petróleo da Rússia. E porque a Alemanha e a Polónia anunciaram que querem acelerar o seu afastamento da dependência do petróleo russo, isso levaria potencialmente a uma eficácia de 90% do embargo petrolífero. Isso é enorme".
O otimismo reinava no início da reunião, mas a proposta pode nem sequer ser aprovada nos próximos dias.
EU struggle to resolve Russian oil ban proposal differences https://t.co/JupfRggtwC
— BBC News (World) (@BBCWorld) May 30, 2022
O que está a ser discutido é proibir o petróleo entregue por navios, que representa 2/3 das importações, até ao final do ano, e permitir o trânsito através do oleoduto de Druzhba, cujo ramo norte serve a Alemanha, Áustria e Polónia, e o ramo sul a Hungria, a Chéquia e a Eslováquia.
Mas o primeiro-ministro húngaro, Viktor Orban, continua a pedir garantias e a fazer exigências.
"É uma boa abordagem, mas precisamos de uma garantia de que, em caso de acidente com o oleoduto que atravessa a Ucrânia, teremos de ter o direito de obter o petróleo russo de outras fontes. Se o obtivermos, está bem", disse à entrada para a reunião.
A Hungria, um país sem litoral, depende do oleoduto de Druzhba para 65% do seu consumo de petróleo. Tinha-se oposto à proposta inicial de embargo, a menos que lhe tivessem sido concedidos pelo menos quatro anos e cerca de 800 milhões de euros de financiamento europeu para adaptar as suas refinarias.
Agora, Viktor Orban quer garantias de poder receber o petróleo russo mesmo que o oleoduto, que atravessa território da Ucrânia, seja afetado.
After blocking the EU's sanctions package for weeks, Hungary's Viktor Orbán demands further exemptions from a Russia's oil ban in case his country's pipeline supplies are disrupted.
— POLITICOEurope (@POLITICOEurope) May 30, 2022
“If we get it, it’s fine” the Prime Minister said. https://t.co/jolNkw9QPN
Há alguns estados membros preocupados que esta solução possa significar uma distorção da concorrência porque alguns países beneficiariam da compra de petróleo russo mais barato.
Mas a UE está sob pressão e precisa de um acordo para manter a credibilidade sobre as sanções contra a Rússia.
A maioria dos países acredita que é preciso reduzir a capacidade da Rússia financiar a guerra.
O Alto representante da União Europeia, Josep Borrell, mostra-se confiante: "Estou certo de que seremos capazes de procurar uma abordagem pragmática, a fim de avançar rapidamente na proibição da importação de petróleo da Rússia. Temos de parar o financiamento da máquina de guerra russa".
É necessária unanimidade para a adopção de sanções.
Segundo um diplomata, um acordo sobre um embargo progressivo limitado ao petróleo transportado por navio (ou seja, 2/3 das compras europeias de petróleo russo) poderia ser formalmente endossado "provavelmente esta semana" após a luz verde política dos líderes.
Berlim e Varsóvia também se comprometeram a parar as suas importações via Druzhba, mesmo que não sejam forçados a fazê-lo, de acordo com fontes europeias. No total, 90% das exportações de petróleo russo para a UE seriam afetadas.
Para Moscovo, no entanto, é mais fácil encontrar outros compradores para as suas exportações por petroleiro do que por oleoduto.
O novo pacote de sanções, que está em negociação há um mês, inclui também uma expansão da lista negra da UE para cerca de 60 pessoas, incluindo o chefe da Igreja Ortodoxa Russa, o Patriarca Kirill.
No segundo dia da cimeira, os líderes deverão abordar também a insegurança alimentar e a forma de retirar da Ucrânia os cereais bloqueados, assim como a transformação energética europeia para acabar de vez com a dependência da Rússia.
Gazprom corta gás aos Países Baixos
A Gazprom prepara-se para cortar o fornecimento de gás aos Países Baixos nesta terça-feira. O país recusa-se a aceitar a exigências do Kremlin de pagar em rublos e a Rússia fecha a torneira.Numa declaração, o fornecedor público dos Países Baixos GASTERRA explicou que o pagamento em rublos corre o risco de violar as sanções impostas pela União Europeia. O corte vai afetar um contrato válido até outubro no valor de 2 mil milhões de metros cúbicos de gás.
O cenário repete-se em relação à empresa de gás Orsted da Dinamarca. O prazo para pagar em rublos termina na terça-feira e o conselho de administração já deixou claro que pretende continuar a pagar em euros. O contrato com a Gazprom garante a maior parte do gás consumido na Dinamarca.
A verificar-se este corte, Dinamarca e os Países Baixos ficam na mesma situação da Polónia, Bulgária e Finlândia que já viram o abastecimento da Gazprom cortado, por recusa no pagamento em rublos. Com a imposição das primeiras sanções, devido à invasão da Ucrânia, Vladimir Putin ordenou que os pagamentos do gás fossem feitos em rublos para reforçar o sistema financeiro russo.
BREAKING:
— Visegrád 24 (@visegrad24) May 30, 2022
Russia has announced that it will stop supplying Netherlands with gas starting tomorrow after the Dutch state-controlled gas company GasTerra decided to follow the government’s advice and refused to pay for gas in rubles.
Netherlands joins the club with 🇩🇰🇫🇮🇵🇱🇧🇬 pic.twitter.com/6uOoKZsMmd
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