Euronews, 19/05/2022
Por Gregoire Lory
Na Bélgica, os agricultores e criadores de animais estão inquietos por causa da primavera seca e dos níveis de precipitação que, dizem, podem não ser suficientes.
Jean-Luc Dewez gere uma exploração agrícola de 66 hectares perto de Namur, onde produz cereais e beterraba açucareira. Queixa-se que o solo está seco, devido à falta de chuva e ao vento de nordeste que tem soprado nas últimas semanas. Nesta fase, faz contas à vida.
"Se não chover até ao início de junho, podemos ter um problema. De verdade. Ao nível de todas as culturas e da produção", sublinhou Jean-Luc Dewez, agricultor.
Em solos secos, os fertilizantes não penetram com facilidade. Sem água e fertilizantes, a produção provavelmente será menor, acrescentou Laurent Gomand, proprietário de uma exploração vizinha.
Esta seca é um golpe duplo para o criador de animais e agricultor porque, sem produção de forragem, provavelmente terá dificuldades em alimentar 250 vacas e 600 cabras.
"Os primeiros cortes de ervas na primavera foram muito baixos. Metade do que colhemos no ano passado. Então já estamos a encolher os stocks, que são menores para alimentar os animais no inverno. Isso significa que vamos ter de comprar matérias-primas que são, obviamente, muito caras, porque a situação económica, o contexto geopolítico é tal que tudo o que compramos, tudo o que temos para comprar, é muito caro", lembrou Laurent Gomand.
Para o mundo agrícola ainda é cedo para se falar de uma catástrofe, mas a conjuntura atual, com a guerra na Ucrânia, trouxe custos adicionais para o setor.
"Os fertilizantes são extremamente caros e em épocas de seca são menos eficazes. Ainda que gostássemos de de ter um período em que essa eficiência aumentasse, é o contrário devido à seca. Se tivermos que complementar a alimentação do gado amanhã, também pode ser extremamente caro", ressalvou José Renard, secretário-geral da Federação de Agricultura da Valónia.
A Bélgica não é o único país da Europa afetado pelo fenómeno da seca.
França, por exemplo, deverá ter o mês de maio mais quente alguma vez registado. Tudo aponta para um verão escaldante.
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