Putin à esquerda, Órban no centro, e Zelensky à direita |
Euronews, 15/03/2022
Viktor Órban quer a Hungria fora da guerra na Ucrânia
O feriado nacional da Hungria foi festejado a preceito esta terça-feira, com milhares de pessoas a exibirem as cores do país nas ruas de Budapeste. A principal atração foi o discurso de Viktor Órban, em plena campanha eleitoral à procura de um quarto mandato consecutivo na liderança do governo.
Entre críticas à oposição, o primeiro-ministro húngaro também falou da Ucrânia. Disse que não tinham "nada a ganhar mas tudo a perder com esta guerra", realçando a importância de ficar de fora, uma vez que "nenhum húngaro podia ser apanhado entre a bigorna ucraniana e o martelo russo".
O motivo da mobilização, no entanto, não foi a invasão russa da Ucrânia. O feriado nacional deste ano foi mais virado para a política do que é habitual. A três semanas das eleições gerais, todos os partidos quiseram mostrar que têm uma enorme base de apoio.
Na margem oposta do Danúbio juntou-se a maior força da oposição, uma coligação de seis partidos liderada por Péter Márki-Zay, que desvalorizou o favoritismo de Órban nas sondagens.
Disse que essas notícias não o incomodavam uma vez que pertencia à classe de "políticos que nunca vencia sondagens", e destacou que também "nunca tinha perdido umas eleições a sério".
As eleições na Hungria estão marcadas para 3 de abril. Pela primeira vez desde que chegou ao poder, em 2010, Viktor Órban vê a liderança ameaçada devido à união entre as principais forças da oposição.
Ucrânia já não sonha com a OTAN
O sonho de entrar na NATO não se irá tornar realidade para a Ucrânia. Durante uma conferência virtual com a Joint Expeditionary Force, uma aliança militar internacional liderada pelo Reino Unido, Volodymyr Zelenskyy reconheceu que as portas da Organização do Tratado do Atlântico Norte se fecharam para o seu país:
"É claro que a Ucrânia não é membro da NATO. Percebemos isso, somos pessoas sensatas. Durante anos ouvimos dizer que as portas estavam abertas, mas já ouvimos dizer que não podemos entrar. Esta é a realidade e temos de a admitir. Estou satisfeito por ver que o nosso povo já o começou a compreender e a contar apenas consigo e com os parceiros que nos dão ajuda."
Esta terça-feira, o líder ucraniano criticou duramente a NATO por não impor uma zona de exclusão aérea e disse que a organização nunca tinha estado tão fraca como agora e que se fosse um Estado-membro a ser atacado a postura seria a mesma com medo de uma terceira Guerra Mundial.
Em Nova Iorque, a Rússia afirmou duvidar da capacidade da ONU para mediar as partes uma vez que já tinha escolhido de que lado estava. Vassily Nebenzia, embaixador russo na organização, surpreendeu, no entanto, ao pedir ajuda humanitária:
"Veremos se o Conselho de Segurança pode ou não adotar uma resolução que permita o estabelecimento de uma missão humanitária na Ucrânia, com pressupostos humanitários claros, como negociações de cessar-fogo, retirada de civis, respeito das leis internacionais e dos direitos humanos, condenação de ataques contra civis, passagem segura e ilimitada para assistência humanitária, etc."
Ainda assim, Nebenzia não deixou de sublinhar que esperava que essa resolução não servisse para "culpar e envergonhar" a Rússia. O diplomata negou ainda qualquer responsabilidade russa na morte de um jornalista norte-americano em Irpin, destacando que a cidade é controlada pelas tropas ucranianas.
Arménia acolhe cidadãos e empresas russas
A invasão da Ucrânia e as sanções à Rússia daí resultantes levaram milhares de russos a mudar-se para a Arménia. Chegam a Yerevan diariamente mais de trinta voos provenientes de território russo, com a capital arménia a ser escolhida pelas relações amigáveis entre os dois países e pelo número de pessoas que fala russo no país, mas também pela falta de escolhas para quem está na Rússia.
Muitos chegaram sem planos para o futuro. É o caso desta russa que falou com a Euronews Arménia e que preferiu não divulgar o nome:
"As fronteiras fecharam repentinamente e não sabíamos para onde ir. A Arménia foi a melhor solução, estamos aqui há uma semana. A cotação do rublo está horrível e tivemos dificuldades financeiras. É difícil fazer planos, talvez amanhã haja um ataque e tudo chegue ao fim. Não está nada claro."
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