Euronews, 10/05/2022
Quase quatro décadas depois de o ditador Ferdinand Marcos ter sido deposto, foi a vez de, esta segunda-feira, Ferdinand Marcos Jr. voltar a colocar o nome de família nos comandos das Filipinas. Com mais de 90% dos votos contados, Ferdinand Marcos - o filho - deixava para trás o candidato em segundo lugar, Leni Robredo, com mais do dobro do número de votos e a maior margem de vitória desde que o pai deixou o poder.
Na vice-liderança fica outro nome conhecido: sai da presidência Rodrigo Duterte, entra para número dois a filha, Sara Duterte.
Aos milhões de eleitores agora em festa parece não ter pesado as contas com o passado. Sobre o presidente demissionário pende uma investigação do Tribunal Penal Internacional (TPI) a alegados crimes de guerra cometidos no combate ao narcotráfico. Durante o seu mandato, Duterte recusou, no entanto, a entrada dos investigadores no país. As Filipinas abandonaram o TPI em 2018.
Mas foi o apoio da família Duterte que contribuiu de forma definitiva para o regresso à ribalta política dos Marcos, um clã forçado a alguns anos de exílio, após se acusado de desvio de milhões dos cofres do Estado para sustentar uma vida de luxo, quando o país passava sérias dificuldades económicas.
O resultado das eleições, apesar de evidente, ainda não foi totalmente apurado. Após uma campanha a que os críticos apontam a falta de comparência do atual vencedor nos debates e a veiculação de desinformação nas redes sociais, Ferdinand Marcos Jr prepara-se para assumir um mandato seis anos à frente das Filipinas.
Nota do editor do blog: Ferdinando Jr assumi o poder, mas não sem surpresas, que no caso é a ajuda da filha de Duterte, sua vice, e do próprio Duterte. Rodrigo Duterte foi eleito em 2016, o sistema de votação na época era Smartmartic, e aparentemente se manteve (mas não sem incidentes). Não que o povo filipino não queira votar por malucos, mas é um fato que se quiser, a classe política filipina pode se perpetuar no poder. No caso de Duterte, o maior temor seria que ele cedesse a China em quase todas as suas exigências geopolíticas, mas na reta final de seu mandato, Duterte parece ter se afastado, de modo a incomodar grandemente Pequim. Duterte é um socialista, e seu mentor é José Maria Sison, um maoísta que fundou o Novo Exército do Povo, uma milícia filipina maoísta, que atua contra as autoridades do país desde os tempos do pai de Ferndinand Jr. Essa milícia até tentou negociar com Duterte, mas após um incidente com terroristas islâmicos nos rincões do país, no qual Duterte declarou lei marcial – o que impôs medo nos comunistas que estavam acordados com ele, e os levou a pegar em armas – eles voltaram atrás. Então o que temos agora? Será que Ferdinando será como Duterte, e se afastará da China, ou vai tentar um meio termo? Embora o passado do pai não possa ser imputado ao filho, é sempre bom lembrar que Ferdinando, apesar de anticomunista, era um ditador. Ah! E maçom.
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